Dia Nacional da Igualdade Feminina: mulheres ganham espaço em mercado dominado por homens

No dia que se comemora a data nacional da Igualdade Feminina, mulheres compartilham histórias pessoais de inovação em setores como de empreendedorismo e tecnologia.

A baixa participação das mulheres em cargos de gerência desafia as empresas a buscar aumentar a diversidade em seus quadros. (Foto: Freepik)

Nesta sexta-feira (26) é comemorado o Dia Nacional da Igualdade Feminina, uma data que celebra e incentiva o protagonismo de mulheres em diversas posições da sociedade, sejam econômicas, sociais e sobretudo no empreendedorismo. Embora a participação feminina tenha alcançado índices maiores no mercado de trabalho, a equidade de gênero no mundo corporativo ainda não é uma realidade.  

Dados do Ipea projetam que, até 2030, a presença feminina no mercado de trabalho será de 64,3%. Em setores como o de inovação, construção, empreendedorismo e tecnologia, essa presença é ainda mais significativa. Antes vistos como ambientes “masculinos”, esse mercado claramente se encontra em transformação, graças às profissionais que vêm fazendo a diferença e servindo de referência para a futura geração feminina. 

Mulheres que inspiram

Júlia Cândido, gerente de riscos e contratos da Andrade Gutierrez, sempre quis ser advogada e iniciou sua carreira como estagiária da empresa. Hoje, gerencia quatro áreas dentro da construtora. “Todos os dias penso nas mulheres que abriram caminhos para a minha geração e espero conseguir fazer o mesmo para as que virão!”, comenta. 

Na opinião da gerente, muitas pessoas não reconhecem a falta de equidade de gênero no mercado ou, quando reconhecem, não se sentem parte do problema. Para a advogada, as organizações precisam investir, primeiro, na conscientização sobre o tema e sua natureza estrutural. “Esse resultado pode ser acelerado por ações afirmativas, como definição de metas de contratação e promoção de mulheres”, defende Júlia. 

É a vez delas na inovação & tecnologia

A baixa participação das mulheres em cargos de gerência desafia as empresas a buscar aumentar a diversidade em seus quadros. Dados de uma pesquisa realizada pela Grant Thornton, mostram que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. 

Juliana Martins, diretora de operação da Nexaas, Retail tech especialista em inovação para o varejo, diz que ser mulher em um ambiente corporativo, ainda esbarra em uma grande dificuldade cultural. “Como mulher em uma posição de liderança, me sinto orgulhosa e realizada, principalmente quando pensamos que o número de mulheres em cargos de diretoria ainda representa um percentual muito baixo”, afirma Martins.

Para a executiva, a adoção de práticas que desenvolvam talentos femininos, como considerar mais candidatas do sexo feminino para contratação, promoção e treinamento ajudam a acelerar a diversidade. 

Mariane Peres, Engenheira Civil da Andrade Gutierrez, também faz parte da parcela feminina que está mudando essa realidade. Especializada em BIM – Modelagem de Informação da Construção, ela relata que a melhor parte do seu trabalho é propor novas soluções e redesenhar fluxos que impactem positivamente a rotina do usuário.

"Há uma alta demanda de profissionais capacitados a entender e propor ferramentas para a utilização do BIM, além de definir os fluxos e liderar as implementações. É um campo de trabalho cheio de possibilidades, além de sua relevância para a inovação no mercado de construção, e tenho orgulho de estar inserida nele”, explica.

Empreendedorismo feminino

De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor, mulheres empreendedoras somam mais de 30 milhões no Brasil, o que representa 48,7% desse mercado. “O empreendedorismo feminino está muito mais ligado a uma necessidade do que uma questão de orgulho. Milhares de mulheres precisam se reinventar para ter uma renda, e comigo não foi diferente”, afirma Katia Caetano, lojista na Loja Integrada, plataforma para a criação de lojas virtuais mais popular do país.

Kátia criou uma loja virtual há seis anos e atua no mercado distribuindo maquiagem por atacado, mas também apostou na educação e na capacitação de outras mulheres que buscam o sonho de se tornarem donas do próprio negócio. Para isso, sua loja capacita revendedoras.

“O fato de ser mulher e ter destaque profissional ainda pode causar estranheza, mas eu nunca me abati com isso. É impossível parar uma mulher empreendedora determinada e, no que depender de mim, muitas outras empreendedoras virão por aí”, finaliza.