Guilherme Borges, do Climatempo: 'Empresas precisam adotar estratégias de monitoramento climático para proteger trabalhadores e garantir a produtividade'
Fenômenos cada vez mais frequentes impactam setores estratégicos da economia, avalia a empresa de meteorologia.
Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo. (Foto: Divulgação)
As intensas variações de tempo e clima – como as cinco ondas de calor já registradas em 2025 e as fortes chuvas previstas para o final do verão – têm impactado diretamente setores estratégicos da infraestrutura, como construção civil, mineração, ferrovias, portos e saneamento, além do varejo, que precisa se adaptar rapidamente às mudanças no comportamento do consumidor diante de eventos climáticos extremos. O alerta é da Climatempo – a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina.
"O estresse térmico ocupacional é uma preocupação crescente. Empresas precisam adotar estratégias de monitoramento climático e mitigação dos impactos para proteger a saúde dos trabalhadores e garantir a produtividade corporativa", afirma — Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.
O verão de 2025, abrangendo os meses de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025, foi um dos mais quentes da história. A temperatura média ficou 0,73°C acima da normal climatológica (1991-2020), tornando-se a segunda mais alta já registrada, apenas 0,05°C abaixo do recorde de 2024. Fevereiro de 2025, por exemplo, foi o terceiro mês mais quente já registrado globalmente, de acordo com a reanálise ERA5 do Copernicus Climate Change Service (C3S). Esse cenário reforça a persistência do aquecimento global e seus impactos cada vez mais intensos nas atividades produtivas.
Setores vulneráveis às variações climáticas - As oscilações climáticas afetam desde grandes empreendimentos de infraestrutura até operações do varejo, exigindo planejamento e monitoramento climático contínuo. Cada setor enfrenta desafios específicos:
Ondas de calor e o impacto na produtividade e segurança
• O calor extremo gera estresse térmico ocupacional, afetando trabalhadores que atuam em construção civil, mineração, ferrovias e portos.
• Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a produtividade começa a cair em temperaturas acima de 24°C e, a partir de 33°C, o desempenho pode ser reduzido em até 50%.
• No varejo, períodos prolongados de calor alteram padrões de consumo, aumentando a demanda por produtos de climatização e bebidas e reduzindo o movimento em lojas físicas.
Chuvas intensas e riscos à infraestrutura
A chegada de uma frente fria no início de março quebrou o ciclo de calor extremo no Brasil, reduzindo as temperaturas e trazendo chuvas intensas para o Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. As precipitações acima da média trazem desafios como:
• Construção civil: Alagamentos e instabilidade no solo atrasam cronogramas e comprometem estruturas.
• Mineração: Deslizamentos e erosão impactam a segurança de barragens e operações de extração.
• Ferrovias e portos: Interrupções no transporte devido a inundações e quedas de barreiras.
• Saneamento: Chuvas excessivas podem contaminar reservatórios e sobrecarregar sistemas de drenagem, afetando o abastecimento de água.
• Varejo: Aumento das chuvas impacta a circulação de consumidores, reduzindo o fluxo em lojas físicas e impulsionando o comércio online.
Além disso, tempestades severas podem causar danos em redes elétricas, impactando portos, ferrovias, saneamento e operações logísticas