Maioria das empresas ainda não adota programas de inclusão para mães no mercado de trabalho

Levantamento mostra que mais de 63% das organizações não possuem iniciativas específicas para gestantes ou mães e revela aumento da resistência na contratação.

gravidaLevantamento mostra que mais de 63% das organizações não possuem iniciativas específicas para gestantes ou mães. (Foto: Divulgação)

A inclusão de mães no mercado de trabalho ainda enfrenta grandes obstáculos dentro das próprias organizações. É o que revela uma pesquisa da Catho, plataforma de empregos pioneira no Brasil. De acordo com o levantamento, 63,3% das empresas não possuem programas de inclusão, capacitação ou reconhecimento voltados a mães ou gestantes — evidenciando a falta de políticas estruturadas para apoiar esse público no ambiente corporativo.

Apenas 15% dos profissionais afirmaram trabalhar em empresas que contam com algum tipo de programa específico para este público, o que mostra que ações para promover a equidade de gênero e a diversidade ainda são incipientes na maioria das companhias. "Incluir mães no mercado de trabalho vai muito além da contratação. É preciso criar um ambiente em que elas possam se desenvolver profissionalmente e equilibrar suas responsabilidades pessoais, o que exige políticas mais efetivas e inclusivas", afirma Christiana Mello, diretora de Growth B2B Pequenas e Médias Empresas da Catho.

Quando se trata de benefícios oferecidos que contribuem para o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal das mães, horários flexíveis (18,9%), salário-família (17,5%) e plano de saúde para dependentes (16,6%) são os mais citados. Entretanto, a ausência de programas estruturados e de um olhar mais cuidadoso para a maternidade ainda é a realidade para muitas profissionais.

Outro dado preocupante é o aumento da resistência interna em processos de recrutamento e desenvolvimento de talentos. Segundo a pesquisa, 36,9% dos entrevistados afirmaram já ter presenciado resistência por parte da liderança para contratar ou promover mães ou gestantes — um crescimento de 3 pontos percentuais em comparação com 2024, que era 33%.

"Esse dado é um alerta importante. Além de contrariar os princípios de diversidade, essa postura limita a inovação e a produtividade das empresas, que perdem a oportunidade de integrar talentos altamente comprometidos e resilientes", destaca Christiana.

A falta de políticas específicas também impacta a retenção de talentos femininos e a construção de ambientes mais diversos. Estudos globais, como o da McKinsey & Company, indicam que companhias com diversidade de gênero acima da média têm 25% mais chances de obter lucratividade superior. Conforme a especialista da Catho, a diversidade, quando incorporada de forma genuína, gera ambientes mais criativos, produtivos e preparados para os desafios do futuro.

“O cenário indica que ainda há um longo caminho a ser percorrido para transformar a realidade das mães no mercado de trabalho brasileiro. Para as empresas, a adoção de práticas como flexibilização de jornadas, criação de programas de reintegração pós-licença-maternidade e capacitação contínua são estratégias fundamentais para reter e desenvolver talentos femininos, revertendo este cenário atual”, ressalta Mello.

Além disso, iniciativas de conscientização sobre os vieses inconscientes que impactam as decisões de contratação e promoção são cada vez mais necessárias para construir ambientes corporativos verdadeiramente inclusivos.

"A transformação exige mudança cultural e estratégica. Incluir mães no mercado de trabalho diz muito sobre responsabilidade social, mas também sobre proporcionar oportunidades reais de crescimento para profissionais e empresas”, conclui Christiana Mello.