Para CEOs, ESG pode ser resposta à desaceleração da economia

Aumento do investimento na agenda sustentável permitirá sair do ambiente econômico atual mais forte do que os concorrentes, diz estudo da EY que entrevistou 1,2 mil executivos.

leandro-berbert-eyLeandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. (Foto: Divulgação)

Os CEOs estão olhando para um horizonte mais longo, com maior investimento em sustentabilidade, especialmente meio ambiente e questões sociais. É por meio dessa estratégia que eles acreditam ser possível sair do ambiente econômico desafiador atual em uma posição mais forte do que seus concorrentes, de acordo com o estudo CEO Outlook Pulse, da EY, que entrevistou 1,2 mil executivos em 22 países e atuantes em seis indústrias.

Praticamente quatro em cada dez disseram que suas organizações vão apoiar e aumentar o investimento em sustentabilidade, incluindo net zero e outras questões ambientais, bem como prioridades sociais. Essa foi a segunda resposta mais comum, ficando atrás apenas do investimento em operações, incluindo funções internas, como finanças, contabilidade e cadeias de suprimentos/logística.

No recorte brasileiro, que contou com a participação de 50 CEOs à frente de empresas com faturamento a partir de US$ 250 milhões, essa resposta foi dada por 22% dos entrevistados. A opção mais escolhida foi transformação digital, por meio do investimento em dados e tecnologia. Ainda em relação à agenda sustentável, 42% dos executivos que atuam no mercado nacional disseram que planejam inserir sustentabilidade/ESG como aspecto central dos seus produtos e serviços, a fim de engajar os consumidores nos próximos seis meses.

“Há atualmente uma conjuntura de fatores, como crise geopolítica, guerra, interrupções das cadeias de suprimentos globais e escassez de talentos, que demandará habilidade das lideranças para encontrar soluções”, diz Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. No cenário global, assim como na amostra brasileira, a maioria dos entrevistados (98%) respondeu acreditar em uma desaceleração da economia, mas há divergências em relação à sua duração, profundidade e gravidade, em parte por causa dessa combinação de fatores citada por Berbert. “Para os CEOs, o estudo demonstra que reestruturação é agenda prioritária: o foco é recuperar a rentabilidade da operação e fortalecer o caixa, como forma de resistir à turbulência”, completa.

Quase todos os executivos brasileiros ouvidos (98%) indicaram que iniciativas de redução de custos e proteção das margens são importantes. Já revisões de projetos e investimentos foram escolhidas por 92% dos participantes. Operações de joint ventures ou alianças estratégicas com terceiros, além de fusões e aquisições, estão entre as soluções consideradas pelos CEOs nos próximos 12 meses – 66% indicaram a primeira, e 44% apontaram a segunda (M&As). Ainda segundo o estudo, 44% disseram estar realocando os ativos operacionais e 42% reconfigurando as cadeias de suprimentos.

“Em um ambiente complexo e repleto de desafios de curto prazo, a orientação para os CEOs é investir em projetos de aperfeiçoamento operacional, voltados para a criação de valor e melhoria da margem, além de iniciativas que permitam preservar o caixa da empresa”, afirma Berbert. “Também é preciso reavaliar continuamente o portfólio para explorar oportunidades de M&A que possibilitem o desinvestimento de unidades de negócio menos conectadas com a estratégia da empresa. Por fim, os executivos que lideram as organizações precisam permanecer focados nas oportunidades de crescimento de longo prazo, por meio de investimentos estratégicos no core business”.