Eólica offshore pode ampliar em 3,6 vezes capacidade de energia no país, aponta CNI

Estudo mapeia as áreas em alto mar com maior potencial e os principais setores a serem beneficiados. PI, CE, RN, RJ, ES e RS têm mais oportunidades de exploração. Mas ainda há barreiras para a atividade.

mary-ray-klVPRIylMJY-unsplashEstudo da CNI traz as oportunidades da energia eólica offshore no Brasil.(Fonte: Unsplash)

A fonte eólica, que usa a força dos ventos para produção de energia, já é conhecida no Brasil. A presença de turbinas em terra, no entanto, não é a única forma de geração de eletricidade. É possível colocá-las também no mar, a chamada energia eólica offshore.

Realidade na Europa, Ásia e América do Norte, a eólica offshore começou a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de licenciamento no Ibama, que até 30 de agosto deste ano, contabilizava 78 pedidos de licenciamento, somando 189 GW de potência instalada – quase a capacidade total de energia já instalada centralizada no país e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW).

A capacidade de exploração e as principais barreiras para o desenvolvimento de projetos constam do estudo Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono – elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Potencial brasileiro da eólica offshore

Globalmente, estima-se que 260 GW podem ser gerados até 2030, elevando o total global de instalações eólicas offshore para 316 GW ao final desta década. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão.

Os números globais ainda não repercutiram no Brasil, cujo aproveitamento do potencial energético offshore, de cerca de 700 GW (3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no país), segue inexplorado. Mas por onde começar?

De acordo com a CNI, a região Nordeste tem uma grande área de viabilidade na costa entre o estado do Piauí, do Ceará e no Rio Grande do Norte; assim como também há uma área de grande interesse no Sudeste, entre os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Já na região Sul, observa-se uma área no estado do Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos.

Com cadeias de suprimentos maduras nos setores relacionados à energia eólica onshore, petróleo e gás, o Brasil tem bagagem e experiência para alavancar a produção offshore nesses estados. Além de ajudar o Brasil no cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris, há a expectativa de que o setor eólico – onshore e offshore incluídos – empregue cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 e mais 2,1 milhões até 2050 no mundo, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis.

ACORDO DE PARIS: o Brasil deve reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% até 2025 e em 50% até 2030, tendo como base as emissões de 2005. Além disso, no ano passado, o Brasil se comprometeu a alcançar emissões líquidas neutras até 2050.

Hidrogênio de baixo carbono

Uma das questões levantadas pelo estudo da CNI é como o setor elétrico vai absorver toda essa expectativa de desenvolvimento e expansão da geração. O hidrogênio de baixo carbono, então, surge como um caminho para viabilizar os projetos.

O hidrogênio pode ser produzido a partir de diversas rotas. Hoje, a maior parte é produzida a partir de rotas fósseis, sendo cerca de 71% por meio do gás natural e 27%, da gaseificação do carvão. Apesar disso, o hidrogênio pode ser adquirido a partir da eletrólise com fontes de energia elétrica renovável, a exemplo da eólica offshore.

Ainda que o hidrogênio de baixo carbono provavelmente só tenha mercado consumidor em cerca de dois a três anos, a CNI avalia que é preciso iniciar acordos, memorandos de entendimento e desenvolvimento de infraestrutura para o país se posicionar no mercado.