Altas temperaturas e falta de chuva preocupam safra da soja

O atraso do plantio de soja em Mato Grosso, devido ao clima irregular, tem levado produtores a desistirem do milho segunda safra.

IMG_4987Safra de grãos segue em andamento nas principais áreas produtoras do Brasil. (Foto: Divulgação)

Apesar das interferências climáticas em diversas regiões do Brasil, a safra de grãos segue em andamento nas principais áreas produtoras do Brasil. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio de soja no estado, apesar de estar 10% atrasado em relação à safra passada, já passou de 91%, com avanço de 8,5% na primeira quinzena de novembro.

O fundador e consultor de mercado Alberto Pessina abordou diversos pontos relacionados à agricultura e commodities como soja, milho e carne bovina, e às influências do "El Niño”. A falta de precipitações nas regiões Norte e Centro-oeste tem preocupado os produtores.

“No Brasil, 48,4% das áreas já estão plantadas contra 57,5% da safra 22/23. Menor intensidade e irregularidade nas chuvas, além das altas temperaturas nas regiões Centro-Oeste e Norte têm gerado perdas significativas na semeadura da soja. Em Mato Grosso foram observadas altas parcelas de replantio devido a altas temperaturas e pouca chuva. Este quadro pode refletir no milho segunda safra. Algumas áreas já estão com a janela para plantio de algodão comprometidas em outras a da safrinha de milho”, afirma Alberto Pessina, Fundador da Agromove.

O atraso do plantio de soja em Mato Grosso, devido ao clima irregular, tem levado produtores a desistirem do milho segunda safra. O Imea já estima queda de quase 4% em relação à safra anterior.

“A primeira safra do grão apresentou redução em área e produtividade, agora com o fator climático reduzindo a janela de semeadura, certamente esse cenário deve piorar na 2ª safra do milho”, alerta Pessina. Já no Sul do Brasil o excesso de chuva tem prejudicado a produção local. “É difícil fazer uma previsão, mas já é possível observar que essas precipitações têm prejudicado a semeadura em estados do Sul do Brasil", conceitua.

Em relação à carne bovina, o relatório do IBGE confirma a projeção da consultoria Agromove, com produção maior no 3° semestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Segundo as projeções da consultoria, em outubro já há um aumento na oferta de animais em relação a setembro devido a condição de melhora nos preços. As exportações continuam em ritmo lento em relação a 2022, prejudicando uma recuperação mais forte das cotações. A expectativa está em um novo ciclo pecuário que deve trazer fôlego ao pecuarista no próximo ano.

O analista prevê um ciclo pecuário que deve trazer fôlego ao pecuarista em 2024. "Estamos prevendo um estágio de recuperação, ou seja os preços no mercado devem subir levemente nos primeiros seis meses do ano que vem. A nossa leitura do mercado é que a oferta segue elevada em 2024, mas a produção já deve começar a desacelerar. As exportações devem se manter no mesmo ritmo, e o consumo interno deve permanecer forte. Com a queda da reposição e dos custos em 2023, o cenário futuro deve melhorar para o produtor", finaliza Pessina.