Menos de 1% dos recursos para rodovias federais concedidas foi para o Nordeste em 2022

Região conta com o emblemático caso da Transnordestina, projeto iniciado em 2006 e deve ser entregue somente em 2027- atraso superior a 15 anos.

rodoviaNordeste tem 71,3% das rodovias do Nordeste classificadas entre regulares e péssimas.(Foto: Divulgação)

A discrepância de investimentos em infraestrutura na Região Nordeste chama a atenção. De acordo com dados apresentados pelo economista Cláudio Frischtak, sócio da Inter B Consultoria, apenas 0,7% dos recursos empregados em 2022 nas rodovias federais concedidas do país foram para o Nordeste – R$ 25,6 milhões de um total de R$ 3,6 bilhões.

“Há um longo histórico de má alocação de recursos no país, particularmente em obras de infraestrutura, especialmente no Nordeste”, enfatizou Frischtak, nesta quarta-feira (25), na reunião do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Há uma dissonância entre a dependência do Nordeste em investimentos públicos e o baixo compromisso do investimento privado nessa região”, acrescentou.

O economista observou que o problema da infraestrutura de transportes é geral no país, mas acentuado no Nordeste. Ele apresentou dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), segundo os quais 71,3% das rodovias do Nordeste são classificadas entre regulares e péssimas.

No setor ferroviário, há o emblemático caso da Transnordestina – um projeto iniciado em 2006. Frischtak lembrou que a expectativa é que o empreendimento seja entregue somente entre 2026 e 2027, um atraso superior a 15 anos. “O cerne do problema é de governança nos investimentos públicos ou financiados pelo setor público. A agenda Nordeste tem que ser ampliar os investimentos privados sem abrir mão de recursos públicos disponíveis”, destacou.

Agenda de baixo carbono

Outro tema debatido pelo Coinfra nesta quarta-feira foi a agenda de baixo carbono da CNI. O gerente de Recursos Naturais da CNI, Mário Cardoso, enumerou as principais iniciativas do setor industrial para esta agenda, balizada pela transição energética, pelo mercado de carbono, economia circular e conservação florestal.

“Precisamos de uma agenda de baixo carbono que seja factível e aderente à realidade do nosso país. O setor privado não pode ser deixado de lado nessa coordenação”, afirmou Cardoso.