'Mudança climática impacta na discussão de financiamento global’, alerta Izabella Teixeira, copresidente do International Resource Panel da ONU
O olhar prático e emergencial para as mudanças climáticas foi debatido por Izabella Teixeira e Helder Barbalho, governador do Pará, durante o primeiro dia do LIDE Brazil Conference, em Londres, realizado pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais.
Izabella Teixeira, copresidente do International Resource Panel (ONU), abriu o segundo painel da conferência do LIDE, em Londres. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
A pauta ambiental ganhou destaque na pauta do LIDE Brazil Conference, realizado pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais, que ocorreu nesta quinta-feira (20), em Londres. O alerta para as emergências climáticas a curto e a longo prazos, assim como o impacto ao sistema financeiro mundial e as ações que devem ser tomadas por governos, iniciativa privada e sociedade, foram pontos de destaque na fala da copresidente do International Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira.
Em seu discurso, a ex-ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil nos governos de Lula e Dilma, explicou que as soluções ligadas a natureza são saídas vistas por especialistas para lidar com crises que dominam o século XXI, como a climática, de biodiversidade e poluição.
“Além da visão de longo prazo, tem a visão de curto, que é viver e conviver com extremos climáticos e lidar com as tensões, que são aqueles que serão excluídos, o que vão se adaptar e outros que vão emergir como indústrias robustas”
Izabella Teixeira, copresidente do International Resource Panel (ONU) e ex-ministra do Meio Ambiente, falou do papel da Amazônia para o desenvolvimento econômico. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
De acordo com a Izabella Teixeira, o reflexo na economia deve ser lidado de forma completa pelos atores sociais e governamentais, colocando em questionamento como a mudança é importante e como vão influenciar o futuro.
“Como vamos mudar o processo regulatório do Brasil e quais são os modelos de regulação?” Nesta linha, ela explica que o tema já é pautado também na parte de financiamento global e como isso impacta os bancos nacionais e regionais de desenvolvimento. “Vejam a distância do que está ocorrendo no mundo daqueles que tem que tomar a decisão”, analisa.
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Atitudes parceiras
O governador do Pará, Helder Barabalho falou sobre o estado ter garantido o primeiro lugar no ranking de redução do desmatamento. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
Governador de um dos estados que mais emitem CO2 no Brasil, Helder Barbalho compartilha dados positivos que mostram a mudança neste cenário - mais alinhados com o desenvolvimento sustentável. De acordo com o chefe do Executivo estadual, apesar do posto não muito satisfatório, o Pará garante o primeiro lugar nacional de região que mais reduziu o desmatamento. Como forma de impulsionar os negócios com viés responsável, o governo foca na bioeconomia e concessões a iniciativa privada de unidades de conservação.
“Dentro do plano de bioeconomia do estado do Pará, construído a partir da escuta aos povos tradicionais, a nossa ancestralidade, apresentamos na última COP, no Egito, o plano estadual que estima, a partir da pesquisa, com 43 tipos de produtos, a alavancagem de 120 bilhões de dólares em negócios. Isso é algo novo no Brasil”, comenta o governador. “Quero destacar o plano de concessão de Unidades de Conservação, que colaremos ao mercado, ainda este ano, três unidades que farão a convocação à iniciativa privada”, complementa.
O plano, citado por Barbalho, tem como objetivo atuar em PPPs e concessões, em torno de 4,2 milhões de hectares de floresta, a fim de incrementar as estratégias de transformar o estado em Net Zero, que somos signatários juntos com o Reino Unido no Race to Zero. “O país estima ser carbono neutro em 20250, o estado do Pará, se propõe a chegar em 2036”.
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Maior concessão da história do Brasil
Cláudio Castro, destaca a grandiosidade conquistada com a CEDAE. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, destaca a grandiosidade conquistada com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE), que tem o posto de maior concessão da história do Brasil, de acordo com o chefe do Executivo carioca. “Além de uma outorga de R$ 25 bilhões de reais, ainda se tornou o maior projeto ambiental do Rio de Janeiro”. Isso porque, o projeto prevê a limpeza total da Baía de Guanabara em até sete anos.
O desenvolvimento sustentável do estado foi outro ponto citado por Castro, que mencionou a retomada do território estadual em abertura de empregos e estímulo para empreendedores, reduzindo os impostos.
“A virada de chave foi entender que o empreendedor é o nosso aliado, ele está aqui para gerar riqueza. Em 2023, 295 mil novos empreendimentos no Rio de Janeiro”, diz. “Muito mais do que isso, entramos de vez na agenda 2030 e criamos uma autoridade pública fez com que todas as ações do orçamento deste ano estejam ligadas a uma ODS da ONU”, reforça.
“O Brasil é um país confiável para investimentos", diz Renato Casagrande, governador do Espírito Santo
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, endossou o desejo de uma imagem positiva do Brasil no exterior, para alavancar os investimentos. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
Para impulsionar os investimentos no Brasil é preciso confiança, e o reforço de uma imagem positiva do país foi afirmada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, durante o seu discurso no primeiro dia do LIDE Brazil Conference, em Londres.
“O Brasil é um país confiável para investimentos", enfatizou, complementando que esse fortalecimento institucional é fundamental para o país conquistar espaço no mundo.
O tema está interligado ao desenvolvimento do estado, localizado no sudeste do Brasil. De acordo com Casagrande, 50% da economia do estado está ligada ao comércio internacional. “Não somos um estado grande em população, mas somos um estado que tem uma eficiência importante que nos coloca em uma posição de destaque”, comenta.
Presidente da Febraban, Isaac Sidney, democracia, estabilidade política e previsibilidade são fontes seguras para não gerar incertezas no futuro do país. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
Para Isaac Sidney, presidente da Febraban, coloca a confiança do mundo quanto ao Brasil em um ambiente ainda de processo. Segundo ele, ainda é preciso diminuir as incertezas e não dar espaço para retrocessos em marcos constitucionais e legais e para isso é preciso de democracia, estabilidade política e previsibilidade. Em sua fala, no entanto, já consegue apontar avanços desde a última conferência que aconteceu em fevereiro em Lisboa, Portugal.
“O anúncio do atual governo e o envio do arcabouço fiscal, mesmo que possamos dizer que esperávamos mais, considero positivo que o governo federal tenha concluído essa etapa”. Sidney vê esse passo como uma bússola para o estado colocar as contas em dia e combinar, portanto, as prioridades sociais e o controle necessário dos gastos públicos, essenciais para se ter uma trajetória de crescimento sustentável.
Muito além dos fatores econômicos
Roberto Santos, presidente do Conselho da CNseg e Presidente da Porto, lembrou da Reforma Tributária, uma discussão pertinente no atual momento. (Foto: Felipe Ferugon / LIDE)
Visto sempre como um dos pontos principais para o crescimento do país, os fatores econômicos, segundo Roberto Santos, presidente do Conselho da CNseg e Presidente da Porto, estão longe de serem os causadores quando algo vai errado, ou seja, quando há pouco ou nenhum crescimento.
“O quadro atual resulta muito mais de outros fatores que comprometem o desenvolvimento de crescimento da economia brasileira”, diz.
Para ele, a mudança deste cenário deve-se a alguns fatores, entre eles, melhoria do sistema tributário. “A necessária reforma tributária em discussão não pode, de forma alguma, pode aumentar a carga tributária do país”, diz. “Negócios estão sendo inviabilizados em nosso país pela elevada carga tributária”, afirma.
Assista ao Special Report, do primeiro dia da Conferência do LIDE em Londres: