Alta dos juros e desvalorização do real derrubam confiança dos industriais, mostra CNI
Indicador revela que empresários passaram de um estado de confiança para um estado de neutralidade.
Resultado é consequência da pior percepção dos empresários quanto ao presente e ao futuro das empresas e da economia. (Foto: Unsplash)
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu pelo terceiro mês consecutivo, mostra levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta quarta-feira (11). Desde setembro, o indicador acumula queda de 3,2 pontos.
Apenas em dezembro, o ICEI caiu 2,5 pontos, chegando aos 50,1 pontos, o que revela que os empresários passaram de um estado de confiança para um estado de neutralidade. Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a tendência de queda do indicador se deve à alta da taxa de juros pelo Banco Central e às incertezas que culminaram em uma desvalorização do real frente ao dólar.
“Nos últimos meses, a retomada da elevação dos juros vem afetando a confiança dos empresários sobre os seus negócios e, principalmente, sobre a economia. Em dezembro, a taxa de câmbio se tornou bastante volátil, trazendo incerteza e impactando a avaliação deles”, pontua Azevedo.
Todos os componentes do ICEI recuaram em dezembro
O tombo do ICEI em dezembro é consequência da pior percepção dos empresários quanto ao presente e ao futuro das empresas e da economia.
O Índice de Condições Atuais – um dos dois componentes do ICEI – caiu 1,8 ponto em dezembro, para 46,5 pontos, o que significa falta de confiança. A avaliação dos industriais é de que a economia está pior agora do que estava há seis meses.
Já a percepção sobre o momento atual das empresas passou de um patamar positivo para um patamar neutro. Na avaliação dos empresários, as condições correntes das empresas deixaram de melhorar na comparação com as de um semestre atrás.
Segundo a pesquisa, o Índice de Expectativas caiu 2,8 pontos, para 51,9 pontos. O indicador permanece acima da linha divisória de 50 pontos, indicando que os empresários seguem confiantes para os próximos seis meses.
Isso se deve, sobretudo, às expectativas otimistas dos industriais quanto ao futuro das empresas, que recuaram em dezembro, mas permanecem em patamar positivo. Por outro lado, as perspectivas deles para o próximo semestre da economia se tornaram ainda mais negativas.