Patrícia Ellen: Brasil pode transformar crise climática em motor do crescimento econômico

Com uma visão estratégica sobre energia renovável, inovação tecnológica e diplomacia climática, Patrícia Ellen reforçou que o Brasil tem oportunidade única de alavancar seu crescimento econômico enquanto lidera a agenda global da sustentabilidade.

A cofundadora da Aya Hearth Partners, Patrícia Ellen, participou do Brasil Summit, realizado nesta quarta-feira (12) em Brasília, pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais e pelo Correio Braziliense. Durante sua participação, ela enfatizou que o Brasil tem a chance única de converter os desafios da transição energética e das mudanças climáticas em oportunidades econômicas de alto valor agregado.

"O Brasil pode transformar o desafio climático em oportunidade econômica"

Patrícia Ellen destacou que o Brasil é a única grande nação capaz de unir crescimento econômico e sustentabilidade em larga escala. Segundo ela, o país tem condições de liderar a produção de energia renovável e biocombustíveis sem comprometer a segurança alimentar ou a conservação florestal.

"A guerra geopolítica global gira em torno de três temas: segurança alimentar, energética e climática. O Brasil está posicionado como um dos únicos países capazes de fornecer soluções para essas três áreas ao mesmo tempo", afirmou.

Ela mencionou que a energia representa 70% das emissões dos países do G20 e que, diante desse cenário, as nações precisam diversificar suas fontes energéticas. O Brasil, com sua matriz predominantemente renovável, pode se consolidar como exportador global de soluções sustentáveis.

Biocombustíveis e transição energética como motores do crescimento

Patrícia Ellen ressaltou que o Brasil tem 90 milhões de hectares de terras degradadas, que podem ser aproveitados para expandir a produção de biocombustíveis sem comprometer áreas de floresta ou de produção de alimentos.

WhatsApp Image 2025-03-12 at 11.26.50Patrícia Ellen: Brasil pode transformar crise climática em motor do crescimento econômico. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Ela citou o SAF (Sustainable Aviation Fuel), combustível sustentável para aviação, como uma das maiores oportunidades para o país.

"O Brasil pode alcançar 10% do mercado global de SAF e adicionar até 40 bilhões de dólares ao PIB. O crescimento econômico e a sustentabilidade podem caminhar juntos se soubermos aproveitar essa janela de oportunidade", explicou.

Para isso, no entanto, ela destacou a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), além de modelos eficazes de parcerias público-privadas para impulsionar a inovação tecnológica.

A revolução tecnológica e a agregação de valor na economia brasileira

Outro ponto abordado foi a importância da inovação tecnológica na estratégia de crescimento sustentável. Segundo Patrícia, o Brasil não pode continuar exportando apenas matéria-prima sem agregar valor aos produtos.

"Somos os maiores exportadores de soja, milho, carne e cana-de-açúcar. Mas, se não ampliarmos a complexidade econômica, corremos o risco de nos limitar a vender commodities em vez de liderar cadeias produtivas globais", alertou.

Ela defendeu que o país invista na produção de baterias, células de hidrogênio e biocombustíveis de alta eficiência, tornando-se um ator estratégico nas cadeias produtivas globais de baixo carbono.

COP30 e a diplomacia climática brasileira

Patrícia Ellen também reforçou a importância da COP30 em Belém, onde o Brasil terá a chance de consolidar sua liderança na economia verde.

Ela destacou que, além das negociações climáticas, o evento precisa ser uma plataforma para acordos comerciais e investimentos em setores estratégicos.

"Precisamos chegar à COP30 unidos e preparados para fechar negócios. Esse evento deve ser um marco não apenas para a sustentabilidade, mas também para o crescimento econômico brasileiro", afirmou.

Brasil pode crescer acima de 5% ao ano com a transição energética

Encerrando sua participação, Patrícia Ellen apontou que, se o Brasil souber aproveitar essas oportunidades, o país pode dobrar sua taxa de crescimento e superar 5% ao ano.

"A transição energética não é um custo, mas sim o maior motor de crescimento que temos à nossa disposição. Se fizermos as escolhas certas, podemos transformar o Brasil em uma potência global da economia verde", concluiu.

O Brasil Summit tem patrocínio do Banco BRB, da CNT e da Febraban; e apoio da TecnoBank e Grupo Paulo Octávio. Os parceiros de mídia são TV LIDE, TV Brasília, cb.dooh, Clube FM 105.5 e Revista LIDE. Os fornecedores oficiais do evento são Natural One e Brasília Palace.