Izabella Teixeira, da ONU: 'Não vejo o Brasil com um projeto claro de agenda climática'

Copresidente da Internacional Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

A copresidente da Internacional Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira, ex-ministra de Estado do Meio Ambiente, afirmou que o Brasil falha por não apresentar um projeto focado na agenda climática. O alerta ocorreu durante o Seminário LIDE ESG | Sustentabilidade, nesta terça-feira (4), na CASA LIDE, em São Paulo. O evento reuniu empresários e especialistas para debater o país como potência ambiental e as contribuições das lideranças para a COP 30.

"Eu não vejo o Brasil com projeto claro de agenda climática. As pessoas devem entender que o mundo mudou. Temos de parar com o negacionismo climático. Essa agenda não virá de Brasília, mas sim da sociedade. Essa agenda não será de mitigação, será de resiliência e adaptação. A discussão sobre essa agenda requer engajamento do setor privado", afirmou.

Izabella Teixeira explicou que a agenda climática não está mais questão ambiental. "Hoje, trata-se de um domínio geopolítico e econômico. É uma agenda de poder de desenvolvimento. Entendo que é um dos pilares desta era: a dimensão do planeta vai impor limites, riscos para a vida, e pesa na questão até mesmo de segurança e paz, no mundo".

Copresidente da Internacional Resource Panel da ONU, Izabella Teixeira. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

A representante da ONU mostrou-se preocupada com a posição do Brasil na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. "A pauta da COP30 está num contexto que o mundo tem expectativa muito positiva em relação ao Brasil para liderar essa agenda. Mas o Brasil precisa resolver as questões que o impedem de avançar".

A ambientalista também falou sobre a importância da agricultura no processo de descarbonização. "O nosso problema, nesta questão, é justamente o melhor uso da terra. A questão climática determina isso e a disputa nesse mercado é muito dura lá fora. Ser provedor de solução, também significa reunir alianças e tomar um papel de líder".

Malu Ribeiro, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Estratégia

Malu Ribeiro, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica, defendeu um pacto de soluções entre diversos setores para estabelecer o mesmo projeto que Izabella Teixeira alertou. "A nossa agenda de hoje está baseada na contenção de danos. Temos uma grande contradição de pautas: se a gente quer uma outra imagem, temos de mudar o pensamento no parlamento".

Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil, falou sobre a importância dos oceanos para a manutenção do equilíbrio do planeta. "Temos de repensar a maneira de exploração e do manejo. Não adianta continuar da maneira que as nações enxergam o oceano. E o Brasil, enquanto representativo no Atlântico Sul, deve assumir seu protagonismo". 

Sylvia Coutinho, CEO do UBS no Brasil. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Sylvia Coutinho, CEO do UBS no Brasil, disse que é indispensável que o setor produtivo impulsione a agenda verde. "O Brasil tem oportunidades únicas e vantagens competitivas. Antes o país era emergente, e agora virou um player estratégico e necessário para o mundo. Mudou completamente a importância relativa. Temos de ser protagonistas nesta agenda".

Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, acredita que a COP30 pode ser uma oportunidade para o Brasil tornar-se um exemplo de ação. "Precisamos nos somar, compartilhar informação para sensibilizar e levar a educação para que possamos atingir nos próximos anos. Conhecimento e ciência: esse é caminho".

O Seminário LIDE ESG | Sustentabilidade teve como empresas anfitriãs Acciona, Ambipar, Cedae, InvestRio, Pinheiro & Mendes Advogados e Shell. Os mídia partners foram Grupo Jovem Pan, Jovem Pan News, Revista LIDE e TV LIDE. Os fornecedores oficiais são 3Corações, Eccaplan, Natural One, Prata. Os operadores de tecnologia da CASA LIDE são Netglobe, RCE, TCL Semp e The Led.