Quase metade dos CEOs de energia e serviços de utilidade pública revelam aumento de receita com investimentos de impacto climático positivo
48% dos líderes do setor no Brasil revelam que investimentos de impacto climático positivo levaram a um aumento de receita nos últimos cinco anos.
Adriano Correia, sócio e líder do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública da PwC Brasil. (Foto: Divulgação)
No setor de energia e serviços de utilidade pública no Brasil (EU&R), a 28ª edição da pesquisa Global CEO Survey revela um contraste entre o otimismo em relação à economia, o nível de confiança no crescimento da receita das empresas e na sustentabilidade dos modelos de negócios. Os desafios climáticos também aparecem forte no setor, enquanto os líderes já veem maior retorno sobre investimento em ações de impacto climático positivo, eles mesmos apontam as mudanças climáticas como a maior ameaça ao setor nos próximos 12 meses.
Quando o assunto é a economia tanto global, quanto do país, os CEOs de empresas de energia e de serviços de utilidade pública demonstram um otimismo maior que a média nacional: 83% projetam um crescimento da economia global nos próximos 12 meses e 77% esperam aceleração da economia local neste mesmo período. Enquanto 68% dos líderes no Brasil acreditam no crescimento da economia global e apenas 58% da média global dos CEOs segue a mesma projeção. Em relação ao crescimento da economia local, a média no Brasil foi de 73%.
Em contrapartida, a confiança do setor no crescimento da receita nos próximos 12 meses teve queda de 14 pontos percentuais em relação ao ano anterior. E, quando analisados os próximos três anos, a queda de confiança é ainda maior, tanto no setor, como na média nacional.
“São dados que refletem uma visão cautelosa de curto prazo e que se torna ainda mais acentuada no longo prazo”, analisa o sócio e líder do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública da PwC Brasil, Adriano Correia.
Esta preocupação também está presente quando os executivos respondem sobre a viabilidade dos seus modelos de negócio: 51% dos CEOs do setor acreditam que as suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos sem mudanças significativas. Os dados refletem um aumento significativo em relação aos 29% registrados em 2024. Na média geral, 45% dos líderes brasileiros disseram que seus negócios não seriam viáveis se não se reinventarem nos próximos anos.
Mudanças climáticas
Quase metade dos CEOs do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública no Brasil (48%) dizem que investimentos com impacto climático positivo levaram a um aumento da receita nos últimos cinco anos. No entanto, a proporção dos que constataram pouco ou nenhum retorno sobre os investimentos é a mesma. No total, 64% dos executivos do setor dizem que estes investimentos levaram a uma redução de custos ou resultaram em impacto irrelevante (a média no Brasil foi de 69%).
Apesar dos investimentos, os CEOs apontam as mudanças climáticas como a principal ameaça ao setor, uma preocupação acima da média dos líderes brasileiros com o tema. Por outro lado, apesar de ter subido da terceira posição para a primeira posição entre as principais ameaças, o percentual de líderes que mencionam o desafio climático como principal ameaça caiu para 31% enquanto no ano passado foi de 39%.
Outras ameaças também são percebidas no setor de EU&R com intensidade acompanhando as preocupações dos CEOs brasileiros. A disrupção tecnológica é indicada por 26% dos líderes do setor, os riscos cibernéticos são uma ameaça para 23% dos CEOs de EU&R e a instabilidade macroeconômica é vista como um risco significativo por 23% dos CEOs do setor.
“Vale destacar também que a falta de mão de obra qualificada, apesar de aparecer na pesquisa em um número menor que a média nacional, ainda permanece como uma das preocupações da indústria”, ressalta Adriano Correia. Esta foi uma ameaça citada por 20% dos líderes do setor, enquanto a média nacional foi de 30%.
Adoção da IA
A 28ª edição da Global CEO Survey também traz a percepção dos CEOs sobre expectativas em relação ao uso da Inteligência Artificial (IA) e IA Generativa. Enquanto a expectativa média aumentou no Brasil e no mundo, no setor houve uma queda de 55% em 2024 para 48% em 2025.
No setor, 54% dos CEOs planejam investir na integração da IA em plataformas tecnológicas e 46% indicam que pretendem investir em processsos de negócios e fluxos de trabalho. “Estes números nos mostram que a adoção da IA e IA generativa é um tema que mantém a relevância. Apesar do entusiasmo inicial ter passado, os investimentos continuam a ser feitos”, acrescenta Adriano Correia.
Urgência de reinvenção
O setor de EU&R no Brasil apresenta um desempenho similar ao da média nacional quando avaliadas as estratégias de reinvenção dos negócios, destacando-se na busca por novas bases de clientes. Por outro lado, mostra uma grande diferença em iniciativas como modelos de precificação, exploração de novas rotas de mercado e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, ainda impactado por limitações regulatórias.
“O processo de transformação da indústria já começou a partir dos processos de transição energética e de digitalização”, explica o sócio da PwC. De acordo com 43% dos CEOs do setor no Brasil, as suas empresas começaram a competir em pelo menos um novo mercado nos últimos cinco anos, evidenciando um movimento de diversificação e adaptação.
Embora historicamente caracterizado por barreiras mais altas de entrada, o setor tem buscado expandir suas operações para áreas como novas tecnologias de energia limpa, armazenamento de energia, abertura do setor elétrico e soluções digitais. As iniciativas refletem tanto a necessidade de capturar novas fontes de receita, quanto de atender às crescentes demandas por sustentabilidade e inovação tecnológica.