"Boa comunicação da ciência é tão importante quanto o seu desenvolvimento", defende Natalia Pasternak

Diretora presidente do Instituto Questão de Ciência debateu sobre os aprendizados da pandemia com professor e doutor da USP e ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, e o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, no 9º Fórum LIDE da Saúde e Bem-Estar.

63df609e-0d65-4465-a687-97d7dccd0d5dPara Natalia Pasternak, boa comunicação é importante para a ciência. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)

A diretora do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, defendeu a comunicação eficiente para que os preceitos na ciência sejam difundidos na sociedade. A cientista participou do debate sobre os aprendizados na pandemia no 9º Fórum LIDE da Saúde e Bem-Estar, nesta segunda-feira (16).

"Uma boa comunicação da ciência é tão importante quanto o desenvolvimento da ciência. Se a gente não comunicar bem, a gente atrapalha até o desenvolvimento da ciência. Sobre a pandemia, nós estamos falando de uma doença que, para ser combatida, precisa da colaboração da população", explicou.

Natalia defendeu que a informação seja circulada na sociedade de maneira eficiente e sem ideologias ou politização. A pandemia da Covid-19, segundo ela, foi um case do que deve ou não ser feito, e criticou a distribuição de remédios para tratamento da doença sem comprovação científica e a falta de protocolos claros de isolamento. 

"Existem três problemas quando passamos informações sobre ciência e que precisamos aprender e a pandemia deixou isso claro para todo o setor. O primeiro, são as informações mal colocadas e mal comunicadas; o segundo, é a desinformação, que tem o poder de rodar o mundo via redes sociais; e por fim, a informação politizada, como vemos no caso da vacina contra covid-19", destacou.

43d91e57-294a-4704-9fe4-3972c5cb0fec (1)Gonzalo Vecina Neto criticou a falta de diálogo para o controle da pandemia. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)

Para o professor e doutor da USP Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi a falta de comunicação assertiva que ocasionou grandes problemas no enfrentamento da pandemia, inclusive com a interrupção no testes de vacinas.

"Certamente, falta diálogo. Temos uma situação crítica que é a informação à sociedade. A sensação é de que falta explicação compreensível, estamos falando em um idioma que ninguém entende. Devemos falar de forma mais clara e pensar como transferir informações vitais para que a sociedade entenda e se organize", pontuou.

Segundo ele, o clima de disputa politizada sobre o controle da pandemia prejudica todas as ações médicas e científicas, e inviabiliza o trabalho efetivo. Ele também defendeu a reestruturação do sistema de saúde brasileiro com o fortalecimento da assistência básica.

"Nós, no Brasil, precisamos ter um sistema de vigilância epidemiológica que seja digno do nome. E a atenção primária à saúde tem que estar presente de maneira efetiva. Sem a atenção primária, o sistema cai ou fica insustentável", disse.

3e5aa3f4-babd-4651-810d-255d9278fcc5 (1)Jean Gorinchteyn defendeu aos empresários a universalização da vacinação. (Foto: Kazuo Kajihara/LIDE)

Imunização

O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, defendeu aos empresários a universalização da vacinação e a capilarização da imunização. Para o chefe da Pasta, os gestores do setor devem estar atentos às pontas do sistema, de modo a suprir deficiências e otimizar demandas.

"O estado de São Paulo é o que tem o maior nível de testagem na América Latina, incluindo os testes precoces, de indivíduos com sintomas leves. Isso possibilita o diagnóstico rápido, assim como as ações imediatas de isolamento, diminuindo o impacto na internação e, consequentemente, na quantidade de óbitos."