Taxas curtas caem e longas sobem, com volatilidade imposta por Treasuries
A quarta-feira, 8, foi de volatilidade no mercado de juros, com as taxas alternando sinais de alta e de baixa ao longo da sessão. O comportamento dos Treasuries foi considerado como o eixo central, com outros vetores também influenciando a curva local no decorrer do dia.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou a 14,97%, de 15,03% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2027, em 15,36% (de 15,43%). O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 15,23%, de 15,19% ontem no ajuste. A liquidez, a exemplo dos últimos dias, continuou escassa.
A aversão ao risco deu o tom geral aos negócios no exterior, embalada por apurações de bastidores dando conta de planos ainda mais ambiciosos do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na tarifação de importações. Segundo a CNN, Trump estaria considerando declarar uma emergência econômica nacional para fornecer justificativa legal para um grande pacote de tarifas universais. Ainda, estaria no radar do novo governo uma reformulação na liderança do Fed, de acordo com a Bloomberg.
"Hoje teve um pouco de tudo, mas o norte para os preços foi o comportamento da taxa da T-Note de 10 anos", afirmou a economista-sênior da Mirae Asset, Marianna Costa.
Os Treasuries também estiveram voláteis nesta quarta-feira. Dados do mercado de trabalho e um leilão de US$ 22 bilhões em T-Bonds de 30 anos com boa demanda sustentaram em baixa os retornos num primeiro momento. À tarde as taxas zeraram a queda e o retorno da T-Note de 10 anos voltava a se aproximar dos 4,70%, mas no fim da sessão retomavam o sinal negativo, caindo à faixa dos 4,67%. Os juros locais acompanharam todo esse vaivém.
A reação dos yields à ata do Fed foi tímida, ainda que o tom do texto tenha sido menos duro do que o esperado. O quadro de apostas para juros nos EUA seguiu inalterado, mantido como mais provável o cenário de corte de 25 pontos-base nos juros no acumulado deste ano.
Internamente, o noticiário fiscal ajudou as taxas locais a tocarem as mínimas entre o fim da manhã e o começo da tarde. Segundo apurou o Broadcast, a falta de aprovação do Orçamento até o momento é argumento favorável para a equipe econômica convencer o restante do governo a adotar um decreto de execução de despesas mais restritivo neste início de ano. A Fazenda estuda limitar as despesas dos ministérios a 1/18 do orçamento no início do ano. A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pelo Broadcast com fontes da equipe econômica. A Fazenda tradicionalmente tenta emplacar uma regra mais dura que a de 1/12 em todos os exercícios.
Adicionalmente, as minutas de projeto de lei das regras para os militares mostram endurecimento na contribuição de 3,5% a fundo de saúde.
"O mercado quer fatos concretos, mas nutre alguma esperança de que podem vir mais medidas de ajuste fiscal", afirma Costa. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o trabalho da pasta é constante no estudo de medidas, mas ponderou que não gostaria de passar uma mensagem de que o governo gesta novos pacotes.
A economista aponta ainda ajustes técnicos de posições. "O mercado está caminhando para um consenso de que a Selic deve se estabilizar em torno dos 15% e a curva hoje tem mais que isso (cerca de 16%)", disse.
Na agenda local, a produção industrial de novembro caiu 0,6% ante outubro, em linha com a mediana das estimativas, sem impacto nos ativos.