Açotubo consolida interncionalização e projeta investir R$ 35 milhões neste ano

Bruno Bassi, CEO do Grupo, prevê crescimento neste ano, apesar dos desafios da importação de aço da China.

Bruno-Bassi-1Bruno Bassi, CEO do Grupo Açotubo. (Foto: Divulgação)

Em um setor impactado pelas importações de aço da China, a perspectiva positiva e de crescimento se mantém dentro da Açotubo, um dos maiores grupos siderúrgicos do Brasil, prestes a completar 50 anos de existência. Comandada por Bruno Bassi, representante da segunda geração da família fundadora, a empresa encerrou o ano de 2023 com faturamento próximo a R$ 2 bilhões e espera, para 2024, elevar esse número 10%.

E para isso, Bassi aposta na Reforma Tributária, no debate de reindustrialização do Brasil e na demanda permanente de infraestrutura, não só nacional, como de países da América Latina, em especial: Peru e Colômbia, onde a empresa consolida sua internacionalização. Em entrevista exclusiva, o CEO revela as mudanças neste meio século e os projetos para os próximos anos.

A Açotubo completa 50 anos neste ano. Como você enxerga essa trajetória e as mudanças no mercado do aço brasileiro?

Comecei no grupo, oficialmente, em 2002. Claro que que por ser membro da família fundadora, a gente ouve do negócio há muitos anos. Mas nestes mais de 20 anos na Açotubo, pudemos perceber uma grande mudança de mercado. O Brasil se especializou, ganhou qualidade no aço e, consequentemente, ganhou indústrias importantes. Dentro da nossa empresa, posso dizer que passamos a olhar mais para as pessoas. No começo, o foco era sempre o cliente, e percebemos o quanto era preciso uma gestão mais participativa e menos centralizadora.

Crescemos muito nestes 50 anos e não seria possível sozinho. Hoje somos o distribuidor com mais filiais, com participação internacional e indústria dentro do grupo. Por isso, queremos cada vez mais pessoas protagonizando ideias e pensando no futuro. Seguindo o que os fundadores nos ensinaram, que é sempre pensar a longo prazo.

Você citou a internacionalização. Como está a expansão dos negócios em outros países?

Temos duas frentes de internacionalização. Nós internacionalizamos uma das nossas divisões, que é a Incotep- Sistemas de Ancoragem. Em meados de 2018/2019 começamos a fazer uma aliança comercial com uma empresa muito parecida com a nossa, no Peru e na Colômbia. Em 2021, viramos sócios e em 2023 adquirimos 100% desse negócio que é a SPG. O processo deve ser finalizado em fevereiro e ficou em torno de R$ 10 milhões.

Ainda neste período, nos associamos a um parceiro internacional que é a Valluorec- que fizemos uma joint venture de tubos para setores automotivos e agrícola. Nesta frente, temos 25% de participação. Mas seguimos olhando para o futuro, novas localidades e produtos.

O que atraiu nestes países?

Essa nossa divisão de negócio é ligada a fundações e obras e, no geral, toda a América Latina tem carência de infraestrutura- seja pública ou privada. Então, o mercado do Peru e Colômbia têm muitas similaridades com o Brasil. Claro que alguns desafios, como governo, segurança jurídica, mas se a gente consegue trabalhar por aqui, também conseguimos por lá. São mercados rentáveis e complementares na nossa presença pela América Latina.

Quanto ao mercado brasileiro, como você enxerga os desafios, principalmente pela importação de aço chines?

O consumo de aço no Brasil deve ficar, neste ano, por volta de 5%. E realmente a gente sofre pela entrada de produtos importados por conta da grande lacuna de preço com o produto nacional. Para a Açotubo, o impacto também ocorre pois apostamos nas parcerias brasileiras, apesar de estarmos estimando um crescimento de 8% no volume- acima da média do mercado. Mas somos, em essência, um distribuidor, e repassamos o preço.

Por isso, enxergo que a longo prazo a Reforma Tributária deva ajudar muito a tornar o mercado nacional mais competitivo. Mas é preciso pensar também a curto prazo. Para isso é preciso ter o aumento da alíquota de importação para trazer o equilíbrio dos preços. Subir dos atuais 12% para 25%. Além disso, a discussão da reindustrialização brasileira é importante, com foco no consumo de aço local, que por muitos anos esteve estável, enquanto em outros países aumenta.

Com esses desafios, qual a previsão de crescimento para este ano?

Fechamos 2023 com um faturamento próximo a R$ 2 bilhões, valor um pouco menor que 2022 devido ao preço do aço. Mas para este ano, imaginamos avançar 10% deste valor. Acreditamos que o mercado brasileiro deva crescer pelos fatores citados, como Reforma Tributária e olhar para a reindutrialização. Além disso, vamos manter os investimentos na ordem de R$ 35 milhões. Nos últimos anos já foram R$ 120 milhões investidos em operações, processos, pessoas e sistemas.