Riscos climáticos ganham destaque no planejamento das atividades no campo

Especialistas apontam que, cada vez mais, os produtores rurais devem estar atentos à questão do clima e aos impactos na sua produção.

Jaelson Lucas / AENProdutores rurais devem estar atentos. (Foto: Jaelson Lucas / AEN)

Estiagem prolongada, geadas e outros eventos climáticos recentes já comprometem a produção do agronegócio brasileiro. Projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam redução de 16% na produção de milho, 11% na de feijão e 26% no café. Os números são uma comparação entre o ano safra atual (2020/2021) com o anterior (2019/2020).  

Já o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio recuou 2,8% no segundo trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses de 2021, segundo o IBGE. A queda, referente apenas ao trimestre e não o ano safra completo, se deve a fatores como a quebra nas culturas de café e algodão, por causa das geadas. 

Diante deste cenário, especialistas alertam que os riscos climáticos devem estar, cada vez mais, no radar dos produtores durante o período de planejamento das suas atividades.

“O agronegócio tem de olhar a questão climática como uma variável importante na estratégia de risco e resiliência, pois as oscilações no clima podem ser cada vez mais frequentes”, diz Alexandre Rangel, líder do Centro de Excelência do Agronegócio da EY.  

Além dos produtores de grãos e outras culturas, outras cadeias do agronegócio, como a de proteína animal (frango, suínos, carnes bovinas), sofrem com a estiagem, já que os grãos são utilizados na produção de rações dos animais, por exemplo. A produção de leite também é afetada em decorrência dos pastos secos para alimentação do gado. 

Segundo Rangel, atualmente o agronegócio discute não apenas a estiagem em si, mas as providências que devem ser tomadas diante da irregularidade das chuvas, inclusive o risco de excesso delas em determinadas épocas ou regiões.

“Muitos produtores se questionam, hoje em dia, se não é o caso de comprar terras em outros locais, já que o tipo de cultura ao qual se dedicam está se deslocando de uma região para outra por causa das mudanças climáticas”, explica o consultor. 

A sustentabilidade ambiental também tem pautado as discussões e projeções do agronegócio. “O setor está entendendo que a sustentabilidade ambiental não é importante apenas por uma pressão da sociedade, mas por colocar seus negócios em risco”, diz José Rocha Mendes, gerente sênior de Estratégia da EY Parthenon.  Ele destaca que quebras nas safras agrícolas afetam diretamente a balança comercial e o PIB brasileiro. “Cerca de 50% das exportações brasileiras são de produtos agrícolas”, justifica Mendes. 

Rangel destaca que, além das mudanças climáticas, outro desafio dos produtores brasileiros é aumentar a competitividade dos seus produtos no mercado interno e externo. Para isso, é necessário lidar com questões como aumento da produtividade por hectare.

“O desafio do agronegócio é fazer cada vez mais com menos, ou seja, aumentar a produtividade”, afirma o especialista. “Trabalhar com melhoramentos genéticos, novos meios de produção e evitar desperdícios são alguns dos caminhos para isso”, completa. 

(Fonte: Agência EY)