Agrotechs impulsionam inovação no maior setor econômico do País

Só no primeiro trimestre, startups captaram R$ 54,7 milhões em investimentos.

Rafaela ParraRafaela Parra, sócia e head da área Ambiental do Araúz Advogados (Foto: Divulgação)

As startups entram de vez no mundo agrícola em 2022 e trazem importantes discussões legais sobre o uso de drones, maquinário autônomo, criptomoedas e Inteligência Artificial. Pelo tamanho do setor e o protagonismo do agronegócio na economia brasileira, não faltam oportunidades para suprir a demanda de novas soluções tecnológicas para a agriculta nacional.

O relatório Distrito Agtech Report 2022 revela que até 2017 o setor tinha poucos deals e baixo volume de investimentos. Desde então, o volume aportado em soluções tecnológicas para o agronegócio tem disparado, com o ano de 2021 sendo o mais importante da série histórica – com 34 deals e 109,2 milhões em aporte – e 2022 alcançando mais da metade desse valor apenas no primeiro trimestre.

Para Rafaela Parra, sócia e head da área Ambiental do Araúz Advogados, o aumento está atrelado ao próprio crescimento do agro e a alta nas exportações, além da demanda por funding privado e a complexidade dos novos negócios jurídicos nas fases do antes, durante e depois da porteira no comércio de commodities.

“O desafio de aumentar produtividade, atrelado a uma maior consciência de uso adequado dos recursos naturais, fez a tecnologia se aproximar da produção agropecuária que, desde a Revolução Verde nas décadas de 60 e 70, foi mecanizada”, explica a advogada. Ano após ano, o setor é agregado de novos mecanismos de precisão, sustentabilidade e novas fontes de aproveitamento de recursos, visando o aumento do lucro e uma produção qualitativa.

Para acelerar o redirecionamento de investimentos a projetos sustentáveis, políticas públicas e privadas caminham em busca de soluções. “As demandas do setor continuam crescentes, não só em relação à necessidade de modernização de máquinas e equipamentos, mas, também, no que toca aos novos arranjos de financiamento da atividade, como é o caso dos títulos verdes e instrumentos do Fiagro, por exemplo e à imagem do setor, com ascensão de uma agenda ESG” afirma Parra.

Governança corporativa, cadeia de suprimentos, coleta de dados, soluções sob medida para culturas agropecuárias, monitoramento climático, teste de solo, market place de grãos e insumos, processos de automação, pulverização, além de financiamento da atividade são outras soluções ofertadas por agrotechs brasileiras. O objetivo? Aprimorar técnicas agrárias sem comprometer os recursos naturais, gerando valor e competitividade por meio de práticas de monitoramento e atenuação de riscos para negócios no campo.

Segurança jurídica é fundamental para investidores

Dedicada ao agronegócio, Rafaela Parra relata já receber demandas jurídicas de agrotechs. Formalização da estruturação societária, contrato social, avaliação de risco do negócio, elaboração de minutas de contratos, avaliação de compliance socioambiental, estão entre as demandas mais recorrentes recebidas pelo escritório.

Para ela, a formalização de importantes políticas públicas, como a Lei da Liberdade Econômica (13.874/19), a Lei do Agro (13.986/20) e o Fiagro (14.130/21) trazem segurança jurídica às operações e aumentam o ambiente de disrupção para novas ferramentas e soluções trazidas pelas agrotechs.

“Além disso, com a publicação do Marco Legal das Startups (Lei Complementar nº 182/21) e as regras específicas para novos modelos de negócios, as agrotechs passaram a ter tratamento societário simplificado, regras tributárias específicas e maior segurança no âmbito trabalhista”, explica.

 

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