Conselheiros estão insatisfeitos com tempo dedicado a mudanças climáticas
Essa insatisfação sobre o tempo alocado também se aplica ao assunto "segurança cibernética e privacidade de dados", de acordo com estudo da EY que entrevistou mais de 100 conselheiros de administração atuantes no Brasil.
Essa insatisfação sobre o tempo alocado também se aplica ao assunto "segurança cibernética e privacidade de dados". (Foto: Freepik)
Quase seis em cada dez conselheiros de administração que atuam no Brasil (58%) consideram insuficiente o tempo dedicado por eles a mudanças climáticas e gestão ambiental. O assunto "segurança cibernética e privacidade de dados" recebeu avaliação negativa semelhante, com 56% apontando essa insuficiência de dedicação, de acordo com o estudo “Prioridades dos Conselhos de Administração para 2025 nas Américas”, elaborado pela EY, que entrevistou mais de 100 conselheiros atuantes no Brasil. De forma geral, considerando a média das Américas, 42% dos entrevistados querem que os Conselhos dediquem mais tempo à segurança cibernética e privacidade de dados. Já 37% desejam que os Conselhos deem mais atenção ao tema “mudanças climáticas e gestão ambiental”.
Ainda que esses dois assuntos sejam prioridades dos conselheiros para este ano, com segurança cibernética entre as três maiores e mudanças climáticas na oitava posição, os conselheiros não estão satisfeitos com o tempo dedicado a eles, desejando obter mais informações e recursos internos e externos. A COP30, que será realizada neste ano no Brasil, está no radar das empresas, o que por consequência se estende aos conselheiros de administração. Paralelamente a esse evento, há pressão cada vez maior por parte dos investidores para que as empresas divulguem com transparência e objetividade suas iniciativas de sustentabilidade, incluindo os resultados obtidos até aqui e os previstos para o futuro.
“Efeitos climáticos mais severos afetaram as empresas brasileiras em 2024, como as enchentes no Rio Grande do Sul, a interrupção de fornecimento de energia em São Paulo, as secas que impediram o transporte fluvial na região Norte e incêndios ameaçando o agronegócio. Esses eventos fizeram com que os conselheiros questionassem se estão tendo tempo e recursos adequadamente dimensionados à gestão climática e ambiental”, diz Andréa Fuga, sócia-líder de Avaliações, Modelagem e Consultoria Econômica da EY para América Latina. “É possível que esses sejam temas com o menor domínio por parte dos conselheiros, motivo pelo qual sentem a necessidade de ampliar seu conhecimento, dedicando mais tempo e obtendo mais informações provenientes de suas empresas e de terceiros”, completa.
Fraudes cibernéticas
No campo da segurança cibernética, a preocupação das empresas é com o aumento do número de fraudes, o que pode resultar na exposição indevida dos dados dos clientes, e com ataques cibernéticos. Conforme demonstrou estudo recente da EY-Parthenon, as guerras globais aumentam o risco de ataques cibernéticos para as empresas em 2025. Isso porque elas podem ficar nesse fogo cruzado, sofrendo com impactos indiretos em suas operações em caso de ataque cibernético a infraestruturas críticas de um país ou de uma região, como transporte e rede de energia. Já as organizações que atuam em setores estratégicos, como inteligência artificial e fabricação de semicondutores, bem como as que lidam com volumes vastos de dados pessoais sensíveis, correm o risco de sofrer ataques cibernéticos diretos.