Veja 5 mulheres que mudaram a história da coquetelaria
Muitos acontecimentos históricos mudaram o curso da coquetelaria que temos hoje. Conheça algumas mulheres que ajudaram a construir essa trajetória.
Ada Coleman: ‘Coley’ como era conhecida em na barra do American Bar, em Londres. (Foto: Divulgação)
Se nos confins da história há spirits que surgiram das mãos de monges, marinheiros e escravos, também neles estão impressos os nomes de mulheres que contribuíram para a construção da cultura de bar que temos hoje.
Em momentos importantes para a trajetória dos cocktails e de toda a indústria de bar, como a Lei Seca americana, por exemplo, é possível encontrar barmaids, advogadas e entusiastas que trouxeram cor a este período. No entanto, nem todas as contribuições são tão positivas como esperamos. Uma das mulheres listadas abaixo lutou para que os bares fossem fechados e o álcool, banido. Porém, sem as atitudes tomadas por ela, talvez hoje não dispuséssemos da diversidade de receitas e anedotas da Prohibition.
Confira abaixo cinco mulheres que mudaram a história da coquetelaria:
Rainha Ana (1665 – 1714)
Sucessora do Rei William III da Inglaterra, a Rainha Ana chegou ao trono em 1702. Também apaixonada pelos destilados, especialmente o genever, o gin tornou-se sua bebida favorita para o dia a dia e também para as grandes celebrações da realeza. Muitos historiadores afirmam, inclusive, que ela encorajava ministros e o povo inglês como um todo a beber o spirit oficial da coroa.
Pouco antes do início de seu reinado, ainda em 1690, o parlamento britânico havia aprovado o The Distilling Act, que encorajava e facilitava a produção de cognac (ou melhor, brandies – entenda a diferença entre as duas bebidas aqui) e destilados de milho no país. Ainda na década de 1690, quatro anos após o Distilling Act, a cerveja passou a ser altamente taxada, abrindo caminho para um dos períodos mais sombrios da história da Inglaterra, a Gin Craze. Saiba tudo sobre ela nesta matéria especial.
Carrie Amelia Nation (1846 – 1911)
Americana nascida no estado de Kentucky, Carrie Nation foi símbolo do radicalismo do Movimento de Temperança ocorrido no país entre os anos de 1920 – culminando, como já sabemos, na promulgação do Prohibition Act, também conhecido como Lei Seca Americana.
Embora não fosse bartender nem tivesse qualquer ligação com a indústria de bebidas como um todo, defendia, entre outras bandeiras, que mulheres não utilizassem corsettes para que não danificassem seus órgãos internos, e também que o álcool fosse proibido, devido danos à saúde, à segurança das famílias e também por motivações religiosas, com apoio de vários setores da sociedade da época.
Ela se descrevia como um “buldogue que corria ao lado dos pés de Jesus Cristo e latia para aquilo que ele discordava” e atacava bares com uma machadinha, alegando ordens divinas.
Talvez seja difícil aceitar que essa tenha sido uma contribuição positiva para a coquetelaria, mas é preciso levar em consideração o movimento de criatividade, as novas receitas e nova cultura de bar surgida após este período tão tempestuoso da história norte-americana.
Ada Coleman (1875 – 1966)
‘Coley’ como era conhecida em na barra do American Bar, em Londres, já é velha conhecida da comunidade de bartenders e talvez seja a mais famosa nesta lista – tanto que estampa a capa desta matéria. Antecessora do barman Harry Cradock na barra mais elegante da cidade, sua contribuição mais importante para o mundo dos cocktails foi o Hanky Panky, criado especialmente para o ator Charles Hawtrey, frequentador assíduo do bar.
Considerada uma lenda por ser a única mulher a ocupar a lista de head bartenders do bar do Savoy, ela o fez em um tempo ainda mais improvável, no início do século XX, aos 24 anos.
Ada Coleman é até hoje fonte inesgotável de inspiração para mulheres que decidem seguir carreira do bar e deixar seu nome na história da coquetelaria internacional.
Valentine Goesaert (1889 – 1986)
Valentine é um nome pouco conhecido, mas sua contribuição à coquetelaria é inestimável. Em 1940, alguns anos após o fim da Lei Seca, alguns estados americanos ainda seguiam duras leis referentes ao trabalho no bar. O Michigan era um deles. Valentine, proprietária de uma taverna, havia perdido sua licença para trabalhar como bartender. Para recuperar o direito de seguir a carreira que tanto gostava, contratou a advogada Anne Davidow.
Apesar da luta, advogada e sua cliente não conseguiram reverter a lei estadual. Porém, sua aparição em frente à Suprema Corte tornou-se uma inspiração para que as barmaids do estado continuassem lutando pelo direito de trabalhar. A recusa de Valentine em desistir iluminou a paixão que as mulheres tinham por suas carreiras.
Joy Perrine (1965 – Hoje)
Bartender, apaixonada por whiskey, escritora e uma das poucas mulheres a conquistar um espaço no Kentucky Bourbon Hall of Fame. Estes são apenas alguns feitos de Joy Perrine, nascida no estado de New Jersey, no seio de uma família que contrabandeava bebidas alcoólicas durante a Lei Seca. Apaixonada pelo universo dos spirits, ela tornou-se bartender quando morava nas Ilhas Virgens americanas e nunca mais saiu da profissão.
Seu spirit favorito era o bourbon whiskey, do qual era entusiasta em receitas de coquetelaria, sendo reconhecida como uma pioneira no uso do destilado de forma criativa, indo além dos clássicos. Seu conhecimento do universo desta bebida era tão notável que ao lado de Susan Reigler, foi coautora do livro The Kentucky Bourbon Cocktail Book.
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