Patrícia Iglecias alerta para emergência climática e destaca papel do setor privado na COP30

Com um olhar estratégico sobre segurança jurídica, transição energética e governança climática, Patrícia Iglecias reforçou que o Brasil tem oportunidade única na COP30 para liderar a agenda ambiental global, mas precisa garantir ações concretas e sustentáveis para o futuro do planeta.

A especialista em sustentabilidade e membro do Comitê de Sustentabilidade da Ambipar, Patrícia Iglecias, participou do Brasil Summit, realizado nesta quarta-feira (12) em Brasília, pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais e pelo Correio Braziliense. Em sua participação, ela destacou a urgência da emergência climática, a necessidade de conexão entre setor público, privado e academia e a importância de um legado sólido para a COP30.

“A emergência climática exige ação conjunta do setor público, privado e da academia”

Patrícia Iglecias reforçou que a crise ambiental já é reconhecida globalmente como uma emergência climática, citando que 2024 foi o ano mais quente da história e que, pela primeira vez, a temperatura global ultrapassou 1,5°C em relação ao período pré-industrial.

"Nosso esforço precisa ser muito grande. Não basta apenas reconhecer o problema, precisamos agir agora, e isso exige colaboração entre governos, empresas e a academia", afirmou.

Ela ressaltou que o Brasil tem um papel estratégico nesse contexto, especialmente na transição energética e na conservação ambiental, e que a COP30 em Belém será uma oportunidade para o país mostrar ao mundo suas soluções sustentáveis.

Segurança jurídica e combate ao greenwashing

Um dos principais desafios apontados foi a necessidade de segurança jurídica para garantir investimentos em sustentabilidade. Segundo Patrícia, sem um arcabouço regulatório claro, o setor privado enfrenta dificuldades para atuar na descarbonização e em projetos ambientais de longo prazo.

"Precisamos de regras transparentes e confiáveis. Empresas não podem se arriscar em investimentos sustentáveis sem a garantia de que essas políticas serão estáveis", alertou.

Ela também destacou a importância de combater o greenwashing, prática em que empresas divulgam ações ambientais sem impacto real. "Precisamos separar as iniciativas sérias das que apenas tentam lucrar com o marketing verde. Esse é um compromisso que deve ser reforçado", explicou.

Uso estratégico do mercado de carbono e governança climática

Outro ponto abordado foi o mercado de carbono, que já conta com regulamentação no Brasil, mas ainda precisa de implementação prática.

WhatsApp Image 2025-03-12 at 10.57.49Patrícia Iglecias alerta para emergência climática e destaca papel do setor privado na COP30. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Patrícia defendeu que a governança climática deve ter políticas claras de rastreabilidade e compliance para garantir que as empresas possam participar do mercado de carbono de forma confiável.

"O Congresso tem um papel fundamental nesse processo. Precisamos criar ativos ambientais com segurança jurídica, para que o setor privado possa investir e contribuir para a descarbonização de forma concreta", afirmou.

Transição energética e inovação na sustentabilidade

Ela também ressaltou o avanço do Brasil em energias renováveis, mas reforçou que o país ainda pode expandir suas ações, especialmente em energia solar, eólica e hidrogênio de baixo carbono.

Citou como exemplo a Universidade de São Paulo (USP), que já produz hidrogênio a partir do etanol, mostrando como a ciência pode contribuir para soluções práticas na transição energética.

"A inovação deve ser aplicada para gerar impactos reais. Não adianta termos conhecimento técnico se ele não se traduzir em soluções para o setor produtivo e para a sociedade", destacou.

A COP30 e o compromisso do Brasil com a sustentabilidade

Patrícia ressaltou que a COP30 será um momento decisivo para o Brasil apresentar seus avanços em sustentabilidade e reforçar seu compromisso com a redução das emissões de carbono.

A Ambipar, em parceria com a Universidade de São Paulo, está preparando um inventário detalhado das emissões no setor de transportes, que será divulgado na conferência.

"Nosso papel como anfitriões da COP30 é garantir que soluções concretas sejam apresentadas, e não apenas promessas. Precisamos mostrar que o Brasil está pronto para liderar a agenda ambiental global", pontuou.

Educação e ciência como pilares da sustentabilidade

Patrícia também reforçou a importância da educação e da pesquisa científica para garantir que a sustentabilidade seja implementada com eficiência.

Ela citou o USP Proclima, centro de estudos criado pela Universidade de São Paulo para desenvolver pesquisas aplicadas sobre sustentabilidade e clima, com foco em soluções reais para o setor produtivo.

"A ciência precisa estar conectada com o mercado e com a sociedade. Precisamos de pesquisas que tragam impacto direto e que possam ser aplicadas na transformação ambiental que buscamos", explicou.

Legado para as futuras gerações

Encerrando sua participação, Patrícia enfatizou que a sustentabilidade não pode ser tratada como uma pauta isolada, mas como um compromisso coletivo que envolve responsabilidade social, ética e governança ambiental.

"O meio ambiente equilibrado é um direito constitucional e um dever de todos. As decisões que tomarmos agora definirão o futuro das próximas gerações", concluiu.

O Brasil Summit tem patrocínio do Banco BRB, da CNT e da Febraban; e apoio da TecnoBank e Grupo Paulo Octávio. Os parceiros de mídia são TV LIDE, TV Brasília, cb.dooh, Clube FM 105.5 e Revista LIDE. Os fornecedores oficiais do evento são Natural One e Brasília Palace.