ISA CTEEP, ANEEL e MME inauguram primeiro projeto de armazenamento de energia em larga escala do Brasil

Tecnologia foi implementada para evitar a interrupção de energia no litoral sul do Estado de São Paulo e ampliar a integração de fontes renováveis.

energia_subestação registro_divulgaçãoRecém-energizado na Subestação Registro, o projeto beneficiará cerca de 2 milhões de pessoas no litoral sul de São Paulo. (Foto: Divulgação)

Autoridades das mais importantes instituições do setor elétrico brasileiro, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia (MME), estiverem presentes, ontem, no evento de inauguração do primeiro projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala do sistema de transmissão brasileiro, iniciativa pioneira desenvolvida pela ISA CTEEP. Recém-energizado na Subestação Registro (SP), uma das responsáveis pelo abastecimento do litoral sul de São Paulo, o projeto beneficiará cerca de 2 milhões de pessoas.

O evento contou com a presença de diversas autoridades, como Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel; Gentil Nogueira de Sá Junior, secretário de Energia Elétrica do MME; Ricardo Tili, diretor da Aneel; e Christiano Vieira, diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), além da diretoria da ISA CTEEP, que puderam realizar uma visita guiada para conhecer os mais de 180 racks de baterias que ocupam uma área de aproximadamente 5 mil m², o equivalente à metade de um campo de futebol.

“Foi um prazer receber na nossa subestação profissionais de extrema importância para o desenvolvimento do setor elétrico e, consequentemente, para a infraestrutura do Brasil. Temos muito orgulho desse projeto e sabemos que ele é um passo fundamental para o uso do armazenamento em muitas outras aplicações no País, impulsionando a transição energética no Brasil”, diz Gabriela Desirê, diretora executiva de operações da ISA CTEEP.

Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel, reforçou que a inauguração do projeto representa um marco histórico no setor elétrico. "Este dia é resultado de uma grande construção, que teve início quando fizemos uma chamada pública de armazenamento em 2016. Colocamos as mentes brasileiras para estudar esse modelo e todos os ensinamentos lá adquiridos precisavam ser colocados em prática. Desde o início, antes mesmo de uma regulação, a ISA CTEEP acreditou e trilhou o caminho do pioneirismo", declarou.

"Temos convicção de que esse empreendimento, além de ser um grande laboratório setorial, com capacidade de permitir que o país avance ainda mais em tecnologias e conexões de fontes renováveis, será um catalizador da nossa transição energética em direção a uma matriz energética 100% limpa", afirmou Rui Chammas, diretor-presidente da ISA CTEEP na abertura da apresentação do projeto.

Sem transmissão, não há transição

Os sistemas de baterias têm 30 MW de potência, são capazes de entregar energia de 60 MWh por duas horas e atuam nos momentos de pico de consumo do litoral sul paulista, durante o verão, como um reforço à rede elétrica. Energizado em novembro do ano passado, no dia 31 de dezembro, às 19h21, já realizou o primeiro peak shaving, ou seja, a primeira descarga de energia armazenada no sistema de transmissão para reduzir o pico de carga e evitar a interrupção no fornecimento.

De acordo com Chammas, os sistemas de armazenamento são considerados a próxima fronteira tecnológica na transição energética, capazes de contribuir com a descarbonização, a descentralização e a digitalização. “A tecnologia é essencial nessa jornada, porque facilita a inserção de fontes renováveis, na medida em que atua na compensação da variabilidade de geração de energia intermitente, o que permite elevar a integração das fontes eólica e solar ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, por consequência, reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)”.

O executivo avalia que o Brasil -- pródigo em recursos eólicos e solares -- tem potencial para se tornar líder global no desenvolvimento de inovações essenciais para a transição energética. “Embora sejam bastante benéficas, por não emitirem carbono, as novas fontes renováveis não são despacháveis -- isto é, não podem ser acionadas a qualquer momento -- como as hidrelétricas e as termelétricas. Essa intermitência cria desafios para a estabilidade e a segurança do sistema nacional. Nesse contexto, o nosso papel é ajudar a vencer os desafios com projetos como esse, que representa um marco histórico para o setor elétrico e é mais um passo da empresa rumo ao desenvolvimento de novos negócios”, conta Chammas.

O sistema de armazenamento de energia em baterias foi uma solução proposta pela ISA CTEEP, em apoio aos estudos do planejamento setorial, para evitar o acionamento de geradores a diesel (uso equivalente de 350 mil litros do combustível). A solução, além de menos poluente, não causa o mesmo ruído dos geradores e elimina o transporte de diesel para manter o contínuo abastecimento dos equipamentos, o que também contribui para a descarbonização do sistema. Com isso, em dois anos da tecnologia em operação, será evitada a emissão de 1.194 toneladas de GEE, e a realização de obras em áreas de preservação ambiental, como o Parque Estadual da Serra do Mar.

Para a ISA CTEEP, o projeto servirá como laboratório de inovação setorial, com promoção de debates sobre o armazenamento de energia, sobretudo em razão da capacidade de resposta imediata e da elevada flexibilidade operativa das baterias, necessárias à rede de transmissão para reduzir os custos de operação e expansão do sistema, já que a solução pode ser reutilizada em outros pontos do País que precisem de reforço. Além das baterias, o escopo do projeto traz inversores, transformadores, softwares de gestão de energia e sistemas de automação, proteção e controle.

O armazenamento é um pilar fundamental, devido à sua versatilidade: atua como reserva de capacidade, pois fornece energia em momentos de baixa geração de outras fontes e de aumento da demanda, garantindo segurança do sistema; pode colaborar em serviços ancilares, como controle de frequência e autorrestabelecimento; e minimiza o impacto da inconstância de fontes intermitentes, como eólica e solar (fontes de energia limpa) e, consequentemente, contribui para a redução do despacho de usinas térmicas.

Para a operação do sistema de armazenamento de energia, a ISA CTEEP recebe Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 27 milhões. O investimento previsto pelo regulador é de R$ 146 milhões. Ambos os valores são referentes a junho de 2021, conforme a Resolução Autorizativa 10.892/2021 da Aneel.