Rio Grande do Sul é o estado com mais projetos de inovação
Dos 1,4 mil projetos desenvolvidos com apoio da Finep no âmbito da Nova Indústria Brasil (NIB) em 2024, 20% são liderados por empresas, startups e ICTs do estado do RS.
CEO da Pix Force, Daniel Moura. (Foto: Divulgação)
No final de abril do ano passado, em meio a maior catástrofe humanitária e climática do Rio Grande do Sul, a Pix Force viu afundar R$ 2 milhões em equipamentos, entre câmeras, sensores e servidores.
A empresa, que nasceu em 2016 como startup e hoje é reconhecida como líder em serviços com Inteligência Artificial para a indústria, encontrou na Nova Indústria Brasil (NIB) a esperança da rápida mitigação dos danos e de motivos para não desistir dos seus projetos de inovação.
A Pix Force integra o núcleo de iniciativas aprovadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), dentro da missão 5 da NIB, de bioeconomia e descarbonização, que, só em 2024, aprovou 1.416 projetos somando R$ 21,2 bilhões investidos, sendo R$ 17,832 bilhões da Finep e R$ 3,375 bilhões das empresas em contrapartida.
A política de reindustrialização do país prevê o financiamento de projetos de inovação por meio de recursos de diferentes órgãos e instituições, sendo a Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), uma das operadoras da NIB.
E o Rio Grande do Sul foi a Unidade da Federação com o maior número de projetos, 294, o que representa 20,7% do total. As iniciativas lideradas por empresas, startups e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) gaúchas movimentaram R$ 2,9 bilhões em investimentos.
O CEO da Pix Force, Daniel Moura, conta que o investimento chegou no período que Porto Alegre foi acometido pelas enchentes e que toda a área administrativa da empresa, instalada no espaço do Instituto Caldeira, hub de inovação da capital gaúcha, foi afetada pelas chuvas.
“Tivemos um grande impacto. O instituto ficou mais de 30 dias fechado, todo o primeiro andar, onde estamos, foi totalmente destruído. Foi muito difícil”, lembra Daniel Moura, CEO e um dos fundadores da Pix Force.
No entanto, ele afirma que a garantia de investimento nas ações de inovação da empresa foi um dos motivos para que a Pix Force continuasse o seu projeto de gêmeos digitais para parques eólicos offshore, uma parceria com as empresas Tidewise e a Nvidia para o desenvolvimento de um ecossistema digital, com drones, sensores e gêmeos digitais, para implantação, operação e manutenção de parques eólicos offshore - que aproveita a força do vento sobre o mar para gerar eletricidade de forma limpa e sustentável.
Daniel Moura explica que o objetivo do projeto é utilizar gêmeos digitais e inteligência artificial para aprimorar a eficiência, segurança e sustentabilidade na geração de energia renovável em áreas marítimas.
“A maioria das inspeções são visuais e conseguimos inspecionar com drones autônomos. Não precisa de controle nem para ativar, em certo horário o drone sai da caixa, faz a inspeção por imagem e joga na nuvem para análise dos dados. Em alto mar, por exemplo, temos muito problema de maresia. É muito mais arriscado ter esse ativo em alto mar que em terra”, destaca Daniel Moura.
Subvenção econômica impulsiona empresas
Referência em robótica e automação, a Instor é outra empresa que viu, nas chamadas, a oportunidade de desenvolver projetos de maior complexidade e alcance. Já são dois em andamento: R$ 14 milhões para um robô hexápode de manutenção de parques eólicos por meio de sensores; e R$ 12,3 milhões para robôs de transporte em terrenos acidentados.
Junto a missão de criar soluções disruptivas e tecnológicas, Marta Von Dentz, diretora administrativa da Instor, faz questão de manter os valores que nasceram junto com a empresa, lá na Universidade Federal do Rio Grande do Sul há quase 20 anos.
“Desenvolvemos a robótica não para comodidades, como entregar cerveja ou fast food na porta, mas sim que contribuem significativamente para a sociedade, que tiram as pessoas de serviços com risco. Todos os nossos projetos têm essa finalidade”, reforça Marta.
Segundo a gestora, que também é uma das fundadoras da empresa, um grande desafio para quem trabalha com inovação é dar continuidade aos projetos, pois eles levam tempo para se desenvolver.
Por exemplo, uma tecnologia importante que chega a um nível de maturidade tecnológica 6 ou 7, mas precisa de alavancagem para ir a campo e entrar no mercado. Por isso, o apoio técnico e financeiro da Finep e do ecossistema de inovação são tão importantes.
Segundo a gestora, que também é uma das fundadoras da empresa, um grande desafio para quem trabalha com inovação é dar continuidade aos projetos, pois eles levam tempo para se desenvolver.
Por exemplo, uma tecnologia importante que chega a um nível de maturidade tecnológica 6 ou 7, mas precisa de alavancagem para ir a campo e entrar no mercado. Por isso, o apoio técnico e financeiro da Finep e do ecossistema de inovação são tão importantes.
Desenvolvimento nacional além das fronteiras
Por estarem no Parque Tecnológico de Viamão, a Instor não foi afetada diretamente pelas enchentes. Passou mais por desafios de logística e pelo impacto social, de familiares e amigos dos funcionários que sofreram com a catástrofe.
“É um incentivo que cria empregos e novos fornecedores, beneficia toda uma indústria. Hoje, 60% a 70% dos nossos insumos são nacionais. Montagem, projeto e fabricação de robôs já são feitos no Brasil, o que não conseguimos é mais da parte eletrônica, computação, sensores, câmeras e motores. Mas até baterias conseguimos ter desenvolvedores que importam insumos da China e montam aqui”, detalha o CEO, Miguel Ignacio Serrano.