7 dicas para PME’s não fecharem o ano no vermelho

A abertura parcial do comércio e medidas governamentais de estímulo ajudaram as empresas a chegarem vivas até aqui, mas os efeitos da desaceleração e incertezas continuam assolando grande parte das companhias.

fadelSergio Fadel é consultor em gestão estratégica, marketing, comunicação e novos negócios. (Foto: Divulgação)

Já são mais de sete meses de pandemia e as pequenas e médias empresas seguem lutando pela manutenção de suas operações, e desenvolvendo estratégias para a retomada econômica no chamado “novo normal”.

Roberto Tonetti, advogado e especialista em Gestão de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), relata histórias de empresários que estão driblando a crise por meio de mudanças nos modelos de negócios e com a contínua redução de despesas, uma vez que é característica das PMEs não ter capital de giro ou qualquer reserva para fazer frente às obrigações financeiras. 

“Cada setor da economia experimenta a crise de forma completamente diferente. É possível observar comportamentos distintos nas relações comerciais, que vão desde a apatia, culminando em uma atuação mais reativa, até o outro extremo, em que os empresários optam, por exemplo, por diminuir os preços, sem qualquer critério”, relata Sergio Fadel, consultor em gestão estratégica, marketing, comunicação e novos negócios.

Segundo o consultor, situações como uma pandemia evocam naturalmente reações de sobrevivência, que podem ser, muitas vezes, bastante agressivas. Porém, o momento pode trazer oportunidades diversas para empresas mais preparadas. “Após o primeiro momento de susto, a agilidade na adaptação de alguns escritórios de advocacia, por exemplo, que construíram novas relações comerciais com os clientes e com o mercado, foi fundamental para sobrevivência das operações”, afirma. Este movimento faz com que as empresas fiquem mais próximas de clientes e fornecedoras, fortalecendo uma parceria estratégica para que os negócios e alternativas sejam pensados em conjunto.

Estar atento às políticas de socorro oferecidas pelo Estado, como as medidas provisórias e outras “novidades jurídicas” também foi imprescindível para a manutenção de grande parte das empresas no Brasil. “A repactuação dos honorários com os clientes, que muitas vezes até aumentaram, trouxeram maiores facilidades e prazos de pagamento, garantido uma maior segurança para os dois lados”, completa o advogado.

  1. Prepara-se para a volta à normalidade

A continuidade, adaptabilidade e agilidade na condução dos projetos internos e externos serão mais do que necessárias.

Para Sergio Fadel, o desenvolvimento de parcerias será fundamental também para a tentativa de retorno das empresas, nos moldes de antes da pandemia. “É difícil de prever como será este retorno. Vivemos em um momento em que muitos segmentos de mercado foram impulsionados e outros tiveram uma grande retração”, diz. Ainda segundo o especialista, uma visão estratégica de negócio, que transcenda o jurídico, habilidades em comunicação e utilização de mídias sociais, podem ajudar os empresários a continuarem seus negócios.

De acordo com o advogado Tonetti, a volta à normalidade dependerá de alguns fatores que vão além da liberação da vacina para o coronavírus, como obtenção de crédito, abertura definitiva do mercado, medidas de estímulo ao emprego, reforma tributária, segurança jurídica e profissionalização dos gestores.

  1. Soluções jurídicas e financeiras adotadas pelas PMEs

Se grande parte dos empresários foram pegos de surpresa com a crise, daqui em diante é fundamental que conheçam o risco das decisões que serão tomadas. A mentalidade voltada para a gestão de riscos faz toda diferença para o restabelecimento de todo e qualquer negócio. “A experiência mostra que qualquer decisão empresarial tem impacto jurídico e quando existe cautela e aconselhamento, a assertividade é potencializada”, reforça Tonetti. A análise sobre o risco jurídico atual e futuro, que permita a criação de uma estratégia para a melhor tomada de decisão, passou a ser essencial. 

A crise provocou, ainda, mudanças importantes nas relações trabalhistas, tributárias, societárias, contratuais, bancárias e consumeristas, sendo necessária a adoção de ajustes por parte dos empresários.

“No âmbito trabalhista, além de lidar com toda tensão provocada na rotina dos colaboradores, os empresários continuam se redescobrindo e se reinventando, utilizando-se, por exemplo, do teletrabalho, notadamente do home-office, que tem demonstrado eficiência em redução de custos com aluguel, energia, água, entre outras despesas fixas”, diz Tonetti.

TonettiRoberto Tonetti é fundador do Duarte Tonetti Advogados. (Foto: Divulgação)

  1. Observe novas medidas legislativas

Na última semana, o Governo Federal editou nova medida legal ampliando, mais uma vez, o prazo para os acordos de redução de jornadas/salários e suspensão dos contratos de trabalho.

As empresas estão autorizadas a celebrar acordos neste sentido por um período suplementar de mais 60 dias, de modo a completar o total de 240 dias, limitados à duração do estado de calamidade pública (considerado, a princípio, até 31/12/20). Portanto, aquelas que já usufruíram até o presente momento dos 180 dias previstos pela somatória dos Decretos anteriores, poderão celebrar novos acordos, desde que limitados a 60 dias.

Também, há o pagamento pelo Governo do benefício emergencial, que está mantido, nos mesmos termos, já previstos nas normas anteriores e condicionando seu pagamento às disponibilidades orçamentárias, bem como à duração do estado de calamidade.

  1. Faça uma reavaliação tributária

Durante a pandemia, alguns tributos foram prorrogados e muitos empresários não fizeram o provisionamento para pagamento na hora que a conta chegar. O risco de gerar um passivo é grande e seus impactos serão danosos a qualquer negócio. A necessidade de criar uma estratégia de pagamento é imprescindível.

“Estamos entrando no último trimestre do ano e chegou o momento de olharmos e projetarmos o próximo exercício fiscal, sendo fundamental que as empresas analisem os seus números e realizem as simulações para constatarem se o regime de apuração dos tributos está de acordo com a sua realidade e reflete a melhor eficiência tributária”, diz Roberto Tonetti.

No caso do Simples Nacional, é preciso ter em mente que o intuito é a simplificação das obrigações acessórias e arrecadação dos tributos, mas isso não é sinônimo de redução da carga tributária e, em alguns casos, verificamos justamente o efeito contrário.

Após a constatação do melhor regime de apuração tributária, o segundo passo é a análise estrutural do negócio, pois os resultados positivos são iniciados na organização da companhia. Há possibilidade de desmembramento das atividades da empresa em mais de um CNPJ e ganhos significativos de performance tributária, dependendo do tipo de serviços prestado, produtos fabricados e/ou mercadorias vendidas. Nesse sentido, o planejamento tributário é manobra essencial para todo e qualquer negócio.

Outro ponto importante é o gestor conhecer o perfil da empresa e adequá-lo à situação que estamos atravessando, respeitando sua essência, seja de conservadorismo ou arrojo. Entretanto, o momento atual exige a saída da zona de conforto, pois a medida arrojada de hoje pode significar a sobrevivência da empresa. Por essa razão, é relevante conhecer os reflexos fiscais e tributários das medidas tomadas e trabalhar para minimizar os riscos.

O advogado reitera que “a grande questão não é se afastar do risco, mas sim conhecê-lo, analisar os prós e contras e tomar a decisão com assertividade”. Nessa linha, no âmbito tributário existem diversas possibilidades para recuperação de tributos pagos indevidamente. “Temos várias teses tributárias que estão sendo discutidas judicialmente, algumas com grandes possibilidades de êxito, mas que não possuem entendimento pacificado e em condições normais seria prudente aguardarmos o desfecho das discussões”, completa Tonetti.

  1. Pense na sustentabilidade da estrutura societária

As relações precisam ser sustentáveis e ter regras de sucessão, o que é fundamental para garantir a continuidade do negócio em caso de falecimento ou incapacidade dos sócios.  “Não podemos esquecer que estamos no meio de uma pandemia, com milhares de mortes e de pessoas doentes”, pontua o advogado.

  1. Avalie redução de custos

No âmbito dos negócios, de todas as estratégias, as renegociações de contratos são as mais praticadas como manobra de redução de custo. Muitos empresários estão revendo as operações em andamento e rediscutindo condições comerciais que deixaram de ser interessantes para a empresa. Neste caso, é importante não perder de vista a necessidade de segurança jurídica para evitar uma judicialização desnecessária.

Outro ponto sensível, nesse momento de crise, são as relações bancárias. Negociar administrativamente junto às instituições financeiras é essencial para que o empresário ganhe fôlego. “Vimos uma maior atenção dos empresários para as cobranças ilegais e o judiciário é alternativa para resolução”, completa Tonetti.

  1. Valorize o relacionamento com clientes

A relação com os consumidores também sofreu grande impacto e foco nos clientes passou a ser cada vez mais essencial. Houve um aumento expressivo das vendas eletrônicas, necessidade de negociação pela interrupção forçada de pagamento e órgãos de defesa dos consumidores cada vez mais atuantes.

Não obstante a isso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em setembro, a fim de proteger os dados pessoais de todos os cidadãos, e os empresários deverão se preocupar em adequar suas PMEs, evitando perder mais dinheiro com as sanções e crise de imagem.

Embora estejamos percorrendo este cenário de incertezas, Tonetti assegura que “a crise vai passar, mas sobreviverá quem prever o risco futuro e geri-lo da melhor forma possível”. 

(Fonte: LETS Marketing)

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