Marina Willisch, da GM: Inovação é condição para processo de transformação

Marina Willisch destaca a liderança da GM na transição do carro a combustível fóssil pelo veículo elétrico. Ela será uma das palestrantes do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria.

O investimento em inovação está no centro das estratégias da General Motors (GM). A multinacional tem se destacado no processo de substituição do carro a combustível fóssil pelo carro elétrico. Em entrevista à Agência de Notícias da Indústria, a vice-presidente de Relações Governamentais, Comunicação e ESG da GM América do Sul, Marina Willisch, observa que a companhia se comprometeu a atingir a neutralidade das emissões de carbono em 2040. 

“A partir de 2035, a GM só lançará veículos elétricos, que não emitem nenhum tipo de gás de efeito estufa, ao contrário dos carros movidos a gasolina, etanol ou híbridos, que ainda possuem motor a combustão”, detalha Marina. A executiva está na função desde 2019, tendo experiência de mais de 15 anos na indústria automotiva.

Para ela, a inovação é condição essencial para o processo de transformação da indústria, de forma mais sustentável e eficiente, a partir do uso de novas tecnologias. Marina alerta que o Brasil tem enorme potencial para ocupar um lugar de destaque na produção do carro elétrico, entre outras razões por ter enormes reservas de matéria-prima utilizada na produção de baterias para veículos elétricos, como Lítio e Nióbio. 

Marina Willisch vai ser uma das palestrantes do painel “Transição energética e economia de baixo carbono: a agenda do século XXI”, que faz parte da programação do 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. Ela vai falar na quinta-feira (10) às 14h20. A GM é uma das patrocinadoras do Congresso, que será promovido pela CNI e o Sebrae nos dias 9 e 10 de março. A companhia vai apresentar no espaço o Chevrolet Tracker exposto. Leia a íntegra da entrevista:

 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Como a indústria automobilística tem se preparado para a realidade da economia de baixo carbono? 
 
MARINA WILLISCH - Ao longo do tempo, a indústria automotiva vem passando por uma série de transformações; no início, elas foram muito mais voltadas à melhoria do desempenho dos motores e à eficiência energética. Agora, temos tecnologia de ponta disponível, inclusive para criar motores de zero emissão.  E hoje, tudo isso está atrelado a uma grande preocupação com a sustentabilidade e sobre a relação dos automóveis com o meio ambiente. A eletrificação total da mobilidade é o próximo passo dessa transformação da indústria automotiva.

Há uma visão sobre a indústria automotiva que não corresponde mais ao que ela é atualmente. Houve todo um processo de desenvolvimento que durou muitos anos para tornar os carros mais sustentáveis. Houve grande investimento em tempo e metodologia para chegarmos até aqui. A eletrificação da mobilidade envolve também novos modelos de negócio, infraestrutura e toda uma cadeia de fornecedores de produtos, serviços e manutenção, comprometidos com esse futuro mais sustentável. Temos trabalhado para que todo esse ecossistema abrace esse novo momento da indústria, de zero emissão, a partir dos carros elétricos. 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - O Brasil está pronto para substituir os combustíveis fósseis pelo carro elétrico? 
 
MARINA WILLISCH - Os carros elétricos já são uma realidade e vêm despertando o interesse por parte dos consumidores brasileiros. Tanto que os primeiros lotes do Chevrolet Bolt EV, que chegaram ao Brasil no final de 2019, esgotaram em poucos dias.

No entanto, ainda é preciso ampliarmos as políticas locais de estímulo à adoção dos carros elétricos no Brasil. Isso inclui, por exemplo, termos uma estrutura de recarga nas cidades ou talvez isentar os carros elétricos do rodízio. Somos otimistas com as perspectivas e o potencial do país em se projetar como um hub de tecnologias para eletrificação no continente.

O Brasil e os países vizinhos possuem as maiores reservas de matéria-prima utilizada na produção de baterias para veículos elétricos, como o Lítio, Níquel, Manganês, Grafite e Nióbio. Isso, aliado ao fato de que o Brasil tem um parque industrial automotivo muito bem desenvolvido, engenharia qualificada e um grande mercado consumidor, mostra que temos capacidade para ocupar um lugar de destaque no desenvolvimento, produção e comercialização internacional de veículos elétricos dentro de alguns anos.

 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Como está essa transição na GM? 
 
MARINA WILLISCH - Estamos liderando esse movimento. No último ano, a companhia anunciou que se compromete a atingir a neutralidade das emissões de carbono em 2040 e que, a partir de 2035, só lançará veículos elétricos, que não emitem nenhum tipo de gás de efeito estufa, ao contrário dos carros movidos a gasolina, etanol ou híbridos, que ainda possuem motor a combustão. 

Vamos investir 35 bilhões de dólares em veículos elétricos e autônomos e temos planos para lançar mais de 30 modelos elétricos em todo o mundo até 2025. Nós da General Motors acreditamos que o futuro da mobilidade é elétrico, com zero emissão, zero acidente e zero congestionamento, graças à novas tecnologias que tornam os carros cada vez mais conectados, mais seguros e mais sustentáveis. 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Quais projetos de transição energética e sustentabilidade a GM tem colocado em prática no Brasil? 
 
MARINA WILLISCH - Nas nossas unidades fabris, adotamos uma série de processos sustentáveis. No Brasil e na América do Sul, todas as fábricas são Zero Aterro, ou seja, nenhum resíduo é enviado para aterro sanitário, tudo é reciclado, reaproveitado ou coprocessado. As fábricas de São Caetano do Sul e de Joinville já contam com painéis solares, que geram energia para o aquecimento de água, evitando o uso de gás natural. 

Em 2019, a GM anunciou um investimento de R$ 10 bilhões em suas plantas produtivas no Estado de S. Paulo. Isso inclui a renovação das fábricas, levando em conta o mais alto padrão de processos produtivos sustentáveis. Na fábrica de São Caetano do Sul, o reaproveitamento de água em processos de pintura de carros chegará a 75% e o consumo de gás para esta atividade será reduzido em 47%. Isso citando apenas um exemplo entre outros que já estão em andamento no Brasil.

 

GÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - De que forma a inovação colabora com as soluções sustentáveis na indústria automobilística? 
 
MARINA WILLISCH - Inovação é a condição para esse processo de transformação da indústria, para que ela seja mais sustentável e eficiente, a partir do uso de novas tecnologias. Com a renovação da fábrica de São Caetano do Sul, por exemplo, a montagem de um carro passará a contar com 265 robôs, o torna o processo mais seguro e sustentável. Só no transporte de peças, o consumo de energia será reduzido em até 35%.

A inovação também está na busca de melhorias de gestão dos processos. Desenvolvemos, dentro da fábrica de Gravataí, um sistema para redução anual de mais de mais de 400 toneladas de insumos e deixamos de emitir cerca de 330 toneladas de CO2 entre 2020 e 2021, por meio de um modelo de gestão inovador, que integrou todas as áreas e identificou as sinergias dentro da operação. 

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Quais os principais desafios para as indústrias inovarem no Brasil? 

MARINA WILLISCH - O maior desafio para qualquer indústria neste quesito é construir uma cultura corporativa sólida e voltada para o estímulo à inovação. Tudo o que chega para o consumidor é resultado de um compromisso profundo com a inovação e com a melhoria contínua. De grande investimento em treinamento e uma cultura que tenha esse mindset em todos os níveis.

Outro ponto importante é nossa solidez enquanto país produtor de bens, o que garante as condições necessárias para que a indústria de diversos setores continue se desenvolvendo, gerando empregos e riquezas. Há um conjunto de fatores que precisam estar bem azeitados do ponto de vista institucional para proporcionar um cenário propício para novos investimentos e que colaborem no sentido de movimentar positivamente a economia, gerando um ciclo virtuoso de novas oportunidades para todos.

Fonte: Agência de Notícias da Indústria.