Inteligência Artificial e Open Finance: o que fazer com tanta informação?
A grande revolução acontece quando toda informação pode ser interligada com dados de qualquer outro segmento; sem IA torna-se um fardo impossível.
Danillo Branco, head de Open Finance da Celcoin. (Foto: Divulgação)
A Inteligência Artificial (IA) é uma tendência de infraestrutura em todos os segmentos possíveis e imagináveis. Com o Open Finance não é diferente – e já existem sinais sobre como isso vai afetar o setor financeiro em todo o mundo. Depois de anos de desenvolvimento, os ecossistemas de Open Finance, Open Insurance e Open Investments são capazes de disponibilizar dados de alta qualidade, em grande volume. O desafio agora, é entender e gerar insights com essas informações.
Está cada vez mais claro que a combinação dessas tecnologias permite às instituições financeiras uma nova camada de serviços, mais personalizados, seguros e acessíveis. Alguns países já vêm utilizando IA para aprimorar a leitura de dados do mundo Open e resolver uma das grandes questões em qualquer segmento hoje: o que fazer com tanta informação?
A resposta é simples: análise de informações e insights
No Reino Unido, onde o Open Banking já está consolidado, instituições como a Starling Bank e a Monzo utilizam IA para analisar informações em tempo real e oferecer recomendações de gastos e investimentos personalizados. O HSBC usa IA para monitorar padrões de gastos e, com isso, detectar anomalias que indicam fraudes, além de oferecer sugestões para que os clientes atinjam objetivos específicos.
Na Ásia, o uso de IA no Open Finance também tem avançado rapidamente. Em Singapura, o DBS Bank utiliza IA para processar grandes volumes de dados e fornecer alertas em tempo real sobre oportunidades de investimento e gestão de patrimônio aos clientes. Além disso, o banco também usa tecnologias de IA para rastrear padrões de comportamento dos usuários, adaptando produtos conforme a jornada financeira individual de cada cliente.
Crédito, crédito, crédito
Outra aplicação promissora das IAs no contexto do Open Finance está na avaliação de risco para crédito. Nos Estados Unidos, a Plaid, uma das maiores empresas de integração financeira do mundo, usa IA para analisar o histórico dos clientes. Isso permite que fintechs e bancos ofereçam crédito com taxas mais competitivas e de acordo com o perfil dos consumidores. Essa abordagem reduz os custos e amplia o acesso ao crédito para consumidores com histórico limitado, mas com bom comportamento financeiro.
Outro exemplo, dessa vez mais perto do Brasil, está na Índia, onde o ICICI Bank utiliza IA no Open Finance para prever o risco de inadimplência e adequar a oferta de crédito ao perfil de cada cliente, considerando variáveis de comportamento e histórico de transações. O modelo também é uma solução de inclusão financeira, permitindo que pessoas sem histórico formal de crédito obtenham financiamentos, ao usar dados de pagamento de contas, serviços e outros gastos cotidianos.
Mais segurança
A segurança é um desafio contínuo as instituições financeiras e fintechs. E as IAs têm sido uma ferramenta crucial na detecção de fraudes. No Brasil, por exemplo, o Banco Central vem integrando padrões de segurança baseados em IA para monitorar transações e detectar comportamentos suspeitos. Já em Israel, o Bank Hapoalim desenvolveu um sistema que verifica automaticamente a autenticidade de transações bancárias e identifica anomalias em históricos de transações, aumentando a segurança dos clientes que utilizam o Open Finance.
Outro exemplo está na Austrália, em que o Commonwealth Bank utiliza IA em conjunto com Open Banking para detectar atividades fraudulentas em tempo real, utilizando aprendizado de máquina para atualizar constantemente os parâmetros de segurança. Isso permite ao banco responder rapidamente a ameaças e proteger os dados financeiros dos consumidores, o que é essencial para manter a confiança no sistema.
Insights e dados precisos
Com a expansão do Open Finance e o aprimoramento das tecnologias de IA, é possível imaginar um ecossistema com grandes volumes de dados e que traga também novas maneiras de gerar insights. Ferramentas criadas especificamente para traduzir as informações do Open Finance permitem a criação de produtos financeiros inclusivos e acessíveis, que aprimoram a segurança e ampliam ofertas de crédito. Mas a grande mina de ouro está na compreensão dos dados de milhares de clientes.
Desde sua criação, o ecossistema de dados abertos prevê a integração de ecossistemas. Tudo começou com os dados bancários, com o Open Banking. Em seguida, o ecossistema evoluiu para os dados financeiros. Logo em seguida, foi possível incluir dados de seguros e investimentos. Mas a grande revolução acontece quando toda essa informação pode ser interligada com dados de qualquer outro segmento: saúde, consumo de energia, educação e contratos são tendências para um futuro próximo. Sem ferramentas de Inteligência Artificial, essa imensa quantidade de informação se torna um fardo impossível. Novos cases já surgiram e suas evoluções não demoram para chegar. Resta entender o que fazer com tanta informação.