No Brasil, quase metade da população passa em média sete horas jogando videogames

Ao contrário da tendência global, os jovens brasileiros ainda não demonstram mais interesse nos videogames do que pelos canais de entretenimento tradicionais.

jeshoots-com-eCktzGjC-iU-unsplashJovens entre os brasileiros de 18 a 24 anos são os que mais passam tempo jogando. (Foto: Unsplash)

Os gamers não são mais um segmento de nicho, e cada vez mais, ser um amante de jogos é uma característica comum de boa parte da população mundial. Em escala global, os adultos com menos de 44 anos já estão passando mais horas por semana jogando videogames do que assistindo à TV ao vivo. E no Brasil, especificamente, é um passatempo regularmente desfrutado por quase metade da população.

É o que mostra uma pesquisa realizada recentemente pela YouGov, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line, onde 42,7% dos brasileiros que consomem qualquer tipo de conteúdo dizem que jogam pelo menos de 6 a 7 horas de videogames no computador ou em consoles durante uma semana normal. Outros 41,5% jogam em dispositivos móveis ou consoles portáteis, como o Nintendo Switch.

Como na tendência global, as porcentagens são estatisticamente mais altas entre os brasileiros de 18 a 24 anos (50,9% e 49,1%), de 25 a 34 anos (45,1% e 46,1%) e de 35 a 44 anos (51,3% e 46,4%). E um dado curioso: o que difere o Brasil da média global são que os homens não parecem ter uma afinidade estatisticamente significativa maior com videogames. E essa não é a única área em que o Brasil não está totalmente alinhado com a tendência internacional.

Embora cada vez mais jovens consumidores no país façam uso intenso de videogames, seu consumo de TV ao vivo ainda é maior. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 45,5% consomem pelo menos uma hora por semana de TV ao vivo, em comparação com apenas 40,8% que jogam videogame pelo menos a mesma quantidade de tempo. Entre as mulheres e os adultos mais velhos, a diferença é ainda mais marcante.

Em escala global, os videogames estão até mesmo ultrapassando os canais mais tradicionais na programação das pessoas. Em média, o consumidor internacional passa 8,9 horas por semana jogando videogames, menos do que a média de 10,4 horas gastas com TV ao vivo. No entanto, entre os consumidores de 18 a 44 anos, os videogames já são mais populares do que a tela.

Xbox e PlayStation são os dispositivos que os gamers brasileiros mais jogam
Globalmente, o dispositivo mais usado para jogar videogames são os smartphones com 64%, mas no Brasil, entre aqueles que jogam em consoles portáteis ou tradicionais, computadores e/ou dispositivos móveis mais de 6 ou 7 horas por semana, o sistema preferido ainda é o de dispositivos como Xbox e PlayStation.

Segundo dados do Profiles da YouGov, 60,2% desses brasileiros usam consoles para jogar videogames regularmente, em comparação com apenas 48,5% que dizem usar seus smartphones.

Os consoles são especialmente populares entre os consumidores de 25 a 34 anos, 66,7% usam esses dispositivos regularmente, e de 35 a 44 anos, 67,6%, enquanto os smartphones são especialmente populares entre aqueles com mais de 55 anos, onde 6 em cada 10 dizem que usam um smartphone para jogar.

Semelhante ao caso global, embora os smartphones não sejam particularmente mais populares entre as mulheres, as gamers brasileiras são estatisticamente mais propensas a usar tablets para jogos do que a média da população.

Os gamers brasileiros também são mais envolvidos com publicidade e consumo de mídia

Embora o consumo de videogames no país ainda não tenha alcançado a enorme popularidade que tem em escala global, os jogadores brasileiros compartilham com seus colegas internacionais a abertura de estratégias de marketing e o consumo intenso de conteúdo.

De modo geral, os consumidores do país que passam mais de 6 a 7 horas por semana jogando em computadores, consoles ou dispositivos móveis são mais propensos a interagir com anúncios personalizados com 43,5%, em comparação com a média nacional de 35,1%.

Os gamers também são mais propensos a dizerem que preferem criar laços significativos com as marcas, que é justo ver anúncios em troca de conteúdo gratuito e que a publicidade é útil para ajudá-los a escolher o que comprar.

Eles também são mais abertos a estratégias de interação e promoção por meio da mídia social, incluindo o uso de influenciadores e sistemas que permitem que vários usuários deixem avaliações e comentários sobre suas compras.

“Em geral, isso os torna um público fácil de capturar para as marcas alinhadas às estratégias digitais, pois o consumo de mídia dos gamers brasileiros também é substancialmente maior do que o da média das pessoas, semelhante à tendência global” comenta, David Eastman, diretor-geral da YouGov América Latina.

De acordo com o levantamento da YouGov, 62,5% da população geral do país passa mais de 6 ou 7 horas por semana nas mídias sociais. Entre os que jogam videogames regularmente no Brasil, no entanto, o percentual salta para 71%, um aumento de mais de 8 pontos percentuais. Essa tendência se mantém em todas as categorias, desde a TV ao vivo até o consumo de música por meio de serviços de streaming, a categoria com a maior diferença entre os gamers e a população em geral no Brasil.

Já a nível global, 41% dos gamers em todo o mundo ouvem podcasts em uma semana regular, mais do que o dobro do consumidor médio e 45% consomem conteúdo de vídeo ao vivo por meio de plataformas de streaming 20% a mais do que a média global.

Portanto, é perceptível que os gamers estão se posicionando cada vez mais como clientes em potencial que, além de serem particularmente receptivos a estratégias comerciais, também estão presentes em uma ampla variedade de canais, o que torna muito mais fácil capturá-los com uma estratégia bem elaborada.

“Embora seja verdade que os jogadores brasileiros ainda não consomem mais videogames do que outras formas mais tradicionais de entretenimento, eles são muito semelhantes ao jogador médio global em outros aspectos. Então, nesse sentido, e se a tendência atual continuar, podemos esperar que muito em breve os videogames ultrapassem até mesmo a TV por assinatura, como a principal forma de entretenimento, pelo menos entre a população jovem. Portanto, as marcas terão que levar isso em conta se quiserem desenvolver estratégias de marketing que atraiam esse nicho da população” finaliza Eastman.