Lideranças destacam desafios econômicos, democracia e multilateralismo na abertura do Brazil Economic Forum
Realizado pelo LIDE em parceria com a Revista Veja, evento reúne líderes e especialistas para discutir os desafios e oportunidades do Brasil em meio às incertezas globais.
Realizado pelo LIDE em parceria com a Revista Veja, evento reúne líderes e especialistas para discutir os desafios e oportunidades do Brasil em meio às incertezas globais. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
A abertura do Brazil Economic Forum, realizado pelo LIDE em Zurique, na Suíça, foi marcada por debates sobre o cenário econômico global, a relevância do multilateralismo e a constante vigilância em torno da democracia. Reunindo autoridades, empresários e especialistas, o evento destacou o papel estratégico do Brasil no contexto global e os desafios domésticos que o país precisa enfrentar.
"Vivemos em um mundo de muitas incertezas, um cenário repleto de populismo, nacionalismo e protecionismo comercial, que impacta diretamente economias como a nossa", afirmou o ex-presidente Michel Temer. Ele enfatizou que o Brasil não pode esperar por melhorias externas para resolver suas próprias vulnerabilidades. "Nós temos que continuar corrigindo a rota da política fiscal e trabalhar de forma pragmática para mitigar as incertezas e proteger nossa economia."
Michel Temer, ex-presidente do Brasil. (Foto: Felipe Gonçalves/LIDE)
Outro ponto destacado foi a importância do multilateralismo nas relações internacionais do Brasil. "O Brasil deve manter uma posição multilateral, essencial para garantir sua competitividade no mercado global. Temos relações estratégicas com a China, os Estados Unidos e os países árabes, que compram 45% da nossa produção de frango, além de parcerias tecnológicas com Israel. É fundamental que essas relações sejam conduzidas de forma institucional, sem personalismos", afirmou Temer, reforçando que a paz e a cooperação estão entre os princípios constitucionais brasileiros.
O papel da democracia também esteve no centro das discussões. "A preservação e o cuidado com a nossa democracia devem ser uma constante. Vivemos tempos sombrios, com o aumento do negacionismo e do saudosismo a períodos autoritários. É essencial que as lideranças responsáveis unam esforços para combater esse retrocesso", declarou o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco. Ele reforçou ainda que a democracia é um tema transversal a todos os outros. "Sem instituições democráticas fortes, não conseguimos avançar em reformas estruturais, atrair investimentos ou garantir o equilíbrio fiscal."
Os debates também abordaram a necessidade de avanço em reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, para aumentar a competitividade do Brasil no cenário internacional. "O Brasil possui vantagens comparativas significativas, especialmente em áreas como a descarbonização e a agricultura sustentável. Precisamos aproveitar essas oportunidades para consolidar nossa liderança no mercado econômico global", destacou João Doria, ex-governador de São Paulo.
Representando o setor financeiro, Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), trouxe um olhar direto para os desafios econômicos do país. "Precisamos de um esforço conjunto para reduzir o custo do crédito no Brasil, algo que ainda trava o crescimento de nossa economia. É fundamental criar condições para uma intermediação financeira mais eficiente, o que passa, necessariamente, por avanços em nossa agenda de reformas e maior previsibilidade fiscal", afirmou Sidney. Ele também destacou a importância de atrair investimentos externos. "O Brasil deve trabalhar para recuperar a confiança dos investidores, que é essencial para impulsionar o desenvolvimento sustentável e fortalecer nossa economia."
A presença de figuras públicas como os senadores Alessandro Vieira e Eduardo Braga, além dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, reforçou a pluralidade de perspectivas no evento. "Esse encontro é um exemplo de como diferentes setores da sociedade podem se unir para debater e propor soluções para os desafios do Brasil. A diversidade de opiniões é essencial para uma democracia sólida e um país mais competitivo", concluiu Rodrigo Pacheco.
Com um tom otimista, os palestrantes ressaltaram que o Brasil tem a capacidade de superar os desafios que enfrenta. "O setor público e o setor privado já mostraram que podem trabalhar juntos, como vimos no Plano Real. Agora, mais do que nunca, precisamos de união para enfrentar as incertezas globais e construir um futuro mais promissor para o Brasil", pontuou o ex-presidente.