Conheça La Bodeguita del Medio, o berço do Mojito cubano
Bar frequentado por personalidades como Ernest Hemingway, Salvador Allende, Fidel Castro e Nat King Cole é ponto turístico cheio de histórias sobre coquetelaria.
Calle Empedrado, número 207, quase de esquina com a Catedral de Havana. Nesse endereço, bem conhecido pelos turistas que visitam a capital, fica o bar mais icônico de toda Cuba: La Bodeguita del Medio. Prestes a completar 80 anos, ele é um baú de histórias, especialmente graças ao Mojito, seu principal drink.
Como o próprio nome já deixa uma pista, antes de se tornar um bar, o local era uma “bodega” (armazém). A loja foi aberta em abril de 1942 por Ángel Martinez com o nome de La Complaciente, onde se vendiam produtos típicos, charutos e algumas refeições. Anos mais tarde, o proprietário decidiu renomeá-la da maneira como era conhecida informalmente: a bodeguinha do meio da quadra ou La Bodeguita del Medio. Naquela época, era comum que os restaurantes ficassem nas esquinas, nunca no meio da quadra. Hoje, o bar é mantido por uma empresa estatal.
Sua fachada e paredes azuis chamam atenção não só pelo estilo. Localizado na chamada Havana Vieja, o bar está sempre rodeado de turistas em busca do verdadeiro Mojito Cubano. Em seu interior, são diversos ambientes aconchegantes, com mesas e balcões onde é possível saborear além do famoso coquetel, pratos típicos e os charutos nacionais.
A trilha sonora fica por conta de artistas que se revezam para tocar a rumba cubana e garantir alguns trocados.
Clientela famosa
Entre um e outro Mojito, alguns famosos deixaram registrado seu carinho pelo bar. Um deles foi o jornalista e escritor americano Ernest Hemingway, que viveu no país por 20 anos e não perdia a oportunidade de encostar na bancada da bodeguita para beber e jogar conversa fora. Durante uma visita, escreveu uma mensagem: “My Mojito en la Bodeguita y my Daiquiri en el Floridita”, em referência também a outro bar bastante frequentado nas imediações. Hoje ela fica exposta junto às garrafas de rum no balcão.
Como um verdadeiro embaixador do coquetel, Hemingway ajudou a popularizá-lo pelo mundo. Para homenageá-lo, La Bodeguita del Medio pendurou uma grande foto sua ao lado de Fidel Castro.
Que tal experimentar um Mojito enquanto ouve um grupo de música cubana. (Foto: Ricardo Meza/Divulgação)
Mas essa não é a única foto decorando as paredes do bar. São muitas, homenageando outros cliente ilustres, como o poeta Nicolás Guillén, o ex-presidente socialista chileno Salvador Allende, o cantor americano de jazz Nat King Cole, o poeta Pablo Neruda e o ator australiano Errol Flynn. Algumas mesas têm placas informando os lugares favoritos de seus antigos clientes.
Todos os visitantes – famosos ou anônimos – são convidados a deixar sua assinatura nas paredes azuis da bodeguita. Tantas dedicatórias deram um visual único ao bar e hoje até falta espaço para escrever uma nova mensagem. Mesmo assim, vale tentar a sorte enquanto se saboreia um pouco do Mojito da casa.
Atentado e revitalização
Frequentado por personalidades da música, literatura e política, o bar se consolidou como um dos mais conhecidos da cidade. Em 1997, em meio a atentados a pontos turísticos na capital cubana, La Bodeguita del Medio foi alvo de uma bomba colocada por um mercenário salvadorenho. O ataque teria sido encomendado por opositores do governo cubano residentes nos Estados Unidos. Após o triste episódio, o restaurante foi reformado e reaberto.
Hoje, o bar segue como um dos principais pontos de parada para os turistas apaixonados pela coquetelaria cubana e seu rum nacional, Havana Club.
Existem algumas histórias sobre a origem do Mojito. Mas não dá para negar que é um drink refrescante e com a cara de Cuba. (Foto: Divulgação)
De tão relevante na cena local, La Bodeguita del Medio inspirou a criação de uma franquia com outros bares ao redor do mundo. Inglaterra, Bélgica, México e Argentina são alguns dos países que reproduzem a cultura e os drinks cubanos.
Drink Cercado de Histórias
Ao contrário de outros cocktails cuja origem é documentada e conhecida, o Mojito tem sua autoria cercada de histórias, que vão de piratas a escritores. Ernest Hemingway afirmava que a bebida havia sido uma criação do almirante inglês Francis Drake, que misturava rum, limão e hortelã para servir à sua tripulação e evitar problemas respiratórios e estomacais. Como eles atracavam em Cuba para negócios, a bebida logo ficou conhecida por lá.
Como o destilado de melaço de cana de açúcar era muito comum nos países da América Central e Caribe, também atribui-se a receita aos piratas que navegavam pelo Atlântico e saqueavam navios com rumo à Europa. Segundo relatos, o rum os deixava mais fortes e corajosos na hora do ataque.
Mas fato é que o rum existia desde o século XVI e era produzido em fazendas e destilarias artesanais. Ou seja, nem sempre o resultado era uma bebida pura e translúcida como temos hoje. Por isso, para tornar o sabor mais agradável, conta-se que aos poucos mel, hortelã, limão e outros ingredientes foram acrescentados ao destilado. Daí surgiram drinks emblemáticos como Mojito, Daiquiri e Cuba libre.
Tradicional mojito. (Foto: Divulgação)
Mojito
Ingredientes
50 ml de rum Havana Club Añejo 3 años
7 folhas de hortelã
10 ml de suco de limão
20 ml de xarope de açúcar
100 ml de água com gás
1 ramo de hortelã para decorar
Modo de preparo
Em um copo long drink, coloque a hortelã e macere levemente. Encha o copo com gelo, adicione o xarope de açúcar e o Havana Club Añejo 3 años. Mexa com uma colher bailarina, complete com água com gás e mexa novamente. Decore o copo com o ramo de hortelã e sirva.
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