Vander Costa, da CNT, defende múltiplas soluções para a transição energética no transporte

Com um olhar pragmático sobre energia, inovação e logística sustentável, Vander Costa destacou que a redução de emissões no transporte depende de soluções integradas e investimentos estruturais, reforçando o compromisso do setor para a COP30.

O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, participou do Brasil Summit, realizado nesta quarta-feira (12) em Brasília, pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais e pelo Correio Braziliense. Durante sua participação, ele enfatizou que não há uma solução única para a descarbonização do setor de transportes, sendo necessário um conjunto de estratégias para reduzir emissões sem comprometer a eficiência logística do país.

“A transição energética exige múltiplas soluções”

Vander Costa destacou que a eletrificação da frota é uma alternativa viável, mas precisa estar acompanhada de investimentos em geração e transmissão de energia limpa. Segundo ele, 86% da energia elétrica do Brasil já provém de fontes renováveis, o que coloca o país em uma posição privilegiada para impulsionar a eletrificação de veículos urbanos.

No entanto, ele alertou que o armazenamento de energia ainda é um desafio, o que limita a adoção de baterias para veículos de longa distância.

“A eletrificação funciona para frotas urbanas, mas ainda não há uma solução eficiente para caminhões de transporte rodoviário de longa distância”, explicou.

Gás metano e renovação da frota como alternativas imediatas

O presidente da CNT apontou o gás metano como uma alternativa viável para reduzir as emissões do transporte de carga e da coleta de lixo. Ele destacou que usinas de cana-de-açúcar já utilizam essa tecnologia com eficiência, e que lixões também poderiam ser transformados em fontes de energia para abastecimento de veículos.

Além disso, Vander Costa defendeu a renovação da frota como uma das medidas mais eficazes para a redução de emissões no curto prazo.

“Um caminhão novo da tecnologia Euro 6 emite 95% menos poluentes do que um veículo fabricado no ano 2000. Se priorizarmos a renovação da frota, já teremos uma redução drástica na emissão de carbono”, ressaltou.

Infraestrutura e intermodalidade como caminhos para a eficiência

Outro ponto levantado foi a necessidade de investimentos em infraestrutura, especialmente na qualidade das rodovias. Segundo ele, estradas bem pavimentadas reduzem o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de poluentes.

Ele também destacou que o uso de pedágios eletrônicos (free flow) pode contribuir para a descarbonização, evitando que caminhões parem e arranquem constantemente, o que gera um consumo maior de combustível.

WhatsApp Image 2025-03-12 at 10.47.58 (1)Vander Costa, da CNT, defende múltiplas soluções para a transição energética no transporte. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Além do transporte rodoviário, Costa defendeu o uso de modais alternativos, como ferrovias e hidrovias, para tornar o setor mais eficiente e menos poluente.

“Uma única embarcação que transporta 70 mil toneladas de safra agrícola pelos rios polui muito menos do que caminhões percorrendo rodovias. O Brasil precisa incentivar a navegação interior e melhorar a logística ferroviária para reduzir o impacto ambiental”, afirmou.

COP30 e o compromisso com a descarbonização

Vander Costa revelou que a CNT está conduzindo um inventário detalhado das emissões do setor de transportes no Brasil, que será apresentado na COP30 em Belém. O levantamento está sendo feito em parceria com a Ambipar e servirá como base para políticas de redução de carbono.

“Se não medirmos nossas emissões com precisão, não poderemos comprovar os avanços que estamos promovendo. O setor de transportes está comprometido em reduzir sua pegada de carbono, mas precisamos trabalhar com dados concretos”, explicou.

Desafios da aviação e o alto custo dos combustíveis sustentáveis

O presidente da CNT também abordou os desafios da aviação na transição energética, destacando que o combustível sustentável para aviação (SAF) ainda é caro e pouco acessível.

“Já é caro voar no Brasil com o querosene de aviação atual. Se adicionarmos um combustível mais caro, o setor enfrentará ainda mais dificuldades”, alertou.

Ele reforçou que é necessário um plano de incentivo para viabilizar o uso do SAF no país sem comprometer a competitividade do setor aéreo.

Sustentabilidade e inovação no centro da logística nacional

Encerrando sua participação, Vander Costa destacou que a sustentabilidade deve ser um compromisso coletivo, envolvendo inovação, infraestrutura eficiente e políticas públicas equilibradas.

“Não existe uma solução única para a transição energética no transporte. Precisamos combinar diferentes estratégias para reduzir emissões sem comprometer o funcionamento do setor”, concluiu.

O Brasil Summit tem patrocínio do Banco BRB, da CNT e da Febraban; e apoio da TecnoBank e Grupo Paulo Octávio. Os parceiros de mídia são TV LIDE, TV Brasília, cb.dooh, Clube FM 105.5 e Revista LIDE. Os fornecedores oficiais do evento são Natural One e Brasília Palace.