Henrique Meirelles quer reforma administrativa e alerta para desafios fiscais no Brasil Summit
Com ênfase em reforma administrativa, ajuste fiscal e inovação, Henrique Meirelles destacou que o Brasil precisa agir com planejamento e responsabilidade para manter o crescimento econômico e garantir um ambiente favorável para investimentos.
O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, participou do Brasil Summit, realizado nesta quarta-feira (12), em Brasília, pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais e pelo Correio Braziliense. Em sua participação, Meirelles destacou o impacto positivo das reformas econômicas já implementadas, mas enfatizou que o Brasil precisa avançar na modernização do setor público para garantir um crescimento sustentável.
“Reformas impulsionaram a economia, mas agora é essencial avançar no setor público”
Meirelles ressaltou que o crescimento do PIB em 2023, de 3,4%, foi impulsionado não apenas pelo aumento do consumo, mas também pelos efeitos de reformas estruturais realizadas nos últimos anos, como a reforma trabalhista e a modernização do setor financeiro.
"Essas reformas aumentaram a produtividade do país. No entanto, para que o crescimento seja sustentável, precisamos seguir com mudanças no setor público", afirmou.
Ele defendeu que o Brasil avance na reforma administrativa, reduzindo gastos desnecessários, eliminando privilégios e tornando a gestão pública mais eficiente. Segundo ele, uma reestruturação bem planejada poderia gerar economia de dezenas de bilhões de reais, aliviando a pressão sobre as contas públicas.
Política monetária e desafios fiscais
O ex-ministro também chamou atenção para a necessidade de alinhamento entre política fiscal e monetária. Segundo ele, enquanto o Banco Central adota uma política monetária contracionista para conter a inflação, o governo mantém uma política fiscal expansionista, o que dificulta a queda das taxas de juros.
"Quando política fiscal e política monetária caminham na mesma direção, os juros caem naturalmente. No entanto, com o atual descompasso, o equilíbrio ocorre com uma taxa de juros mais alta, prejudicando investimentos e o setor produtivo", explicou.
Meirelles alertou que a inflação acima do esperado em fevereiro reforça a necessidade de uma política fiscal mais rigorosa, evitando pressões inflacionárias que possam exigir novas altas de juros no futuro.
Henrique Meirelles quer reforma administrativa e alerta para desafios fiscais. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Brasil precisa de pragmatismo diante do cenário global
Ao analisar o cenário internacional, Meirelles destacou as mudanças na economia dos Estados Unidos, onde o atual governo tem adotado políticas protecionistas para reindustrializar o país. Segundo ele, isso pode afetar diretamente o Brasil, especialmente no comércio de aço e outros setores exportadores.
Diante desse cenário, ele defendeu que o país adote uma postura pragmática e estratégica nas relações comerciais, diversificando parceiros e buscando acordos bilaterais que garantam maior competitividade à economia brasileira.
"O Brasil precisa priorizar sua agenda interna e fortalecer sua posição no cenário global, sem depender de mudanças externas para resolver seus próprios desafios", afirmou.
Transformação digital e impacto na economia
Meirelles também destacou o papel da inovação e digitalização na produtividade da economia. Ele citou o sucesso do PIX, utilizado por quase 100 milhões de brasileiros, como um exemplo de modernização que reduziu custos e aumentou a eficiência das transações financeiras.
Ele reforçou que o avanço da tecnologia, se bem aproveitado, pode desburocratizar a economia e tornar o setor produtivo mais competitivo.
Crescimento sustentável depende de reformas e planejamento
Encerrando sua participação, Meirelles reforçou que o Brasil já avançou significativamente com as reformas aprovadas nos últimos anos, mas que o foco agora deve estar na modernização do setor público e no equilíbrio fiscal.
"Temos uma base econômica mais forte do que no passado, mas precisamos continuar as reformas para garantir crescimento de longo prazo e estabilidade fiscal", concluiu.
O Brasil Summit tem patrocínio do Banco BRB, da CNT e da Febraban; e apoio da TecnoBank e Grupo Paulo Octávio. Os parceiros de mídia são TV LIDE, TV Brasília, cb.dooh, Clube FM 105.5 e Revista LIDE. Os fornecedores oficiais do evento são Natural One e Brasília Palace.