Brasil e Emirados reforçam parceria estratégica em inovação, segurança alimentar e energia limpa

Em conferência realizada pelo LIDE em Dubai, autoridades e empresários destacam o papel do Brasil como potência produtiva, a importância dos Emirados como hub logístico e a necessidade de cooperação em tecnologia, sustentabilidade e investimentos bilaterais.

H.E. Thani Bin Ahmed Al Zeyuodi, ministro do Comércio Exterior dos Emirados Árabes UnidosFoto_Melrish Studio_LIDE (3)Thani Bin Ahmed Al Zeyoudi, ministro do Comércio Exterior dos Emirados, ressaltou a importância do comércio para além do Petróleo com o Basil. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

O fortalecimento das relações econômicas e estratégicas entre Brasil e Emirados Árabes Unidos esteve no centro dos debates da Brazil Emirates Conference, realizada nesta segunda-feira (14) pelo LIDE, em Dubai. Com a participação de ministros, governadores, CEOs e parlamentares, o evento abordou os principais eixos que conectam as duas regiões: inovação, segurança alimentar, transição energética e atração de investimentos em infraestrutura e tecnologia.

Na abertura, o ministro do Comércio Exterior dos Emirados, Thani Bin Ahmed Al Zeyoudi, deu o tom pragmático ao ressaltar o papel do Brasil como parceiro econômico prioritário: “Compartilhamos mais de US$ 4,4 bilhões em investimentos não de petróleo”, afirmou.

Transição energética e climática como prioridade comum

Izabella Teixeira, co-presidente do International Resource Panel da ONU e presidente Mundial de Sustentabilidade da AmbiparFoto_Melrish Studio_LIDE (3)Ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu uma transição energética justa e mais proativa. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

A transição climática apareceu como tema transversal nos principais painéis da conferência. Para a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, é preciso transformar compromissos em ação: “O Brasil precisa trazer o futuro para o presente”, disse, defendendo uma transição justa e com foco estratégico.

No mesmo painel, Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras, destacou o crescimento da demanda energética global e o papel do Brasil no fornecimento de energia limpa: “A curva de demanda global por energia será maior nos próximos anos”, afirmou.

Ibaneis Rocha, governador do Distrito FederalFoto_Melrish Studio_LIDEIbaneis Rocha, governador do Distrito Federal, anunciou a implantação do primeiro eletroposto de hidrogênio verde do Brasil. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

Representando o Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha apresentou as iniciativas de transição energética da capital federal, como a ampliação do uso de energia solar e a eletrificação da frota de transporte público.

Entre os destaques, ele anunciou a implantação do primeiro eletroposto de hidrogênio verde do Brasil, desenvolvido em parceria com a Neoenergia. O posto, que começará a operar ainda este ano, abastecerá veículos leves e pesados com energia limpa, posicionando o DF como referência nacional no uso de fontes renováveis no transporte.

“Queremos transformar a nossa capital como um exemplo para todo o Brasil”, afirmou Ibaneis, ao destacar que as ações fazem parte de um projeto mais amplo para tornar Brasília uma cidade modelo em sustentabilidade urbana e inovação energética.

Ação do setor privado em sustentabilidade

O papel das empresas na agenda ambiental também foi evidenciado. O CEO da Itaminas, Thiago Toscano, defendeu uma mineração alinhada à transição energética.

“Olhar para a descarbonização é enxergar oportunidades de novos negócios”, disse, ao mencionar investimentos em tecnologias mais limpas e de menor impacto.

Rafael Tello, CEO da Ambipar Oriente Médio, reforçou a convergência entre os países na agenda ambiental. “Brasil e Emirados têm a mesma urgência por resultados”, destacou, citando projetos em economia circular e resposta a desastres ambientais.

Na mesma linha, o presidente global de operações da Ambipar, Roberto Azevêdo, apontou a descarbonização como vetor de competitividade: “A descarbonização deixou de ser meta — virou imperativo”, pontuou.

Protagonismo agroambiental

Kátia Abreu, senadora (2007-2023).Foto_Melrish Studio_LIDE (3)Kátia Abreu, ex-senadora, defende a evolução da agricultra brasileira durante Brazil Emirates Conference. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

A produção sustentável de alimentos teve espaço de destaque, especialmente na fala da ex-senadora Kátia Abreu, que apresentou dados sobre o avanço da agricultura brasileira.

“O Brasil superou a meta da FAO: aumentamos 75% a produção de alimentos”, afirmou, ao defender o uso de áreas degradadas com apoio de tecnologia para expansão da produção.

O potencial de parceria foi reforçado pelo CEO da Al Islami, Saleh Lootah, que posicionou o Brasil como fornecedor global e os Emirados como elo logístico. “Os Emirados são um hub, o Brasil é a potência produtora”, resumiu.

Omar Abdelaziz, CEO da Ursus Sugar Trading, destacou a estabilidade brasileira como diferencial no fornecimento global:

“Brasil é o único país que consegue fornecer alimentos em larga escala com estabilidade política”, afirmou, propondo mais investimentos em logística, armazenagem e fertilizantes.

Reforma tributária e ambiente de negócios

Izalci Lucas, senador. Foto_Melrish Studio_LIDESenador Izalci Lucas durante Brazil Emirates Conference em Dubai. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

As reformas estruturantes no Brasil também foram tratadas como essenciais para atrair capital estrangeiro. O senador Izalci Lucas defendeu que a reforma tributária já aprovada pelo Congresso representará uma virada no ambiente de negócios.

“A reforma tributária do Brasil sairá do pior para o melhor modelo”, disse, referindo-se à implementação do IVA e à simplificação do sistema.

O deputado federal Vitor Lippi completou a análise com um olhar para o futuro da economia: “O Brasil pode sair do atraso para liderar nova economia global”, afirmou, mencionando os avanços em bioindústria, digitalização e energia limpa.

Inovação e tecnologia como vetores de conexão

No campo da tecnologia e comércio digital, Mitch Bittermann, vice-presidente da Commercity, apresentou os planos de crescimento dos Emirados." Queremos dobrar a economia e a população dos Emirados até 2030”, disse, convidando empresas brasileiras a aproveitarem os incentivos das zonas francas e a estrutura do ecossistema digital de Dubai.

A AGTHIA, maior empresa de alimentos dos Emirados, também destacou o uso da tecnologia. Segundo o CDO da companhia, Vandy Santos, a inteligência artificial já é aplicada em toda a cadeia, da triagem de tâmaras à entrega de água em domicílios:

“Estamos usando inteligência artificial para reinventar a indústria de alimentos”, destacou, mencionando também o envolvimento de profissionais brasileiros na operação e um projeto-piloto de cultivo de tâmaras no Brasil.

Talento brasileiro e internacionalização

Leonardo Freitas, CEO da Haymann-Woodward. Foto_Melrish Studio_LIDELeonardo Freitas, CEO da Hayman-Woodward, avalia que Brasil tem talentos para ontribuir com hubs como o dos Emirados. (Foto: Melrish Studio/LIDE)

Fechandoo período da manhã, o CEO da Hayman-Woodward, Leonardo Freitas, destacou a importância do capital humano na transformação digital: “Sem tecnologia e capital humano, nenhum plano sai do PowerPoint”, declarou.

Com experiência em mobilidade global e negócios internacionais, Freitas reforçou que o Brasil tem talentos prontos para contribuir com hubs como o dos Emirados e que a região oferece infraestrutura e acolhimento únicos para quem busca internacionalizar seus negócios.


A Brazil Emirates Conference | United Arab Emirates contou com o patrocínio da Ambipar, Banco BRB, Vale, TurisRio, Secretaria de Turismo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Hayman-Woodward, Itaminas e Prefeitura do Rio de Janeiro | Invest.Rio. O evento também teve apoio da JHSF, Emae, Prefeitura de Barueri, NSI, Escodelar, On Time e Nirmata Capital, além dos media partners: Grupo Jovem Pan, Jovem Pan News, Veja, Veja Negócios, Revista LIDE e TV LIDE . A Emirates foi a transportadora oficial, e a Maringá Turismo, a operadora oficial do evento.