Capital de giro é o maior desafio dos negócios de alimentação fora do lar
Pesquisa do Sebrae e Abrasel mostra que mais da metade desses empresários (56%) buscou empréstimos desde o início da crise.
Levantamento aponta ainda que as empresas de alimentação fora do lar demitiram proporcionalmente mais. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil) |
O segmento de alimentação fora do lar foi fortemente atingido pela pandemia do coronavírus, e está entre aquelas atividades que enfrentam os maiores obstáculos na retomada. Pesquisa feita pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostrou que 85% dos negócios estão faturando menos do que antes, uma realidade mais dramática se comparada às demais atividades econômicas (81% das empresas tiveram perdas). O levantamento aponta ainda que as empresas de alimentação fora do lar demitiram proporcionalmente mais (12%) do que os demais setores (9%).
A pesquisa foi realizada no período de 27/07 a 06/08 junto a uma amostra de 1.191 empresários do setor, em todos os estados e no Distrito Federal. Foram ouvidos 39% de microempreendedores individuais (MEI), 30% de Microempresas, 28% de Empresas de Pequeno Porte (EPP) e 3% Médias ou Grandes Empresas. De acordo com os entrevistados, o maior desafio para a retomada e sobrevivência dos seus negócios é ter capital de giro (63%), seguido pela preocupação com o comportamento do consumidor (32%). Os dados mostram que a preocupação desses empresários com o fluxo de caixa já levou mais da metade deles (56%) a buscar empréstimos desde o início da pandemia. Essa proporção é dois pontos percentuais superior ao conjunto de todos os segmentos da economia (54%). Entretanto, apesar da grande procura, ainda é baixo o nível de sucesso desses empreendedores: apenas 20% tiveram o pedido aprovado.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, diz que a situação do setor, formado majoritariamente por MEI, micro e pequenas empresas, exige uma atenção especial. “A alimentação fora do lar é uma das atividades com maior concentração de empreendedores no país. Precisamos ampliar o acesso a crédito para que esses pequenos negócios consigam equilibrar o fluxo de caixa e contribuir para se adaptarem à forte demanda de digitalização verificada na pandemia”, comenta Melles. Apesar das dificuldades, o presidente do Sebrae chama a atenção para uma melhora no nível de otimismo dos empresários: “Entre a primeira pesquisa, feita em junho, e o último levantamento, cresceu de 16% para 30% a proporção dos que responderam que ‘mais da metade dos clientes’ vai voltar em 30 dias”. O estudo mostrou ainda que o percentual de empresas que estão faturando menos de 1/4 do que faturavam antes passou de 54% em junho para 29% em julho.
Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, o setor precisará de apoio diferenciado na retomada das atividades. “Fomos um dos mais atingidos pela crise. Existe, do outro lado do rio, um futuro no qual acreditamos. Aqueles negócios que sobreviverem até dezembro, podem ter resultados melhores do que antes da pandemia. Essa travessia é o grande desafio, para o qual a obtenção de capital de giro será decisiva, uma vez que os primeiros meses de retomada ainda serão deficitários”, afirma.
Virada
Para conseguirem se manter em atividade, cresceu a proporção de negócios de alimentação fora do lar que passou a adotar o sistema de delivery. Antes da pandemia, 54% dos empresários usavam esse recurso. Agora, esse percentual subiu para 66%. A mudança mais significativa se deu nas padarias, onde as empresas que fazem delivery passaram de 36% antes da crise para 61% em agosto. Houve ainda um crescimento significativo de quem vende por plataformas online. Desde o início da crise, 25% dos negócios de alimentação fora do lar passaram a vender a partir dessa modalidade. Hoje, 72% dos negócios estão conectados. Neste universo, as pizzarias e padarias conseguiram rapidamente se adaptar e, consequentemente, estão sofrendo menos. Já os cafés, bares e os restaurantes estão sofrendo mais que a média.
Ainda de acordo com o levantamento, as empresas de alimentação fora do lar planejam, para os próximos seis meses, investir principalmente para agregar outros serviços ao negócio (38%) e em marketing (29%), refletindo uma preocupação desses empresários com as mudanças de comportamento dos consumidores.
Outros números da pesquisa
- 85% dos negócios estão faturando menos do que antes do início da crise
- Delivery sustenta as vendas: 75% das empresas de alimentação vendem online
- De acordo com os entrevistados, o maior desafio é ter capital de giro para equilibrar os negócios (63%)
- Mais da metade deles (56%) buscaram empréstimos desde o início da pandemia
- Apenas 20% tiveram o pedido aprovado
- Com exceção de padarias, todos os segmentos apresentaram melhora no faturamento de junho para julho
- 50% das empresas de AFL que reduziram jornada ou suspenderam contratos disseram que já utilizaram o limite máximo de 90 dias
- Quase 72% das empresas de AFL vendem online
- Percentual de empresas que estão faturando menos de 1/4 do que faturavam antes passou de 54% em junho para 29% em julho
- Cresceu de 54% para 66% a proporção de negócios do setor de alimentação fora do lar que passaram a adotar o sistema de delivery
- Desde o início da crise, 25% dos negócios de alimentação fora do lar passaram a vender de modo online
(Fonte: Agência Sebrae)