Combustível caro é principal motivo para consumidor optar por carro elétrico
Brasil está acima da média mundial em termos de intenção de compra de veículos elétricos, mas alto custo de aquisição ainda é impeditivo para popularização das vendas.
Brasil está acima da média mundial em termos de intenção de compra de veículos elétricos, mas alto custo de aquisição ainda é impeditivo para popularização das vendas. (Foto: Unsplash)
Os brasileiros estão muito interessados em adquirir veículos elétricos (VEs) em uma média de intenção de compra acima da global, o equivalente a 57% dos consumidores entrevistados contra 55% dos outros países, de acordo com o estudo Mobility Consumer Index 2023, produzido pela EY. O preço alto dos combustíveis foi apontado como o principal motivo para a preferência pelos elétricos, com 46% das respostas na amostra brasileira de 1.001 entrevistados, empatado com preocupações com o meio ambiente.
A substituição dos veículos a combustão pelos VEs representa uma das mais relevantes medidas globais contra o aquecimento global. Isso porque os combustíveis fósseis dão lugar às baterias, o que deve permitir à indústria automotiva zerar suas emissões de carbono, atendendo assim aos acordos globais do clima assinados nos últimos anos. No mundo, o setor de transporte responde por 14% das emissões de gases do efeito estufa (GEE). Somente na cidade de São Paulo, os carros representam mais de 72% das emissões, sendo mais poluentes dos que os ônibus, de acordo com estudo do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente).
Em fevereiro deste ano, o Parlamento Europeu aprovou uma lei que proíbe na União Europeia (UE) a venda de veículos novos movidos a gasolina e diesel, que são dois combustíveis fósseis, a partir de 2035, com o objetivo principal de estimular a mudança para veículos elétricos. Essa proibição se deu pela exigência de que as montadoras de veículos alcancem uma redução de 100% nas emissões de dióxido de carbono de carros novos, o que tornará impossível a venda de modelos novos movidos a combustão.
Ainda muito caros
O maior impeditivo, no entanto, para a aquisição de veículos elétricos no Brasil é seu preço elevado, com 38% das respostas, ainda de acordo com o levantamento da EY. A falta de estações de carregamento para a bateria veio na sequência, com 36%. Um dos caminhos para o barateamento dos VEs pode ser o incentivo do governo para a compra desses carros. Nos Estados Unidos, os consumidores recebem um bônus de US$ 8 mil para a compra de carros elétricos.
A intenção de comprar um automóvel no Brasil – a combustão ou elétrico – continua alta, o que demonstra que se trata, ainda, de um dos bens de consumo mais desejados pelo consumidor. Os respondentes da amostra brasileira demonstraram nível muito maior de intenção de compra do que a média global: 70% contra 44%. Seis em cada dez (64%) planejam fazer essa aquisição nos próximos 12 meses. O restante (36%) está se organizando para comprar entre 12 e 24 meses. A preferência dos brasileiros é pelo modelo SUV, com 37% das respostas, seguido do Sedan, com 34%.
Vendas dos VEs em crescimento
As vendas de carros elétricos no Brasil praticamente dobraram no ano passado – 126 mil em relação aos 77 mil de 2021. Entre janeiro e junho deste ano, o mercado de veículos leves eletrificados apresentou o melhor semestre da série histórica com 32.239 emplacamentos – crescimento de 58% em relação aos seis primeiros meses de 2022. Esses dados da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) indicam, ainda, que já são quase 160 mil carros elétricos circulando pelas ruas e rodovias do país.
Mobility Consumer Index
O estudo, realizado anualmente desde 2020, fornece insights sobre as mudanças nos padrões de viagens e na mobilidade do mundo pós-Covid. O MCI também analisa o ritmo de mudança da sociedade para a adoção de veículos elétricos e a jornada de compra dos consumidores em relação ao carro. Participaram do levantamento 15 mil respondentes provenientes de 20 países em entrevistas de março deste ano.