Simone Tebet, no Brazil Conference, em Lisboa: 'Nós vamos garantir um ambiente seguro de negócios com segurança jurídica'

O segundo dia da conferência reuniu autoridades do setor público, empresários e investidores, em Portugal. (Foto: Victor Carvalho / LIDE)

Para debater as principais experiências e perspectivas que guiarão as oportunidades de negócio e investimento nos países Brasil e Portugal, já nos próximos anos, autoridades monetárias de nível nacional e internacional, além gestores públicos e privados, participaram de exposições no segundo dia do LIDE Brazil Conference - Lisbon, realizado na manhã deste sábado (4), no Hotel Ritz Four Seasons, em Lisboa, sob o tema "Economia, Mercado e Tecnologia".

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Nesta etapa, os expositores participantes foram Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil; Abilio Diniz, presidente da Península Participações; Luiz Carlos Trabucco Cappi, presidente do Conselho do Bradesco; Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza; Isaac Sidney, presidente da Febraban; Guilherme Nunes, CEO da Capital Group; Giorgio Medda, CEO da Azimut Group; Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro; e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

A moderação dos painéis foi do jornalista, colunista de O Globo, escritor, analista político da GloboNews, conselheiro editorial do Grupo Globo e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Merval Pereira.

Marcelo Salomão, presidente do LIDE Portugal, deu 'start' nas atividades da nova unidade internacional do Grupo de Líderes Empresariais. (Foto: Victor Carvalho/ LIDE)

Marcelo Salomão, presidente do LIDE Portugal, que iniciou suas atividades oficialmente a partir do evento, fez uma fala de abertura, agradecendo a presença em peso de empresários, representantes de autoridades, e outros representantes locais do Grupo LIDE, neste que foi um encontro com troca de ideias que plantam sementes para um futuro de sucesso. “Eu vejo o LIDE como uma grande construtora”, apontou.

Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal, reforça o potencial de exportações entre Brasil e Portugal. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal, fez uma fala de introdução ao evento, destacando a "relação frutífera" da parceria entre as duas nações. Segundo ele, apesar do atual panorama desse trabalho bilateral, ainda é possível fazer mais, diversificando a pauta das exportações entre as duas nações que, hoje, é representada majoritariamente pela energia, combustíveis e commodities. Parcerias público-privadas, venda de energias descarbonizadas e tecnologia constituem oportunidades para o crescimento, além de um acordo econômico entre Mercosul e União Europeia.

“As condições são propícias para o aumento dos investimentos diretos de Portugal no Brasil, à altura dos anos 90, quando o país foi a porta de entrada para a internacionalização de empresas portuguesas. É um caminho natural, tendo em vista o tamanho do nosso mercado, e o idioma em comum”, e destacou também o atual caminho inverso, com empresas brasileiras começando sua internacionalização pela pátria-mãe.

Ministra do Planejamento e Orçamento do novo governo, Simone Tebet, trouxe as prioridades do novo governo para gerer emprego e renda. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil, traçou um breve histórico sobre os desafios enfrentados pelo país nos últimos anos, com destaque para a pandemia e as dificuldades econômicas que a sucederam, trazendo de volta problemas antigos como a miséria, a insegurança alimentar e a profunda desigualdade social. A líder da pasta destacou que esses problemas são prioridades para o presidente Lula, para que o país possa voltar a gerar emprego e renda para a população. Porém, é necessário fazer isso de forma responsável.

“O foco de todos nós é garantir a oportunidade e isso passa pelo crescimento do Brasil e pela rigidez fiscal. Serei austera nisso, mas é minha responsabilidade dizer se temos recursos ou não, e se teremos espaço fiscal”, reforçou.

Nesse sentido, ela defendeu que a reforma tributária é imperativa para a retomada do crescimento econômico, sinalizando que o setor público precisa do investimento privado para poder ir além das limitações do orçamento federal.

“Nós vamos garantir um ambiente seguro de negócios com segurança jurídica, para que as leis sejam mais perenes, com a previsibilidade necessária para o investidor saber que ele vai investir e não vai ter nenhum sobressalto”.

Brasil, um país de oportunidades

Presidente da Península Participações, Abílio Diniz, tem visão otimista para o futuro do Brasil. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

O presidente da Península Participações, Abílio Diniz, contou sua história de empreendedorismo em Portugal nos anos 70 a 90 e os desafios que enfrentou, fazendo com que aprendesse grandes lições sobre consciência política e negócios. Em sua visão otimista, evidenciou que o Brasil está vivendo um momento favorável ao investimento e crescimento, mas é preciso saber aproveitá-lo.

“O Brasil não vai se desenvolver da forma que a gente quer e espera se não tivermos 25% de investimentos sobre o PIB. Tem poupança interna e externa de monte, as pessoas querem investir”, explicou. “O investidor pede segurança política e segurança judiciária. O investidor tem medo de tropeços jurídicos, precisamos dar segurança de que isso não vai acontecer”.

Em uma exposição também otimista e focada nas oportunidades para o país, Luiz Carlos Trabucco Cappi, presidente do Conselho do Bradesco, ressaltou a capacidade do Brasil de se reinventar apesar dos imprevistos, tão importantes para construir o presente e o futuro. Ele reforçou que o Brasil é um país muito competitivo e com potencial de ser extremamente sustentável.

“Eu vejo que essa linha em que o governo atual estabelece a valorização da sustentabilidade e da ecologia é fundamental para termos diplomacia ambiental para valorizar aspectos tão importantes que o mundo de hoje requer”.

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza, enfatiza a importância de acreditar no brasileiro. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza, apresentou em sua fala a importância de acreditar nos brasileiros, na economia e na cultura da digitalização das empresas.

"Como um país pode não dar certo se uma empresa que começou no sul de Minas Gerais com uma lojinha sem capital de giro? A gente conseguiu vencer, apesar de todas as crises que vivemos. O Brasil é um país de muita oportunidade”, explicou.

Com isso, ela relembrou a trajetória da empresa rumo à digitalização, sem esquecer seu propósito e as ações ligadas ao ESG: “sem igualdade social a gente não desenvolve um país e essa responsabilidade é de todos nós. O mundo exige que a gente faça acontecer”.

Isaac Sidney, presidente da Febraban, afirmou que o Brasil precisa reencontrar o caminho do desenvolvimento da economia. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Defendendo uma sinergia entre estado e capital privado, Isaac Sidney, presidente da Febraban, afirmou que o Brasil precisa reencontrar o caminho do desenvolvimento da economia após um período de instabilidade política, social e econômica. Ele enfatizou a obsessão dos bancos de funcionarem como uma alavanca para o desenvolvimento econômico:

“A união do setor público com os empresários é a única saída que conseguimos enxergar para o país. Nenhum ator político público ou privado será capaz de, isoladamente, enfrentar os problemas de que se ressente o Brasil.”

E, com base na convicção de que o crescimento econômico e a geração de emprego são as melhores formas de criar políticas sociais eficientes, instigou os empresários a saírem do terreno das análises e econômicas e focarem em ações concretas.

Tecnologia aplicada ao futuro das finanças

Guilherme Nunes, CEO da Capital Group, fez uma exposição voltada para os benefícios da adoção desta tecnologia para uma economia digital (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Desbravando um setor promissor para os negócios a economia, mas que ainda carece de regulamentação adequada, a tecnologia blockchain, ligada aos meios de pagamento, já está, aos poucos, revolucionando o mercado. Nesse sentido, Guilherme Nunes, CEO da Capital Group, fez uma exposição voltada para os benefícios da adoção desta tecnologia para uma economia digital, descentralizada, transparente, e publicamente auditável.

“O dinheiro está se tornando cada vez mais digital”, afirmou, apontando que o PIX e outras tecnologias digitais nos meios de pagamento estão incluindo o público brasileiro no sistema bancário e colocando o país no âmbito das economias digitais. “Porém ainda há desafios como a aceitação da tecnologia entre as gerações e o atual caráter regulatório do setor”, explicou, completando que o texto base da regulamentação do mercado de criptoativos já foi aprovado, mas ainda necessita de atualizações importantes para que sejam criadas regras que evitem o mau uso dessas estruturas tecnológicas.

Giorge Medda, CEO da Azimut Group, explicou o panorama de criação do blockchain; (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Giorge Medda, CEO da Azimut Group, explicou o panorama de criação do blockchain, afirmando que essa tecnologia existe para preencher uma lacuna importante: a de que a confiança é construída por consenso, e validada por todos os participantes da mesma rede. Ele detalhou características das finanças globais descentralizadas, afirmando que, neste cenário, o banco moderno é um intermediário, sobretudo, de confiança.

Credibilidade na gestão pública

Ricardo Nunes, prefeito do município de São Paulo, defende que a melhor forma de combater a desigualdade é com emprego e renda. (Foto: Victor Carvalho/LIDE)

Símbolo de como uma cidade de grande porte pode criar um ambiente propício para os investimentos, sem deixar de lado importantes políticas públicas, Ricardo Nunes, prefeito do município de São Paulo, fez sua exposição reforçando que a melhor forma de combater a desigualdade social é com geração de emprego e renda.

“É preciso ter ambientes saudáveis para que os empreendedores possam colocar sua semente, para que ela germine e as pessoas possam tirar frutos do seu investimento e gere emprego e renda”, finalizou, destacando o trabalho da sua gestão para assegurar creches de qualidade, garantia de habitação e tecnologia nesse processo.

Segundo Nunes, a austeridade nas finanças municipais, ligadas às excelentes classificações de graus de investimento, fazem de São Paulo um grande atrativo para investimentos nacionais e internacionais.

Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, afirmou que apesar das dificuldades enfrentadas nos anos anteriores, com desafios financeiros, sanitários e políticos, o estado está se reerguendo, unindo a questão econômica com a ambiental, sob o olhar atento do cidadão.

Ele destacou as ações empregadas para recuperar a credibilidade com os investidores, como a maior redução de carga tributária do Brasil, diminuição no tempo de abertura de empresas, e a realização de grandes concessões público-privadas, citando a CEDAE como exemplo, que garantiu R$25 bilhões em outorga, possibilitando programas ambientais importantes.