Um terço das empresas brasileiras registraram perdas de pelo menos US$ 1 milhão em ciberataques
Pesquisa Digital Trust Insights 2025, da PwC, indica que, apesar dos avanços, empresas enfrentam perdas milionárias nos últimos três anos.
Os riscos cibernéticos lideram as prioridades de mitigação identificadas por líderes no Brasil. (Foto: Freepik)
O custo médio global das empresas com ciberataques chegou a US$3,32 milhões nos últimos três anos. Só no Brasil, um terço das empresas respondentes enfrentaram perdas de pelo menos US$1 milhão neste mesmo período. Os dados estão na edição 2025 da Digital Trust Insights, pesquisa global realizada pela PwC que ouviu mais de quatro mil executivos de negócios e tecnologia, em 77 países, incluindo o Brasil.
O estudo também revela que apenas 2% das organizações no mundo implementaram integralmente ações de resiliência de cibersegurança. Ainda neste aspecto, menos da metade dos executivos globalmente afirmam medir os riscos cibernéticos de forma eficaz e apenas 15% das organizações avaliam o impacto financeiro dessas ameaças.
Para Eduardo Batista, sócio e líder de Cibersegurança e Privacidade da PwC Brasil, a prioridade deve ser integrar a cibersegurança às decisões estratégicas das empresas. “Investir na mensuração do risco cibernético e na resiliência é essencial para proteger os ativos e fortalecer a confiança no ecossistema digital. A nossa pesquisa indica o quanto as empresas ainda precisam avançar na adoção de práticas robustas de gestão de risco”, afirma o sócio.
Os riscos cibernéticos lideram as prioridades de mitigação identificadas por líderes no Brasil, com 65% dos líderes de tecnologia e 46% dos líderes de negócios apontando sua mitigação como essencial. Os riscos digitais e tecnológicos seguem próximos, reforçando a atenção crescente a essas ameaças.
As principais ameaças, como riscos relacionados à nuvem, violações de terceiros, operações de hack-and-leak e ataques a produtos conectados, destacam a urgência de investimentos melhores e capacidades de resposta mais robustas. Além disso, há uma diferença de percepção entre os executivos de segurança e o restante da organização: CISO (Chief Information Security Officers), responsáveis por garantir a segurança dos dados e sistema de uma organização, e CSOs (Chief Sustainability Officer) que lideram iniciativas de sustentabilidade e impacto ambiental, são mais propensos a incluir o ransomware entre suas três principais preocupações, refletindo seu foco em TI e cibersegurança.
IA generativa amplia riscos, mas surge como aliada
No Brasil, 85% das empresas aumentaram seus investimentos em inteligência artificial (IA) generativa nos últimos 12 meses, priorizando sua aplicação na detecção de ameaças e na defesa cibernética. Esse índice é superior à média global, que é de 78%. No entanto, 68% dos líderes brasileiros afirmam que tecnologias emergentes, como a IA generativa, também estão ampliando a superfície de ataque cibernético.
“Embora a IA traga desafios, as empresas que integram essa tecnologia de maneira responsável estão mais preparadas para enfrentar os riscos. A chave está em alinhar governança, inovação e segurança”, ressalta Eduardo Batista.
Regulamentações como motor de investimentos
As regulamentações em cibersegurança têm impulsionado aplicações no Brasil, com 100% dos líderes brasileiros afirmando que elas incentivaram o aumento de investimentos em segurança nos últimos 12 meses, comparado a 96% globalmente.
Além disso, 89% acreditam que essas regulamentações ajudaram a fortalecer ou ampliar suas posturas de segurança. Há, no entanto, um "gap" de confiança entre CEOs e CISOs quanto à capacidade de cumprir exigências regulatórias, especialmente relacionadas à inteligência artificial, resiliência cibernética e infraestrutura crítica.
Importância da integração dos CISOs nas estratégias corporativas
A pesquisa também evidencia a necessidade de maior envolvimento dos CISOs nas estratégias corporativas. Atualmente, apenas 56% dos CISOs brasileiros participam ativamente do planejamento estratégico de investimentos em segurança. Enquanto isso, os riscos cibernéticos continuam no topo das prioridades, sendo apontados como críticos por 65% dos líderes de tecnologia no Brasil e 46% dos líderes de negócios. Além disso, riscos relacionados à nuvem foram classificados como prioritários por 42% dos executivos brasileiros, superando a média global de 34%.
“Integrar os líderes de cibersegurança às decisões de alto nível permite que as empresas alinhem proteção, inovação e resiliência. Essa mudança estratégica é indispensável para lidar com ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas. E há um movimento nessa direção, já que 80% dos nossos respondentes brasileiros afirmaram ter aumentado os investimentos em gestão de riscos e governança de IA. Esse índice supera o global, que foi de 72%”, analisa Batista.