José Ronaldo Rocha: 'Funcionamento pleno do 5G aos usuários deve levar tempo'

5G: mudanças e benefícios serão graduais.

ey-jose-rochaJosé Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder em consultoria para Tecnologia. (Foto: Divulgação)

Após meses de espera por parte de empresas e usuários e atrasos no cronograma original, a quinta geração de rede de internet móvel, o 5G, começa a tornar-se realidade no país. O avanço mais recente ocorreu na quinta-feira (4) com a ativação do sinal na cidade de São Paulo (SP). Capitais como Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB) já contam com a novidade desde o dia 29 de julho. A primeira cidade beneficiada foi Brasília, em 6 de julho.  

Apesar da ansiedade natural com os benefícios que devem ser proporcionados com a nova tecnologia nos mais diversos setores da economia e da sociedade, as mudanças, porém, devem ser graduais até o funcionamento pleno do 5G. Mesmo nas cidades que já estão com o sinal liberado e com as antenas em processo de instalação.  

Em São Paulo, por exemplo, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a maior concentração de antenas, neste primeiro momento, ocorre no Centro Histórico (Centro Velho), na região da Avenida Paulista e no Itaim Bibi, na zona sul. Já os bairros da Aclimação, da Mooca e do Brás, por exemplo, terão cobertura menor no início do processo. 

“O lançamento dos sinais de 5G é o início de uma fase relevante do processo de implantação dessa nova tecnologia. Essa jornada é longa, mas esse primeiro passo é fundamental para iniciar a geração de oferta e demanda na economia, identificar eventuais pontos de ajustes em todas as esferas e começar a construção do ecossistema para utilização plena do 5G”, explica José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder em consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT) para América do Sul. 

Segundo Rocha, como ocorre em qualquer implantação tecnológica, o 5G demandará tempo para chegar à sua maturidade. Mesmo com a implantação iniciada em algumas capitais, os usuários ainda terão seu sinal variando entre 4G e 5G, visto que, durante o trânsito, poderá entrar em áreas que ainda não são atendidas pela nova tecnologia.  

“Os handsets habilitados para o 5G estão no mercado. São cerca de 71 aparelhos homologados pela Anatel. Porém, a sua utilização ainda ficará concentrada aos usuários na região abastecida pela tecnologia e que possuem aparelhos habilitados. Esse cenário permanecerá durante o processo de aumento da cobertura por parte das operadoras”, explica Rocha. 

O prazo para que todas as capitais recebam a nova tecnologia vai até setembro deste ano, após prorrogação feita pelo governo federal. Após esse período, de forma gradual, o 5G vai chegar a todos os municípios brasileiros, até o fim de 2029. A instalação vai começar pelas cidades maiores até os pequenos distritos.  

“A definição do cronograma considera uma série de aspectos, sendo a complexidade regulatória para instalação e adequação da infraestrutura um dos fatores relevantes”, diz José Rocha. “O cronograma é para uma implantação acelerada, sendo que pequenos atrasos podem ocorrer ao longo do processo, mas nada que comprometa os planos futuros de desenvolvimento do potencial que o 5G permite”, completa o consultor da EY. A nova tecnologia promete uma revolução nas mais diversas áreas do conhecimento e no cotidiano das pessoas. 

No mês passado, foi sancionada a Lei 14.424/22, que autoriza a instalação automática da infraestrutura de telecomunicações em áreas urbanas quando o órgão público competente (prefeituras ou governos estaduais) não cumprir o prazo para o licenciamento. A lei, que complementa a Lei Geral de Antenas (Lei 13.116/2015), garante maior rapidez no processo de implantação do 5G e o desenvolvimento do ecossistema de Internet das Coisas (IoT) no país.  

A Lei Geral de Antenas regula as normas para a instalação da infraestrutura de telecomunicações. Pedidos de instalação de antenas, por exemplo, devem ser analisados pelo Poder Público em, no máximo, 60 dias, a partir da apresentação do requerimento pela empresa para a instalação. 

Com a nova lei aprovada em julho, a empresa pode fazer a instalação caso esse prazo seja ultrapassado sem uma posição do órgão municipal. Para isso, o projeto deve estar em conformidade com as condições técnicas estipuladas no requerimento de licença e demais regras previstas em leis e normas municipais, estaduais, distritais e federais pertinentes. O 5G exige um número maior de antenas do que as gerações mais antigas de internet móvel. 

As empresas de telecomunicações já estão adaptando a sua infraestrutura para a nova tecnologia, que exige pelo menos o dobro de antenas para transmissão do sinal 5G. A TIM está instalando pequenas antenas camufladas em bancas de jornais, pontos de ônibus, postes e sinais de trânsito. A solução se chama Street Level Solution (SLS) e foi desenvolvida para ser aplicada em lugares com grande tráfego de dados e incrementar a qualidade da cobertura do 5G.