40% das conselheiras preferem desistir do cargo se seu trabalho não for transformador
Levantamento inédito da consultoria de gestão organizacional mostra o perfil das mulheres nos cargos de conselhos e quais são os obstáculos na profissão se comparado aos homens.
Levantamento inédito da consultoria de gestão organizacional mostra o perfil das mulheres nos cargos de conselhos e quais são os obstáculos na profissão se comparado aos homens. (Foto: Shutterstock)
Os membros de conselhos estão se adaptando cada vez mais às transformações para acompanharem as novas tendências e culturas das empresas que buscam constante evolução em seus negócios. Esse desenvolvimento profissional é ainda mais crítico e relevante para o gênero feminino que, ainda, enfrenta desafios de representação se comparado aos homens que ocupam grande parte das cadeiras.
Pensando em compreender melhor isso, a consultoria global de gestão organizacional, Korn Ferry, ao lado da Women Corporate Directors (WCD) Brasil pesquisaram com profundidade questionamentos pessoais e profissionais de diversos grupos de mulheres conselheiras para descobrir a importância do papel feminino nessa profissão. O resultado foi um estudo capaz de traçar o Perfil das Conselheiras no país.
O primeiro dado traz à tona a confirmação de que as conselheiras trabalham com propósitos e respeitam muito seus anseios profissionais acima de tudo. O estudo revelou que 40% das mulheres preferem desistir da posição que estão se percebessem que suas transformações não teriam impacto positivo nas organizações.
O propósito feminino nesta profissão é visivelmente comprovado já que 59% das entrevistadas têm como maior motivação para ser conselheira o poder de exercer influência para a transformação das organizações, e 58% orgulham-se das modificações organizacionais que têm tido a oportunidade de participar como conselheira.
A líder de Transformação Organizacional na Korn Ferry, Adriana Rosa, explica o papel dos conselhos e sua relevância quando está atrelado aos propósitos. “As conselheiras carregam consigo diversas habilidades comportamentais, cognitivas e emocionais, capazes de transformar qualquer desafio em oportunidade, ainda mais quando elas mesmas despertam um olhar crítico sobre diferentes temas”, relata.
O caminho para o conselho
O levantamento mostrou quais são os suportes, históricos e anseios para que as mulheres integrem as cadeiras desse grupo que é tão diverso e atento às melhorias das organizações. Apenas 12% afirmaram que desejavam seguir carreira nessa área, enquanto 27% mencionaram que receberam feedback sobre suas habilidades como motivação, e 33% expressaram que sua posição no C-level as impulsiona a serem conselheiras.
Em meio às possibilidades de ascensão de carreira, seja nacional ou fora do país, 85% das entrevistadas conseguiram ocupar as posições de cargo C-level pelas quais passaram e somente 34% das conselheiras tiveram experiência internacional e oportunidade de serem transferidas para morarem no exterior a pedido de trabalho.
Desafios
O material elaborado pela Korn Ferry, por meio de sua pesquisa feita com 270 mulheres e 70 homens, foi a fundo para entender os obstáculos que as conselheiras enfrentam. Por meio da análise foram identificados três desafios, sendo vieses (52%), networking (25%) e a experiência profissional (13%).
Para a líder de Prática de Transformação da consultoria, Adriana Rosa, esses obstáculos não podem ser deixados de lado e a atenção deve ser em dobro para melhor aperfeiçoamento da carreira. “O networking, por exemplo, é um desafio para as mulheres se comparado aos homens conselheiros. Isso, porque, a forma de relacionamento para construir uma rede de contatos sofre com os resultados de um contexto social envolvendo questões de gênero carregados com vieses inconscientes, preconceitos e, até mesmo, a diferença de rotina entre ambos”, conta.
O levantamento também se debruçou para compreender qual foi a maior barreira para chegar na posição de conselheira. Em resposta, 52% das entrevistadas disseram que a demora para ter a primeira oportunidade é um empecilho, 17% não se julgavam boas os suficientes para ocuparem a posição e 8% tiveram dificuldades para adquirir as experiências necessárias para o cargo.
A visão masculina
A pesquisa conversou com alguns conselheiros para entender a opinião sobre a presença feminina nesta profissão e, dentre os principais resultados, os dados trouxeram uma provocação. Quando foram questionados: “como você avalia a atuação das mulheres em posições de conselho?”, em resposta, 55% dos homens acreditam que seja boa, apenas 39% deles avaliam como ótima e 6% de maneira regular.
Atributos
Na apresentação da pesquisa, foi feita uma comparação entre os sete atributos chaves de conselheiros, estabelecidos de acordo com a base de dados da Korn Ferry (em verde) com as respostas das entrevistas na pesquisa atual sobre a sua autopercepção (em preto). Os resultados estão abaixo:
- Construir confiança | 92% demonstram coerência entre palavras e ações;
- Promover colaboração | 76% promovem colaboração com outros stakeholders;
- Diversificar opiniões | 69% criam ambiente onde diferenças são valorizadas;
- Simplificar o complexo | 64% são capazes de liderar questões complicadas e transmitir mensagens diretamente;
- Construir consenso | 58% atuam de forma proativa para solucionar conflitos;
- Poder de síntese | 54% sintetizam informações, experiências e opiniões para definir rota;
- Pensamento estratégico | 51% são capazes de mudar abordagem para atender demandas específicas;
“Um conselho para todas as mulheres que desejam seguir a carreira ou se desenvolver ainda mais, é que elas invistam em especialização, em sua rede de contatos e, automaticamente, criem parcerias inovadoras. Além disso, é importante que se capacitem cada vez mais, tenham habilidades de governança atualizadas, sejam ativas nas agendas de conselhos, e principalmente, que possam ir além das pautas já esperadas sobre DE&I.”, finaliza a líder de Prática e Transformação da Korn Ferry, Adriana Rosa.