Claudia Sender, B20: 'Devemos criar um ambiente onde a integridade seja recompensada e a corrupção vista como não lucrativa'
Força-tarefa do grupo entregou recomendações à liderança do G20 para influenciar decisões. Segundo o Fórum Econômico Mundial, a corrupção pode custar US$ 3,5 trilhões por ano.
Claudia Sender, chair da Task Force B20 Brasil de Integridade e Compliance. (Foto: Agência CNI)
Reduzir a corrupção e promover ambientes inclusivos, ambientalmente responsáveis e éticos são passos fundamentais para uma estrutura corporativa eficiente e plural. Para colocar em prática medidas de integridade e compliance, uma das forças-tarefas temáticas do B20 Brasil elaborou recomendações para influenciar as discussões do G20. Para o setor privado, a união com setor público, organizações internacionais, universidades e ONGs é urgente. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, a corrupção pode custar à economia global mais de US$ 3,5 trilhões por ano.
A força-tarefa de Integridade e Compliance do B20 Brasil é coordenada por Claudia Sender, conselheira de empresas. O tema discutido por executivos dos países membros do G20 evoluiu de uma agenda exclusivamente anticorrupção e antitruste para uma perspectiva alinhada a princípios ambientais e sociais; a adoção de tecnologias; combate ao assédio e discriminação; tornar as empresas mais resistentes; adaptar as organizações a desafios imprevistos; e manter a preparação para lidar com emergências.
As três recomendações da força-tarefa foram entregues à liderança do G20 Brasil, representada este ano pelo governo brasileiro, e fazem parte de um documento mais abrangente do B20 – o Communiqué. Esse documento contém 24 recomendações e propostas de políticas públicas desenvolvidas no âmbito do B20 Brasil. Neste ano, as propostas do B20, elaboradas pelas oito forças-tarefas do grupo de engajamento do setor privado, foram apresentadas antecipadamente para sensibilizar os líderes globais antes da Cúpula do G20, que será realizada em novembro no Rio de Janeiro (RJ).
Corrupção impacta a economia e a sociedade
Para o B20 Brasil, o impacto negativo da corrupção na economia e na sociedade é inegável. Uma pesquisa da organização anticorrupção Transparência Internacional aponta que o combate à corrupção pode aumentar em 20% a segurança alimentar, por exemplo.
A força-tarefa tem como pilar de ação fundamental incentivar a adoção de medidas de integridade e anticorrupção no setor privado, fortalecendo a governança responsável e sustentável.
“A aplicação da lei, por si só, não pode criar o ambiente ético de negócios que aspiramos. Para fazer isso, devemos criar um ambiente onde a integridade seja recompensada e a corrupção seja vista não apenas como ilegal, mas fundamentalmente não lucrativa”, afirma a chair Claudia Sender.
A integridade, a transparência e um local de trabalho justo e seguro são essenciais para os setores público e privado, inclusive para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Para avançar as metas prioritárias estabelecidas pelo G20 Brasil e apoiar as empresas na jornada rumo à governança corporativa responsável, o B20 enfatiza que, ao adotar práticas de compliance e integridade, o mundo pode, além de mitigar riscos, promover o crescimento inclusivo e contribuir para um futuro mais justo e sustentável.
Além disso, integridade e conformidade podem ajudar a aumentar a produtividade, promovendo um ambiente de trabalho seguro e inclusivo, o que inclui prevenir e combater a discriminação e o assédio no local de trabalho. “Essas medidas fundamentais são essenciais para reforçar a governança e contribuir para o crescimento econômico que não deixa ninguém para trás”, destaca Claudia Sender.
Todas as recomendações e ações de políticas públicas do B20 Brasil podem ser lidas no Communiqué, na íntegra. As propostas do B20 também serão debatidas durante o B20 Summit Brasil, nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo.
O B20 Brasil
O B20 (Business 20, da sigla em inglês) é o braço empresarial do G20 no Brasil, coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse é o principal fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, mobilizando mais de 1,2 mil representantes do setor privado dos países membros.
A edição brasileira reúne sete forças-tarefas e um conselho de ação. Os grupos são formados por empresários do Brasil e dos outros países, membros do G20, que debatem, desde o início do ano, propostas de temas urgente e importantes como Comércio e Investimento, Finanças e Infraestrutura, Emprego e Educação, Transição Energética e Clima, Transformação Digital, Integridade e Compliance, Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura, além do Conselho de ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios.