Mercado de carbono no Brasil: as oportunidades do agro em protagonizar a agenda de sustentabilidade
O Brasil tem uma chance única de liderar o mercado global de créditos de carbono, aproveitando sua riqueza natural e seu potencial inovador.
Marcello Guimarães, CEO da AutoAgroMachines. (Foto: Divulgação)
Com a aprovação da Lei nº 15.042, que cria o mercado regulado de carbono no Brasil, vivemos um marco estratégico para impulsionar a agenda ambiental e econômica por aqui. De acordo com a consultoria McKinsey, o setor pode atingir um valor de US$ 50 bilhões até 2030, com o país ocupando posição de destaque. O mesmo estudo também aponta que temos 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais e condições para suprir até 48,7% da demanda mundial.
Os créditos de carbono funcionam como instrumentos que medem a redução de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Se uma empresa solta menos gases do que o permitido por lei, ela pode vender essa "economia" para outra companhia que ainda precisa atingir metas ambientais. Isso incentiva todo o mercado a utilizar soluções mais verdes, como plantar árvores, usar energia do sol ou do vento e criar tecnologias que poluem menos.
Desmatamento zero
Essa regulamentação é especialmente relevante para combater o desmatamento. Ao valorizar economicamente a floresta em pé, os créditos de carbono criam um incentivo real para que proprietários rurais e empresas optem por preservar áreas de vegetação nativa em vez de modificá-las para outros usos, como criação de gado e plantações de soja. No Brasil, que enfrenta altas taxas de desmatamento, essa nova abordagem será essencial para proteger nossa biodiversidade e o equilíbrio climático global.
Acredito que o mercado de carbono pode ser um catalisador da inovação tecnológica. As startups encontram nesse contexto um ambiente fértil para desenvolver soluções que conciliem a preservação ambiental com a geração de emprego e renda. Atualmente, já existe uma sinergia entre tecnologia e sustentabilidade e é esse entendimento entre áreas que será a chave para transformar os desafios ambientais em oportunidades econômicas.
Mas, para que este mercado de carbono seja bem-sucedido, é fundamental garantir transparência e integridade. É necessário ter uma fiscalização rigorosa, além de um monitoramento contínuo das reduções de emissões, indispensável para que o modelo seja confiável e atraente para investidores, empresas e governos.
O Brasil tem uma chance única de liderar o mercado global de créditos de carbono, aproveitando sua riqueza natural e seu potencial inovador. A regulamentação é um primeiro passo decisivo, mas cabe a todos nós – governos, empresas e sociedade – trabalharmos juntos para transformar essa visão em realidade.
No futuro, espero que essa iniciativa não só ajude a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também permita que o Brasil alcance um modelo de desenvolvimento sustentável, no qual preservar é tão importante quanto produzir. Este é o caminho que queremos construir com tecnologia, inteligência e comprometimento com as próximas gerações.