Sidney Klajner, do Einstein: Investimento público é essencial para o progresso da saúde, mas isso não diminui a responsabilidade do setor privado

Einstein foca em prevenção e promoção à saúde de maneira integrada.

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O Hospital Israelita Albert Einstein foi fundado no início da década de 70. Desde então, a instituição cresceu e se desenvolveu, consolidando-se como um importante centro médico-hospitalar do país. (Foto: Divulgação)


O Einstein acaba de ser considerado o melhor hospital do Brasil e da América Latina em Gastroenterologia, Oncologia e Ortopedia, pelo ranking World’s Best Specialized Hospitals 2023, da revista americana Newsweek. A instituição conquistou também posições de destaque em outras sete especialidades, sendo reconhecido, ao final, em 10 das 11 áreas avaliadas pelo prêmio, que destacaram as especialidades de Cardiologia, Cirurgia Cardíaca, Endocrinologia, Neurologia, Neurocirurgia, Pediatria e Urologia.
Tais conquistas revelam como a instituição se tornou um grande catalisador de transformações na sociedade, e contribui para torná-la cada vez mais saudável, humana e justa. “Não somos somente um hospital, mas um sistema integrado de saúde, que engloba assistência – com atenção primária, diagnóstico, tratamento, reabilitação –, ensino e pesquisa, atuação no SUS e desenvolvimento tecnológico em nosso ecossistema de inovação”, diz Sidney Klajner, médico e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Jornada pela vida

Responsável por 29 equipamentos, entre eles hospitais, UBS, AMA, CAPS e outros, essa expansão do Einstein se dá de forma natural e cadenciada tanto nas áreas pública quanto privada, otimizando o cumprimento de sua missão institucional. O mesmo vale para colaborações com outras organizações. Um movimento recente foi a criação da Gênesis, junto com o Fleury, voltada para testes genômicos. O Einstein também entregou seu primeiro projeto internacional de Consultoria em Saúde, o hospital Clínica de Las Americas, na Bolívia. Por meio do compartilhamento de conhecimento, práticas e capacitação dos profissionais que atuam no setor, a instituição tem conseguido fomentar a saúde até mesmo em outros países.


“Somos imbuídos de um espírito inovador, além de sermos obcecados por qualidade e segurança. Desse modo, otimizamos o uso de tecnologias, sempre em benefício ao paciente. Com isso, o cuidado é cada vez mais personalizado, com os melhores desfechos possíveis, e em constante evolução. Acredito que a presença da organização em rankings nos faz reiterar o compromisso diário do corpo clínico e dos colaboradores do Einstein na busca de práticas e abordagens que atendam às diferentes necessidades dos pacientes, sobretudo na alta complexidade. Isso se dá pelo compromisso de promover um impacto positivo na sociedade, característica compartilhada com os melhores centros de saúde do mundo”, avalia Klajner.

Performance

 

Complexo hospitalar 

Espaço Einstein (6)Espaço Einstein foi inaugurado no segundo semestre deste ano, com o objetivo de promover saúde integrada aos pacientes. (Foto: Divulgação)


Nesta jornada de inovação, o Espaço Einstein, situado em São Paulo, iniciou suas atividades em agosto, com a proposta de levar saúde, de forma integrada, à população. O local tem dois mil metros quadrados divididos entre áreas voltada para o treinamento físico, inclusive ao ar livre, recuperação esportiva, nutrição, fisioterapia, hidroterapia - com tecnologia para a prática e correção da natação -, psicoterapia esportiva, entre outros, além de consultórios para atendimentos de diversas especialidades médicas.

“O Espaço Einstein foi concebido para promover a cultura de cuidado com a saúde, bem-estar físico e mental e maior qualidade de vida. É parte de O Einstein ampliará, até 2023, sua oferta de leitos virtuais de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todo o país. A organização passará dos 225 leitos vigentes para 537 leitos no próximo ano. Desses, mais de 80% (450 no total) serão dedicados a unidades públicas de saúde."

C-Level de Destaque


Sidney Klajner, médico e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (Foto: Fábio H. Mendes)

Ao assumir a presidência da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em 2016, Sidney Klajner sabia que tinha iniciado um dos maiores desafios de sua carreira: dar sequência e ampliar um legado marcado pela qualidade, segurança, tecnologia, inovação e ensino. Boa parte de sua gestão se deu durante um dos períodos mais críticos da história moderna, a pandemia de Covid-19. Liderar uma organização desse tamanho em meio a tantos desafios – logísticos, médicos, sociais, humanos – já representa uma marca por si só, especialmente se consideramos a experiência do paciente.

Como o Centro de Ensino e Pesquisa pode contribuir para ampliar o acesso a investimentos e verbas em pesquisa científica em medicina?
Investimento público é essencial para o progresso da área, mas isso não diminui a responsabilidade do setor privado, incluindo organizações filantrópicas. Anualmente, os investimentos do Einstein em Pesquisa totalizam cerca de R$ 100 milhões.Com esses recursos buscamos novos medicamentos, tecnologias, abordagens e equipamentos capazes de ter um impacto significativo na saúde da população – por exemplo com a busca por melhores maneiras de tratar pessoas que tenham hipertensão e/ou diabetes, ou ainda a elaboração de terapias gênicas para doenças, como a anemia falciforme.No novo Centro, haverá uma interação mais natural e intensa entre os estudantes e pesquisadores, uma troca mais ágil de ideias, que se traduz em mais conhecimento sendo disseminado, e um país mais saudável, algo que está totalmente em linha com a missão da nossa organização.

A transformação digital ainda encontra barreiras entre os médicos? A telemedicina se mantém em alta?
A telemedicina é uma ferramenta que viabiliza e promove maior acesso à saúde. Teleconsulta, telenutrição, telepsicologia e inúmeras outras “teles” derrubam barreiras geográficas e vencem obstáculos logísticos. São respostas com potencial poderoso para enfrentarmos os imensos desafios na área da saúde e que neste momento já delineiam a saúde do futuro.Ainda estamos numa curva de aprendizado, não só no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, mas também nos processos, comunicação e acesso à informação. A adoção do modelo de trabalho híbrido-digital permitiu avançar neste quesito, com a vantagem de ampliar o acesso a especialistas, por exemplo.Os profissionais estão cada vez mais cientes de que a telemedicina e outras tecnologias disponíveis nessa transformação digital podem lhes dar suporte à decisão médica, ao aperfeiçoamento do diagnóstico, à medicina de precisão, além de melhorar sua capacidade de gestão. Importante frisar, porém, que nenhuma tecnologia vai substituir o médico, mas, sim, ampliar as bases de uma atuação mais eficaz, deixando mais tempo para os profissionais cultivarem a relação humana, que é o mais importante.

Qual deve ser a prioridade na área da saúde no próximo governo?
Nos próximos cinco ou dez anos, devemos caminhar a passos largos rumo à prevenção, e não somente com foco no tratamento de doenças. Isso se dará por meio da educação em saúde, fortalecimento da importância da atenção primária e do cuidado integrado, que é a base, aliás, para um sistema de saúde mais sustentável.O futuro da saúde mira também terapias de última geração e cuidado personalizado, preventivo e produtivo, com o paciente mais ativo graças a informações adequadas. E passa, ainda, pela transformação digital no setor, com o uso da telemedicina e o emprego de big data, analytics inteligência artificial e internet das coisas.

O espaço oferece as seguintes especialidades médicas: fisiatria, cardiologia, medicina esportiva, endocrinologia, nutrologia, geriatria, reumatologia, médicos de dor, acupunturista, medicina do estilo de vida, ginecologia e especialistas em sono. Foram também criados programas de acompanhamento com planos semestrais e anuais, voltados à mudança do estilo de vida e saúde integral no esporte, além do checkup esportivo.

Capacitação

Idealizado para ser referência nacional e internacional em ciência e educação, o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein - Campus Cecília e Abram Szajman, também abriu as portas em São Paulo neste ano, simbolizando a concretização da missão histórica da Instituição de ser um polo de gera- ção e disseminação de conhecimento na área da saúde.

“Ele foi idealizado ainda na gestão de Claudio Lottenberg, meu antecessor na presidência do Einstein e atual presidente do LIDE Saúde, e nasceu com o intuito de favorecer a conexão e a colaboração entre áreas de Ensino e Pesquisa, e tem uma estrutura capaz de se adaptar a tecnologias que venham a ser desenvolvidas dentro desse ambiente dinâmico de educação e ciência”, afirma. “Com a qualidade dos nossos alunos, pesquisadores, docentes e outros profissionais, não tenho dúvidas de que exercitaremos cada vez mais nossa vocação para ser referência nacional e internacional nessas áreas”, completa Klajner.

O presidente do Einstein explica ainda que a formação dos profissionais para assistência e gestão em saúde, com vivências práticas e soluções pedagógicas de ponta, nos diferentes níveis de ensino, permite a formação de lideranças que aperfeiçoem não só organizações de saúde onde venham a atuar, mas o próprio sistema, em busca de uma maior equidade e em prol da sustentabilidade de todo o setor. “Atualmente formamos, além de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. A partir de 2023 também começarão as atividades das graduações de odontologia, administração e engenharia biomédica e para todos há possibilidade de bolsas de ensino, distribuídas por critérios socioeconômicos”.

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O Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein simboliza a concretização da missão histórica da instituição. (Foto: Divulgação)

Futuro

O sistema de saúde brasileiro é formado pelos setores público e suplementar. A avalição é que quando dois lados se unem numa interação virtuosa, como no caso do Einstein, quem sai ganhando são os brasileiros. Esse é um aspecto, inclusive, que a pandemia enfatizou: o poder das redes colaborativas, que, sem dúvidas, seguirá não só necessário, mas desejável.

“No Einstein, por exemplo, a ampliação do acesso à saúde se dá exatamente por meio da aplicação e gestão de recursos em unidades públicas. Como organização filantrópica, nossa governança está alinhada ao nosso propósito e à nossa visão de entregar vidas mais saudáveis, levando uma gota de Einstein para cada ser humano”, enfatiza a liderança. “Temos a missão de tornar a oferta em saúde mais acessível para a população. Somos parceiros da prefeitura de São Paulo há mais de 20 anos, a fim de colaborar com a saúde pública nas mais diversas dimensões, levando conhecimento, padrões, práticas e imprimindo iniciativas com os mesmos atributos de segurança, qualidade, eficiência, agilidade e custo-efetividade que pautam nossas atividades no âmbito privado. Isso vale também para nossa relação recém-estabelecida com a prefeitura de Aparecida de Goiânia. São interações com as quais aprendemos muito e, por meio das quais, temos muito a contribuir”, pontua o presidente da instituição.

Projeto Teleuti ganhará mais leitos

O Einstein ampliará, até 2023, sua oferta de leitos virtuais de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em todo o país. A organização passará dos 225 leitos vigentes para 537 leitos no próximo ano. Desses, mais de 80% (450 no total) serão dedicados a unidades públicas de saúde.