Alimentação de 71% dos consumidores globais está sendo alterada por causa das mudanças climáticas

O impacto, que ocorre na disponibilidade ou no preço dos alimentos, tem atingido fortemente os mercados de consumo, de acordo com estudo da EY.

markus-spiske-RuRYRswYDkk-unsplashO impacto, que ocorre na disponibilidade ou no preço dos alimentos, tem atingido fortemente os mercados de consumo, de acordo com estudo da EY. (Foto: Unsplash)

Sete em cada dez consumidores (71%) estão sendo obrigados a alterar sua alimentação por causa da indisponibilidade ou da elevação dos preços causada pelas mudanças climáticas. Desse total, 42% estão cogitando fazer isso e 29% já fizeram. Os dias cada vez mais numerosos de calor extremo fazem com que a agricultura sofra com a perda das plantações, diminuindo assim a produtividade e aumentando os preços cobrados dos consumidores. Outro reflexo do aquecimento global é a dificuldade de acesso à água, com 32% cogitando comprar garrafas de água ou mais garrafas de água e 27% já fazendo isso. Os consumidores estão tendo, ainda, que adquirir produtos que possam protegê-los dos impactos das mudanças climáticas, com 42% cogitando essa possibilidade e 25% já comprando essas soluções. Os dados são da nova edição do FCI (Future Consumer Index), elaborado pela EY a partir de 22 mil respostas de consumidores em todo o mundo entre 18 e 80 anos, e demonstram os fortes impactos para o mercado mundial de consumo gerados pelas mudanças climáticas.

A elevação da temperatura tem colocado o mundo em alerta, com reflexos no ambiente econômico, incluindo no comportamento do consumidor. No fim do ano passado, estudo do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) trouxe a previsão de que, no ritmo atual, o planeta caminha para um aumento da temperatura de quase 3ºC até o fim do século. A reversão desse quadro somente será possível com a transição dos combustíveis fósseis para os renováveis em escala global, ainda segundo a PNUMA, o que vai ao encontro da conclusão da COP28 por meio do global stocktake ou inventário de emissões.

A substituição de fontes de energia, como petróleo, carvão e gás, por matrizes limpas, como eólica, solar, hidrogênio verde e biocombustíveis, foi o principal tema da conferência do clima realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Para que o mundo possa zerar suas emissões líquidas de carbono (net zero), segundo o global stocktake, precisam ser investidos US$ 4,3 trilhões por ano em energia limpa até 2030. A partir daí, o valor fica ainda maior: US$ 5 trilhões anuais até 2050.

Ainda segundo o FCI, quando perguntados sobre a necessidade de adaptação da sua residência por causa das mudanças climáticas, 39% dos consumidores disseram que pensam nisso, enquanto 18% já fizeram essas modificações. Além disso, 15% dos respondentes disseram que já buscaram o sistema de saúde por causa de doenças relacionadas às mudanças climáticas. Quatro em cada dez afirmaram que já sentiram efeitos físicos por causa da alteração do clima e, para 35%, os efeitos foram mentais.

Future Consumer Index

A nova edição do FCI, baseada em entrevistas feitas em setembro de 2023, fornece uma perspectiva única sobre as mudanças de comportamento dos consumidores. Por meio de uma pesquisa online anônima, foram coletadas 22 mil respostas de consumidores com idade entre 18 e 80 anos.

Os entrevistados são provenientes dos 28 países a seguir: Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Argentina, Chile, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Dinamarca, Holanda, Finlândia, Suécia, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, Japão, China, Índia, Indonésia, Tailândia, Arábia Saudita, África do Sul, Vietnã, Nigéria e Coreia do Sul. Os recortes foram feitos globalmente e por país, permitindo a comparação do comportamento do consumidor e a identificação de tendências locais e internacionais.