'Segurança alimentar é uma questão de estabilização social e política', afirma Roberto Rodrigues, embaixador da FAO

Conferência realizada na capital da Arábia Saudita reuniu aproximadamente 100 empresários brasileiros e autoridades locais.

FER_6801Roberto Rodrigues, embaixador da FAO para o Cooperativismo e ex-ministro da Agricultura. (Foto: Felipe Gonçalves e Heliakim Santos/LIDE)

O potencial do agronegócio, em especial o brasileiro, foi apontado como indispensável na resolução de problemas mundiais, como a segurança alimentar, segurança energética, mudança climática e desigualdade social, pelo embaixador da FAO para o Cooperativismo e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. “O agronegócio é tema central na resolução destes 4 cavaleiros do apocalipse. Mas qual agricultura? A do cinturão tropical do planeta”, enfatiza.

A fala aconteceu durante o Brazil Saudi Arabia Conference, realizado pelo LIDE, em Riyadh, capital da Arábia Saudita. Segundo o ex-ministro, o Brasil tem protagonismo neste debate, por sua relevância mundial na produção de alimentos. Rodrigues lembra que em uma década a oferta mundial de comida precisa crescer 20% no mundo, no entanto, nenhum país cresce mais de 10%, a não ser o Brasil. “Mas para que o mundo cresça 20%, o Brasil precisa crescer 40%”.

Para garantir essa demanda, ele reforça a necessidade de estratégia, com parcerias com grandes empresas, investimentos em logística, equipamentos e indústria de transformação. Rodrigues destacou ainda que a segurança alimentar tem papel predominante na estabilização das nações.

“Depois da pandemia, o tema da segurança alimentar ganhou uma posição mais grave de sobrevivência das nações: governos e sociedades. Segurança alimentar é uma questão de estabilização social e política. Sem comida, cai governo”, alertou Rodrigues.

FER_6825Francisco Matturro, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. (Foto: Felipe Gonçalves e Heliakim Santos/LIDE)

Francisco Matturro, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ratificou o discurso do ex-ministro e destacou o crescimento do agronegócio brasileiro por meio da integração da lavoura, pecuária e floresta, que segundo ele, é resultado de “ciência, pesquisa e muito trabalho dos produtores”. Os desafios do setor também foram citados por ele, que enxerga nesta dificuldade uma oportunidade de negócio.

“Nós temos problemas de logística e de armazenagem. Um terço da nossa safra não tem armazém suficiente. O Brasil vai continuar demandando, porque vai continuar crescendo na produção agropecuária, e quanto mais distantes estamos produzindo, mais distantes estamos dos portos e mais precisamos de armazéns”, explica.

Ainda sobre oportunidades, João Sampaio, diretor de Relações Institucionais da Minerva Foods, destacou caminhos ainda pouco explorados na parceria Brasil e Arábia Saudita, como negócios na produção da vitamina E.

FER_6847João Sampaio, diretor de Relações Institucionais da Minerva Foods. (Foto: Felipe Gonçalves e Heliakim Santos/LIDE)

“Em 2022, a Arábia Saudita importou 1,1 bilhão de dólares em ingredientes – produtos para alimentação, ração animal e agronegócio. Pouca gente sabe, mas o Brasil é o maior produtor mundial de vitamina E- altamente usado na produção de ração animal”, detalha. “Uma enorme possibilidade que deveríamos olhar com atenção”, finaliza.

Economia brasileiro e mercado imobiliário

FER_6908Paulo Henrique Costa, presidente do Banco BRB. (Foto: Felipe Gonçalves e Heliakim Santos/LIDE)

O mercado imobiliário brasileiro também ganhou destaque no evento. O painel contou com a participação do Paulo Henrique Costa, presidente do Banco BRB, que destacou os projetos do governo federal, como Minha Casa, Minha Vida, como impulsionador para a indústria, que segundo ele, chega a representar 70% do mercado nacional.

“O mercado de financiamento imobiliário brasileiro passa por um momento especial. A classe média voltou a ter crescimento de renda”, afirma.

FER_6932Maurício Cruz, CEO da OEC Engenharia. (Foto: Felipe Gonçalves e Heliakim Santos/LIDE)

De acordo com o empresário, a redução da taxa de juros garante novas oportunidades, inclusive de fundos soberanos de países do Oriente Médio. Maurício Cruz, CEO da OEC Engenharia, também citou a taxa de juros como fator impactante no setor, relacionando-a com o déficit de moradias.

“A percepção é que sempre está faltando imóveis. Entretanto, não dava para construir e abastecer tudo porque o Brasil enfrentou uma taxa de juros muito alta, que tem uma relação direta com as famílias comprarem imóveis”, explica.

Investimentos em saúde

O último painel do dia debateu as oportunidades no setor farmacêutico e hospitalar. Romeu Domingues, co-chairman da DASA, defendeu o mercado como bastante resiliente e que deve enfrentar o desafio da inflação médica acima da inflação oficial. Ainda segundo ele, o brasil conta com apenas 25% da população com plano de saúde privado, no entanto, o desejo por garantir esse serviço está entre as três prioridades do brasileiro.

Gustavo Ribeiro, vice-presidente da Hapvida Notre Dame, enfatizou a relevância do sistema privado de saúde para o sistema público.

“10% do PIB é o tamanho da área da saúde do país, que temos 60% de investimentos no privado e 40% no público. Mas temos 50 milhões de brasileiros no privado e 150 milhões no público. Quanto mais beneficiário, mais sobre, per capita, no SUS, para atender quem realmente precisa”, explica.

O Brasil Saudi Arabia Conference tem patrocínio do banco BRB, Cedae, Cutrale, Dasa, Hapvida NotreDama Intermédica e Paper Excellence. O evento é apoiado por Amaro Aviation, Eletra, Federal of Saudi Chambers of Commerce, Inovetech e Minerva Foods. As mídia partners são Estadão, Broadcast, Grupo Jovem Pan, Jovem Pan News, Revista LIDE e TV LIDE. O fornecedor oficial é a Earadat. O apoio institucional é da Câmara de Comércio ÁrabeBrasileira. A operadora oficial é a Maringá Turismo. A transportadora oficial é a Emirates.