Ana Luisa Geremias, da Samsung: 'Como sociedade, estamos aprendendo a lidar com um novo jeito de navegar e consumir'

Após anos atuando em coordenação e supervisão, Ana agora ocupa o cargo de gerência na Samsung e deseja usar sua voz para promover mudanças positivas no mundo.

ana-luisa-geremias-gerente-ecommerce-samsungAna Luisa Geremias, da Samsung. (Foto: Divulgação)

A gerente de e-commerce da Samsung Brasil é a mais nova convidada do Samsung Newsroom Entrevista. Em conversa descontraída, Ana Luisa Geremias fala sobre sua jornada profissional dentro e fora da empresa, trazendo à tona um perfil de quem sempre correu atrás das oportunidades e não teve medo de agarrá-las. Ana também compartilha um pouco de seus projetos e vivencias pessoais, deixando claro como todas as áreas de sua vida contribuíram para o desenvolvimento profissional.

Você sempre teve o interesse de atuar em comunicação digital focada em e-commerce? Como ingressou na área?

O interesse pelo digital surgiu em minha vida após um intercambio nos Estados Unidos. Estive lá entre 2008 e 2010 e, nesse tempo, o digital já tinha uma forte presença na vida dos norte-americanos. Quando voltei, em 2010, percebi que no Brasil ainda não havia muita coisa nesse meio. Foi quando enxerguei uma oportunidade de mudar de carreira, mas não sabia exatamente em qual frente gostaria de atuar.

Comecei a buscar cursos de Social Media e, em uma live do Twitter, encontrei uma oportunidade de trabalho nessa área. A vaga não era exatamente o que eu procurava naquele momento, mas acabei sendo aprovada no processo seletivo e, hoje, já são 12 anos nessa área.

Quão desafiador foi ingressar na indústria de tecnologia e, especialmente, na Samsung?

O processo seletivo foi bastante desafiador, mas acredito que meu grande diferencial foi ter no currículo um curso de programação. Fiz esse curso pelo projeto Programaria, que era voltado apenas para o público feminino, e durante três meses aprendi sobre Java, HTML, CSS e outros tipos de programação.

Outra coisa que sempre fez diferença para a minha carreira é a minha vontade de aprender. Eu gosto de estudar e buscar coisas novas. Naquela época eu também estava buscando estudar sobre investimento e consumi muito conteúdo sobre isso. Levar essas informações para a entrevista fizeram muita diferença para a minha admissão na Samsung. É sempre bom mostrar que estamos dispostos a aprender.

O que mudou na sua vida desde que chegou à Samsung? Fale mais sobre o seu dia a dia.

Acho legal contar que entrei como terceira porque, alguns funcionários terceirizados sempre têm uma esperança de serem efetivados pela empresa. Isso aconteceu comigo depois de um ano e meio como terceira. Entrei no final de 2017, como supervisora de uma área que não existe mais e, em 2019, fui efetivada para a área de e-commerce, que era exatamente o que eu havia estudado. Continuei como supervisora até que, em março deste ano, há dois meses atrás, fui promovida a gerente.

A verdade é que pouca coisa mudou e isso é muito positivo. Na Samsung não existe um sistema hierárquico muito forte. Cada um tem sua caixinha de responsabilidades, desde o estagiário até o diretor, e a empresa confia em cada membro da equipe sabendo que o trabalho está sendo realizado da melhor forma, independentemente da posição. Eu continuo cuidando da experiência do usuário dentro do e-commerce da Samsung.

Com as atuais transformações no mercado tecnológico, qual é sua visão sobre o futuro do e-commerce?

A pandemia acelerou muito a presença do digital na vida das pessoas e, nesse processo, acho que duas coisas aconteceram: nosso consumo ficou mais digitalizado, aumentando o mercado de tecnologia e inovação, mas ao mesmo tempo, as pessoas estão buscando um consumo mais saudável e minimalista. Observado os hábitos diários do consumidor atual, vemos muita gente plantando hortas em sua própria casa, consumindo alimentos mais naturais e buscando alternativas mais sustentáveis.

Acredito que a parte tecnológica ainda vai sofrer uma baita aceleração, principalmente com a chegada do 5G. Mas como sociedade, estamos aprendendo a lidar com um novo jeito de navegar e consumir, e como empresa, precisamos nos preparar para esse novo comportamento do público.

Quais características um profissional deve ter para atuar na sua área?

Inteligência emocional e bom relacionamento com as pessoas. É importante saber falar com pessoas de todas as posições. Nós não fazemos nada sozinhos, nem no trabalho e nem na vida, então precisamos saber compartilhar, inclusive nossas dores. Às vezes não sabemos fazer algo, mas saber a quem pedir ajuda e ter uma boa relação com essas pessoas, independentemente da área de atuação, faz muita diferença.

Qual é a parte mais prazerosa e a mais desafiadora do seu trabalho? Por quê?

Acredito que a mais prazerosa é o time. Nosso dia a dia nem sempre é fácil, mas a vontade de fazer acontecer é algo em comum em todo o grupo. É curioso pensar que, quando eu era terceirizada, tinha medo de como seria essa dinâmica. E para a minha surpresa, desde que cheguei, sempre tive um ambiente de apoio. É legal participar de uma equipe que se apoia. Isso faz diferença.

A parte mais desafiadora é lidar com pessoas diversas em um ambiente em que as coisas estão sempre mudando. A Samsung tem uma cultura de movimentação e, de tempos em tempos, algumas posições vão mudando, então estamos sempre aprendendo a trabalhar com uma pessoa nova, com demandas e hábitos diferentes. Esse “dançar conforme a música” é um pouco desafiador, mas isso é comum até mesmo na vida pessoal. Faz parte.

Qual foi o momento mais marcante da sua jornada na Samsung até o momento?

Certamente minha promoção para ser gerente. E logo em seguida fui convidada para falar sobre a minha carreira no “Mulheres que Inspiram”, uma coluna da comunicação interna da Samsung. Essas duas coisas aconteceram em semanas seguidas e acho que foram as mais marcantes.Eu ocupo cargos de liderança desde os 23 anos. Isso significa que demorei quase 20 anos para sair de coordenação/supervisão para uma posição de gerencia. Isso foi muito especial para mim, assim como estrear uma coluna voltada para mulheres de sucesso dentro da empresa.

Você também é colunista em uma rádio e co-fundadora do projeto Afeto de Perto. Como essas atividades fora da Samsung influenciam na sua vida?

Como mulher negra, esses projetos fazem parte de quem eu sou. Fui convidada para essa coluna a partir de um livro sobre diversidade e inclusão que escrevi para contar a história da minha sobrinha, que sofreu racismo na escola. Entendo que preciso usar minha voz para aplicar mudanças em meus microambientes, seja na Samsung, no meu círculo familiar ou na minha rede de amigos.

É interessante porque, quando começamos a falar sobre diversidade, também aprendemos muito sobre ela. Quando fui convidada para essa coluna, passei a estudar mais sobre o tema e entender muito sobre capacitismo e preconceito amarelo, por exemplo. São assuntos relativamente novos e que poucas pessoas discutem, mas não deixam de ser preconceitos e precisam ser combatidos. Conviver com pessoas diversas faz parte do viver em sociedade.

Também quero contribuir para o Comitê de Diversidade e Inclusão da Samsung. Acredito que a minha história pode levar esperança para as pessoas e eu gosto de falar sobre isso. Sou uma mulher negra e ocupo um cargo de gerência dentro da empresa. Isso é inspirador para muita gente.

Quem é Ana Luisa fora da Samsung? O que faz nas horas livres e qual é o seu propósito?

Sou uma pessoa muito positiva e alegre. Minha frase preferida é “vai dar tudo certo”. Também sou caseira, mas gosto de me divertir e amo música. Estou sempre cantando, até na Samsung. Sou muito espiritualizada e acredito em um mundo melhor, eu trabalho para torna-lo melhor. Nós não estamos aqui de passagem e cada um tem uma missão. Acredito que sempre teremos pedras no sapato, mas podemos escolher se tiramos essas pedras ou se viveremos com elas.

Digo isso porque sou adotada e a relação com minha mãe biológica era uma dessas pedrinhas no meu sapato. Conheci minha história aos 16 anos e a deixei de lado, mas quando reencontrei minha mãe e me reaproximei da minha família biológica, coloquei em meu quebra-cabeça uma peça que eu nem sabia que faltava. Eu gosto de ter as coisas bem resolvidas, mas demorei quase 20 anos para conseguir fazer esse movimento sozinha. Eu conto minha história para contribuir com um mundo melhor, e falar sobre inclusão e diversidade é um caminho a ser explorado nesse sentido. Temos vários caminhos para fazer diferença no mundo e esse é o meu.

Já teve alguma experiência da sua vida pessoal que contribuiu para o seu desempenho profissional? Como e por quê?

A primeira vez que tentei entrar na Samsung foi em 2015. Persistência e resiliência foram coisas que aprendi no meu caminho. A vida seguiu, eu passei por outras empresas e, dois anos depois, consegui entrar em uma vaga que a empresa divulgou. Lembro que entrei em contato com a pessoa que havia me entrevistado anos antes e, mesmo sem me conhecer, ele me indicou para a vaga e eu passei.

Eu sempre quis entrar na Samsung porque desejava estar em uma multinacional. Eu voltei do intercâmbio nos Estados Unidos porque o mundo corporativo me fazia falta e, desde que voltei, tinha essa ambição profissional. Apesar do tempo, eu nunca desisti do meu sonho. Ser resiliente faz parte de quem eu sou e, mesmo quando as coisas não acontecem da forma como eu espero, eu não deixo de sonhar e correr atrás. Para que as coisas deem certo nós precisamos, antes de tudo, acreditar.

A Samsung Newsroom Entrevista é uma seção de entrevistas com líderes, executivos e executivas que atuam dentro da Samsung, com o objetivo de apresenta-los e aproxima-los dos consumidores, além de dar espaço para que opinem sobre assuntos relacionados ao mercado tecnológico, carreira e até mesmo suas vidas pessoais.