Popularização do Open Finance cresce, amplia gama de serviços e torna o consumidor cada vez mais protagonista

Serviços agregados implementados pelo sistema financeiro têm chamado atenção dos clientes e ditam tendências que estão em alta em 2023.

Lorain Pazzetto, head de Estratégia Digital de Finance da FCamaraLorain Pazzetto, head de Estratégia Digital de Finance da FCamara. (Foto: Reprodução/Linkedin)

Aos dois anos de idade, completados em fevereiro, o Open Finance já atingiu a marca de 15 milhões de clientes únicos e 22 milhões de consentimentos ativos para o compartilhamento de dados, de acordo com o Banco Central (BC). À medida que o sistema financeiro cresce e se populariza, aumenta também a oferta de serviços e de competição, além de melhorar o ambiente para colaboração entre as instituições.

Com foco no compartilhamento de dados bancários de usuários, uma das principais premissas do sistema é unificar as informações dos clientes, ajudando as empresas a oferecerem serviços personalizados e transformando o consumidor em protagonista. Algumas tendências vêm se destacando e caindo no gosto do brasileiro, como as interações via WhatsApp e o Iniciador de Pagamentos, que simplifica as operações via Pix.

“Com o tempo, conhecendo melhor o funcionamento e confiando nas instituições, os clientes vêm aumentado seu nível de exigência, especialmente porque eles ficaram aptos a experimentar novos serviços de diferentes instituições e utilizar novas plataformas antes de escolher aquela que atende melhor às suas necessidades”, comenta Lorain Pazzetto, head de Estratégia Digital de Finance da FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa o futuro de negócios.

Evolução do Open Finance traz tendências para o segmento

Embora o Open Finance ainda esteja em desenvolvimento, a maioria das empresas financeiras do país está regulada e implementando novidades para entregar ofertas hiper personalizadas aos clientes que consentiram com o compartilhamento de dados.

O Pix já era “queridinho” e foi a primeira forma de pagamento disponível para o Open Finance. Com o Iniciador de Pagamentos, considerado sua evolução, veio uma opção ainda mais otimizada e eficaz de transação. O processo tornou-se fluido e sem trocas de tela ou interrupções, uma conexão que ocorre por meio de APIs. O usuário é automaticamente direcionado para a sua instituição financeira, onde precisa apenas validar e confirmar a operação antes de retornar ao recebedor do pagamento. Todo o procedimento é seguro e autorizado por meio de login e senha, além de ser protegido e regulamentado pelo BC.

Outra tendência interessante é a figura do gestor de finanças, um serviço dos bancos e fintechs voltado para a educação financeira. A ideia é que o serviço entenda a fase da vida em que o cliente se encontra e ofereça produtos que se encaixam nos planos de cada um. “Com o personal financial management, o cliente dá consentimento para compartilhamento de dados de todas as contas, que atualmente gira em torno de cinco contas bancárias por brasileiro. Com isso, ele centraliza todas as informações, permitindo uma visão 360º das fontes de renda, despesas, limites pré-aprovados etc”, explica Pazzetto.

Esse tipo de processo gera facilidade para o usuário e segurança para as instituições financeiras tomarem suas decisões, avaliando o comportamento do cliente. “Além disso, os bancos também conseguem fazer o benchmarking de seus concorrentes e pensar em estratégias de defesa e ataque para poder conquistar e fidelizar esses consumidores”, pontua o executivo.

O Open Finance também permite a viabilização de ofertas de serviços financeiros em outros canais, como empréstimo pessoal no checkout de um e-commerce para o cliente que não tem limite suficiente no cartão de crédito, por exemplo.

“Essa tendência, conhecida como Beyond Banking, empodera o indivíduo com um maior poder de compra, favorece o e-commerce com o aumento da taxa de conversão e ticket médio e garante que a instituição financeira terá um Custo de Aquisição de Clientes (CAC) muito menor. E, para que tudo isso ocorra de forma eficaz, já que o modelo traz inúmeras oportunidades, o suporte com especialistas no setor se faz crucial, já que estamos falando de uso de tecnologias, que envolvam segurança e garantam a regulamentação correta”, conclui Lorain.

O Open Finance se encontra em sua quarta fase, que permite a junção de participantes e reguladores de fora do sistema bancário. Um levantamento da Entidade de Implementação do Open Banking (OBIE) aponta que já são mais de 800 instituições participantes, entre bancos, fintechs e cooperativas de crédito de todos os tamanhos, somando mais de 10 bilhões de trocas de informações entre instituições no Brasil.