Adriana Costa, da Siemens Healthineers: 'Acredito na potência da co-criação entre agentes do mercado de saúde para trazer resultados ao paciente'

A tecnologia transformou a relação médico-paciente e traz impactos positivos ao modelo de atendimento em diferentes esferas.

Hospital BP_Paulista_Fachada (9)Projeto Laboratório 3D, iniciativa in house na Beneficência Portuguesa de São Paulo, criará réplicas de órgãos humanos, como coração e cérebro, para utilização em casos reais (Foto: Divulgação)

A virada de chave provocada pela transformação digital na área da saúde pode ser observada pelo leque de modelos preventivos, com maior controle de performance e cuidados com os pacientes, atendimento e agilidade no processamento de dados e informações. Gestores do segmento estão atentos a esse processo de transição. 

“O foco agora está em antecipar riscos à saúde, evitar que as pessoas fiquem doentes a partir de uma mudança comportamental e, especialmente, prover maior alcance do cuidado, ou seja, democratizar a saúde a ponto de proporcionar mais qualidade de vida para um número maior de pessoas, não importando onde vivem ou estejam”, afirma Bruna Souza, estrategista digital da vertical de saúde do Grupo FCamara, ecossistema de tecnologia e inovação que potencializa a transformação dos negócios.

A FCamara desenvolveu um processo que pode resolver um dos maiores gargalos na área da saúde: a dificuldade de uma integração eficiente entre diferentes jornadas de cadastro. Por meio da estratégia de interoperabilidade, a empresa possibilita agregar diferentes jornadas, originadas em instituições, como clínicas, hospitais e laboratórios. Com isso, garante que esses dados sejam armazenados, tratados e organizados de maneira que possam ter um uso mais inteligente no atendimento em saúde.

“O adequado tratamento desses dados, em todo o seu ciclo de vida, traz maior eficiência no atendimento e otimização de tempo para os envolvidos, impactando de maneira positiva tanto profissionais e pacientes, quanto instituições e usuários dos serviços de saúde. A estratégia consiste na integração com diferentes fontes e os estrutura de forma a ficarem unificados e completos nas pontas de cadastro, trabalhando com entradas e saídas padronizadas e disponibilizando informações em padrões interoperáveis de mercado para apoiar nas estratégicas de maneira organizada”, explica Marcos Moraes, diretor da vertical de saúde do Grupo FCamara.

Vantagens

Para os pacientes, o executivo aponta benefícios como a agilidade na busca de exames, atendimento personalizado e acesso facilitado a informações sobre canais de atendimento, serviços disponíveis e coberturas. Para operadoras de saúde, a previsão é de haver maior assertividade nas negociações, facilidade na análise de oportunidades e redução do volume de erros operacionais. Moraes cita também vantagens específicas para instituições prestadoras de serviços e para médicos.

“Em relação a hospitais, laboratórios e médicos, os maiores ganhos são celeridade para novas operações, diminuindo os esforços de integração em nível de dados e sistemas, maior assertividade nos serviços e a disponibilidade do rol de exames completo de cada paciente. Em resumo, esperamos maior agilidade na implementação de novos produtos e negócios, proporcionando uma melhor experiência em todas as pontas”, finaliza Moraes.

Tecnologia

Fernando Uzuelli, head do Rita Saúde, plataforma integradora de negócios em saúde do Grupo Sabin. (Foto: Divulgação) 

O avanço da Internet das Coisas e o fácil acesso a dados tem gerado expectativas de impactos positivos diretos na saúde suplementar - que atende aproximadamente 23% da população brasileira, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “São quase 47 milhões de usuários atendidos por companhias privadas, como o Grupo Sabin, investindo em ferramentas e recursos tecnológicos para promover inovação no atendimento, reduzir custos operacionais e melhorar o planejamento de assistência do paciente para os médicos e demais profissionais do setor”, observa Fernando Uzuelli, head do Rita Saúde, plataforma integradora de negócios em saúde do Grupo Sabin.

De acordo com o executivo, as vantagens serão percebidas a curto, médio e longo prazos.

“Acredito que o 5G é uma tecnologia que pode fortalecer ainda mais a relação médico-paciente. Teremos serviços de telemedicina mais arrojados, além de procedimentos clínicos e laboratoriais mais eficientes. Estamos diante de um horizonte de oportunidades a serem exploradas com maturidade, desde a atenção primária à medicina personalizada de ponta”.

Porém, observa o médico, é fundamental amadurecer as instituições de saúde para que o 5G não seja apenas uma ferramenta sem um processo de trabalho.

“É uma tecnologia com alto potencial de velocidade e transmissão de dados e precisamos saber implementá-la de forma estratégica para que seja eficaz e sustentável. Diante disso, é preciso entender que os processos de trabalho em saúde que vão surgir demandando 5G, passam pela necessidade de estrutura de ponta e mão de obra qualificada, fatores relacionados ao amadurecimento do setor. Não se trata somente em investir em modelos inovadores para transformar o acesso à saúde, é impreterível olhar para eles de maneira holística para torná-los factíveis e, também, rentáveis”, detalha.

Impressão 3D

Imagine poder estudar isoladamente um órgão ou membro de um paciente reproduzido em três dimensões, em tamanho real, antes de uma cirurgia? A BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país, reforça seu compromisso com a inovação e torna essa possibilidade em realidade, ao criar o projeto Laboratório Clínico de Impressão 3D, iniciativa piloto in-house para a produção de biomodelos de estruturas orgânicas como réplicas de crânio, cérebro, ossos, vasos sanguíneos, coração, entre outros. O objetivo é oferecer ao profissional o aperfeiçoamento à prática e ser mais assertivo nos procedimentos, aprimorar o seu conhecimento sobre o espaço cirúrgico e desenvolver novas táticas de tratamento, sempre com olhos voltados à qualidade no atendimento ao paciente.

A tecnologia permite que o médico imprima, em 3D, a área de interesse onde irá fazer o procedimento. Essa forma de impressão é uma das principais técnicas de manufatura aditiva e utiliza a sobreposição progressiva de material para construção de objetos. Antes da impressão, por exemplo, a área que será reproduzida passa por diversas etapas, como a seleção precisa das áreas a serem impressas, a reconstrução 3D. Feito isso, o arquivo final vai para impressora e é iniciado o procedimento. O tempo para a finalização do processo varia de acordo com o tamanho do modelo, complexidade e materiais, que pode ir de algumas horas a até alguns dias.

De acordo Renato José Vieira, diretor-executivo de Desenvolvimento Médico, Técnico e Educação e Pesquisa, o Laboratório 3D abre uma perspectiva totalmente nova para a saúde.

“Além de mesclarmos a impressão 3D com outras tecnologias multidimensionais, como a realidade virtual e aumentada, esse projeto também impactará positivamente no planejamento do cuidado com o paciente, com procedimentos mais precisos, rápidos e seguros. O projeto tem potencial para, num futuro próximo, ganhar escala e atender diversas especialidades aqui na BP. E, claro, a geração de valor também extrapola para o campo acadêmico: temos a pretensão de lançar cursos inovadores dessa tecnologia com foco em saúde”, aponta.

C-Level de Destaque

Adriana Costa - Siemens BRAdriana Costa, da Siemens Healthineers. (Foto: Divulgação)

A Siemens Healthineers possui uma liderança feminina à frente das operações no Brasil. No currículo, Adriana Costa tem mais de duas décadas de experiência em posições de gestão no Brasil e na América Latina, com atuação nas áreas de Gestão de Negócios, Marketing e Comercial. No setor de Cuidados da Saúde e Industrial, acumula experiências em organizações como Johnson & Johnson, General Electric e GlaxoSmithkline. Pós-graduada em Marketing pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com MBA em Negócios pela Fundação Dom Cabral, Adriana tem como propósito conectar a estratégia global de pioneirismo nos avanços de cuidado da saúde, acelerando a transformação do mercado de saúde no Brasil, através de uma gestão humanizada e colaborativa.

“Acredito na potência da co-criação entre os diversos agentes do mercado de saúde, para encontrarmos soluções que visam maior eficiência para toda cadeia e melhores resultados aos pacientes”.