Petras Santos, Marcopolo Rail: 'O Brasil pode ser hub de exportação ferroviária para a América Latina'

Líderes empresariais e gestores públicos debateram soluções integradas de transporte e os desafios da infraestrutura nacional. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

A urgência de integração entre modais e o papel da inovação como alavanca para superar gargalos logísticos foi o tema central dos debates do Seminário LIDE | Transporte e Mobilidade, realizado na manhã desta terça-feira (20), na Casa LIDE, em São Paulo

Petras Santos, executivo da Marcopolo Rail, trouxe o exemplo do People Mover de Guarulhos, tecnologia 100% nacional que integrará a estação da CPTM aos terminais do Aeroporto Internacional.

“Desenvolvemos um produto com layout adequado ao aeroporto. É uma solução nacional de ponta. Precisamos que os projetos venham ao encontro da indústria, e não de encontro a ela. O Brasil pode ser hub de exportação ferroviária para a América Latina”, enfatizou.

Petras Santos, Business Unit Head da Marcopolo. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

A especialista em turismo e ex-presidente da ABEAR (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), Jurema Monteiro, apontou os entraves que afetam diretamente a experiência de quem visita o Brasil: “Todo mundo já pegou três horas de trânsito até Guarulhos. Isso marca negativamente a viagem.” Segundo ela, o turismo responde por 7% do PIB nacional e gera oito milhões de empregos, mas sofre com a falta de integração entre modais. “Hoje, não consigo sair de Brasília e chegar a Campos do Jordão com um bilhete único.”

Jurema Monteiro, ex-presidente da ABEAR. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

O tema da inovação também foi destaque com a participação de Johan Bordais, CEO da Eve Air Mobility, braço da Embraer dedicado à mobilidade aérea urbana. Ele apresentou o projeto do eVTOL, veículo elétrico de decolagem e pouso vertical que conectará o centro de São Paulo ao Aeroporto de Guarulhos em apenas 12 minutos.

“Mas não adianta resolver esse trecho se o passageiro levar mais 30 minutos para sair do terminal. Precisamos planejar a jornada completa”, alertou.

Johan Bordais, CEO da Eve Air Mobility. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Michael Cerqueira, presidente da CPTM, ressaltou o preconceito ainda existente contra o transporte ferroviário no Brasil: “Saímos daqui, desembarcamos na Europa e procuramos o trem. Aqui, preferimos o carro, mesmo reclamando do trânsito.” Já Júlio Castiglioni, presidente do Metrô de São Paulo, destacou que segurança e acessibilidade precisam ser tratadas de forma integrada: “Não adianta termos um trem moderno se o passageiro não consegue andar até a estação porque a calçada tem buracos.”

Rodrigo Vilaça, head do LIDE Transporte. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Além de discutir tecnologia e conectividade, o seminário também destacou a necessidade de um planejamento metropolitano integrado, com regulação clara, bilhetagem unificada e contratos que privilegiem a previsibilidade e o interesse público.

O otimismo ficou marcado na conclusão do painel: “Temos uma base industrial forte, operadores competentes e uma demanda crescente. Só falta integração, vontade política e coragem para inovar”, sintetizou Rodrigo Vilaça, head do LIDE Transportes.