Camila Nogueira: 'Aquisição de participação na Lenzing representa um marco no processo de internalização da companhia'

No ano de seu centenário, a Suzano amplia seu mercado principal e vislumbra novos caminhos com a aquisição da participação de uma das mais tradicionais empresas de fibra celulósica destinada à produção de roupas.

Camila Nogueira (3)Camila Nogueira, diretora de Relações com Investidores da Suzano. (Foto: Divulgação/Suzano)

No ano do seu centenário, a Suzano completa outro marco: a conclusão do maior ciclo de investimentos da empresa, no valor de mais de R$ 50 bilhões - que resultou em novas fábricas e ampliação de capacidade de produção. Muito mais que o reforço no mercado em que já carrega sua história, a companhia aposta no segmento têxtil, com a aquisição da participação na Lenzing - uma das mais tradicionais empresas de fibra celulósica destinada à produção de roupas -, assim como a criação da joint venture Woodspin.

Camila Nogueira, diretora de Relações com Investidores da Suzano, revela, em entrevista exclusiva, os próximos passos da companhia neste processo de expansão e diversificação, que segundo ela, está atrelado ao objetivo da Suzano em “ser arrojada na expansão em novos mercados”.

Sendo a maior fabricante de celulose do mundo, qual é a importância de entrar no setor têxtil, adquirindo parte da austríaca Lenzing? E que novas possibilidades são abertas com essa aquisição?

O ingresso no mercado têxtil está alinhado a duas das avenidas estratégicas de longo prazo da Suzano, ser “Arrojada na Expansão em Novos Mercados” e ser “Protagonista em Sustentabilidade”. A aquisição da participação na Lenzing, assim como a criação da joint venture Woodspin com a finlandesa Spinnova, em 2022, visam ampliar o mercado endereçável da companhia e explorar novas oportunidades de crescimento a partir da oferta de uma matéria-prima de origem renovável para abastecer a indústria têxtil global com fibras mais sustentáveis e de alta qualidade.

Acreditamos que, da mesma forma que a competitividade e o desempenho da fibra de eucalipto viabilizaram ao longo dos anos ganhos sucessivos de market share no mercado de produtos sanitários, papéis de imprimir & escrever e embalagem, há uma tendência semelhante na vertical têxtil. Para isso, buscamos conhecer com mais profundidade esse mercado, para identificar como podemos criar valor unindo as fortalezas da Suzano à Lenzing, uma empresa que se destaca por deter as melhores tecnologias, marcas e acessos à base de clientes desse segmento.

Qual é o atual momento da companhia?

A Suzano está no ano de seu centenário e prestes a concluir o maior ciclo de investimentos de sua história. Após desembolsarmos mais de R$ 50 bilhões nos últimos cinco anos, investiremos mais R$ 16,5 bilhões ao longo deste ano, incluindo a conclusão do Projeto Cerrado. Somente esta nova fábrica de celulose, instalada em Ribas do Rio Pardo (MS), representa um investimento de R$ 22,2 bilhões e resulta em um acréscimo de aproximadamente 20% na capacidade instalada de produção de celulose da Suzano.

Outros importantes investimentos recentes, como a compra dos ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil e a aquisição de uma fatia minoritária da Lenzing, demonstram a confiança da empresa na crescente demanda global por produtos de origem renovável a partir de árvores plantadas de eucalipto.

Todos os investimentos da companhia estão no âmbito de suas cinco avenidas estratégicas de longo prazo. A compra da Lenzing, por exemplo, está diretamente conectada com as avenidas “Ser arrojada na Expansão em Novos Mercados” e “Ser protagonista em Sustentabilidade”, conforme mencionado anteriormente. Já o Projeto Cerrado insere-se nas avenidas “Manter relevância em celulose, via bons projetos”, “Ser Best-in-Class na visão de custo total de celulose” e “Ser protagonista em sustentabilidade”. Esses são apenas alguns dos muitos exemplos que demonstram a determinação da Suzano em gerar e compartilhar valor com todos seus stakeholders na construção de um futuro melhor e mais sustentável.

Quais são as perspectivas para o próximo ano?

Acreditamos que a conclusão da curva de aprendizado do Projeto Cerrado no próximo ano será um divisor na história da Suzano no que diz respeito a sua maior competitividade estrutural e à geração de caixa. Esta nova condição nos permitirá avançar com mais velocidade em nossa estratégia de negócio, sempre com disciplina financeira e de alocação de capital. A aquisição de participação na Lenzing representa um marco no processo de internalização da companhia. Adicionalmente, continuaremos a fortalecer nossa atuação socioambiental, pois é assim que semeamos, todos os dias, um legado positivo para os próximos 100 anos.

Além da aquisição da Lenzing, quais têm sido os esforços e investimentos da Suzano atualmente? Por quê?

Além da Lenzing e dos investimentos mencionados anteriormente, destaco outros dois projetos anunciados em 2023 que estão em fase de construção. Em Aracruz (ES), estamos investindo R$ 650 milhões na construção de uma fábrica de papel tissue, utilizado na confecção de itens de higiene e limpeza como papel higiênico, guardanapo, papel toalha e lenços umedecidos. Com ela, reforçaremos a liderança da Suzano nesse mercado no Brasil.

Já em Limeira (SP), estamos ampliando a capacidade de produção de celulose fluff, uma matéria-prima de produtos absorventes e de higiene pessoal como fraldas infantis e adultas, absorventes femininos e tapetes para pets. O investimento de R$ 490 milhões realizado no local nos permitirá quadruplicar a oferta atual, sendo este um produto pioneiro globalmente e desenvolvido pela Suzano tratando-se da primeira celulose fluff produzida a partir do eucalipto.