Alinhamento dos planetas, que já pode ser visível, só se repetirá daqui a quatro séculos
Todos os planetas do sistema solar vão estar visíveis no céu.
Fenômeno permite enxergar os planetas como se estivessem próximos um do outro. (Foto: Freepik)
Este é um ano em que as pessoas irão olhar várias vezes para o céu. O motivo são eclipses, chuva de meteoros, solstícios e equinócios. Mas o mais raro é o alinhamento dos planetas, que ocorre em fevereiro, quando será possível ver sete planetas. Roberto Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, destaca que desde o final de janeiro até o final de fevereiro ocorrerá um alinhamento planetário que estará no auge no dia 28 de fevereiro.
Mas o que significa isso? “Significa que os planetas vão estar todos como se fossem alinhados, ou seja, a gente olhando no céu, numa dada direção, vai ver todos os planetas como se estivessem próximos um do outro. Óbvio que eles só vão estar aparentemente próximos, já que eles estão a distâncias muito diferentes da Terra, mas vão estar na mesma linha divisada, então vai ser possível observá-los no céu, numa mesma direção. Isso vai chegar, no máximo, no dia 28 de fevereiro, mas mesmo agora, a partir do final de janeiro, já vai ser possível observá-los todos juntos.”
Todos os planetas do sistema solar vão estar visíveis no céu, sendo que Mercúrio apenas no final de fevereiro, mas agora já vai ser possível observar juntos no céu Marte, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno e, a partir do final de fevereiro, também Mercúrio. O alinhamento ocorre porque os planetas giram em torno do Sol com velocidades orbitais diferentes, alguns mais rápido, outros mais lentos. O especialista explica que “a Terra leva um ano para dar uma volta em torno do Sol. Júpiter, por exemplo, leva 12 anos, o que torna difícil ocorrer a coincidência de todos aparecerem numa mesma direção no céu”.
Em alguns eventos que ocorrem durante o dia, como eclipses, é necessário proteger os olhos, mas, no caso do alinhamento dos planetas, isso não será necessário.
“Não precisa nenhum equipamento, não precisa nada para ver, basta olhar o céu no lugar certo, na hora certa. Quem quiser ver o alinhamento deve olhar para o horizonte oeste, na direção do pôr do sol, já que os planetas vão estar visíveis no início da noite. Então, é preciso procurar um lugar que o horizonte oeste esteja desimpedido, que não tenha prédios, que não tenha árvores, que não tenha morros e obviamente numa noite limpa, boa”, arremata ele.
Sem influência sobre a Terra
Esse fenômeno, é bom que se frise, não tem qualquer influência sobre a Terra, e sobre esse aspecto Costa foi enfático: “Não, em hipótese nenhuma. O que regula a influência sobre a Terra são as forças de maré. As forças de maré são exercidas pela Lua e pelo Sol. Os planetas estão a distâncias muito, muito grandes e é absolutamente impossível que ocorram influências gravitacionais dos planetas sobre a Terra. Não tem influência nenhuma, é apenas um belo espetáculo para se admirar”.
Ele explica ainda que esse é um fenômeno raro, “porque é difícil que ocorra essa coincidência. Para os planetas se alinharem da mesma forma, no mesmo arranjo que estão agora, isso só vai acontecer daqui a mais ou menos quatro séculos, lá para o final do século 25. Então é um fenômeno difícil de ver”.
Ainda segundo o professor, outros fenômenos astronômicos ocorrerão ao longo deste ano, que também serão interessantes de ver. “Agora, no final de março, vai ocorrer um eclipse total da Lua; porém, ele só vai ser possível de ver aqui do Brasil no finalzinho da noite. Eclipses lunares ocorrem sempre na Lua Nova, quando a Lua estiver baixando já no horizonte oeste, no final da noite. Além disso, ocorrem os fenômenos periódicos. As máximas elongações, quando os planetas se afastam mais do Sol, vão ocorrer as chuvas de meteoros, os solstícios e os equinócios que marcam o início das estações do ano. Enfim, “o céu tem bastante coisas legais para a gente observar ao longo deste ano”.