Allan Finkel: A estratégia da Novo Nordisk no combate ao diabetes e à obesidade

Allan Finkel, presidente da Novo Nordisk na América Latina. (Foto: Divulgação)

Allan Finkel, presidente da Novo Nordisk na América Latina, está à frente de uma das maiores farmacêuticas globais, reconhecida por seus avanços no tratamento de diabetes e obesidade. Em entrevista ao Show Business, Allan destaca o papel estratégico do Brasil, os investimentos em pesquisa clínica e o impacto de medicamentos inovadores, como o Ozempic, no mercado. Além disso, compartilha sua visão sobre o futuro do setor farmacêutico e os desafios em combater doenças crônicas que afetam milhões de pessoas.

Qual a importância do Brasil nos negócios globais da Novo Nordisk?

O Brasil é uma das cinco maiores afiliadas da Novo Nordisk no mundo e a maior na América Latina. É também a sexta maior empresa farmacêutica do país, considerando as nacionais, e a segunda maior multinacional. Nossa fábrica em Montes Claros, por exemplo, é uma das mais modernas do mundo e produz 15% de toda a insulina mundial, além de exportar para 60 países.

O Ozempic se tornou um fenômeno global. Qual é a trajetória desse medicamento?

Allan: O Ozempic foi lançado em 2019 como um tratamento para diabetes tipo 2, baseado na molécula semaglutida. Durante os estudos, observou-se um efeito colateral: a perda de peso. Isso nos levou a desenvolver uma versão específica para obesidade, o Wegovy, lançado recentemente. Esses medicamentos têm sido cruciais para o crescimento da Novo Nordisk e no combate à epidemia de obesidade.

Show Business: Por que você considera a obesidade uma doença e como a Novo Nordisk atua nesse contexto?

Allan: A obesidade é uma doença crônica, associada a comorbidades graves como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares. No Brasil, 60% da população está acima do peso, e apenas 2% dos que precisam buscam tratamento medicamentoso. Nosso papel é conscientizar sobre a obesidade como uma doença tratável, embora não curável, e oferecer soluções inovadoras.

Show Business: A empresa também está envolvida em pesquisas sobre Alzheimer. O que pode nos contar?

Allan: Estamos conduzindo dois estudos com a semaglutida para Alzheimer, uma condição que hoje carece de tratamentos eficazes. Esperamos resultados entre 2025 e 2026. O Brasil é um dos principais centros de pesquisa clínica da Novo Nordisk, graças à sua diversidade e excelentes cientistas.

Show Business: Como a inteligência artificial tem contribuído no setor farmacêutico?

Allan: A IA está ajudando a reduzir o tempo e o custo no desenvolvimento de medicamentos, otimizando a seleção de moléculas e aumentando a assertividade nos tratamentos. Também utilizamos a IA para minimizar desperdícios na produção e personalizar a experiência de pacientes e médicos, algo que considero um sonho pessoal.

Show Business: O que significa “individualizar a experiência do paciente”?

Allan: Trata-se de entender as necessidades específicas de cada paciente e médico para oferecer soluções personalizadas, seja no tratamento, seja na comunicação. É uma abordagem centrada no paciente, que se alinha ao nosso lema de “amar a ideia por cinco minutos”, incentivando a inovação e a experimentação dentro da empresa.

Show Business: Como sua trajetória começou no setor farmacêutico?

Allan: Comecei como representante de vendas. Foi uma experiência valiosa, pois me ensinou a importância de conhecer profundamente o produto, o cliente e suas necessidades. Hoje, aplico esses aprendizados para inspirar minha equipe e manter nosso foco no paciente.

Show Business: Quais os próximos passos da Novo Nordisk?

Allan: Continuaremos investindo em pesquisas para diabetes, obesidade e doenças raras. Estamos desenvolvendo medicamentos mais eficazes, como insulinas de aplicação semanal e canetas inteligentes conectadas. Nosso objetivo é sempre beneficiar os pacientes, garantindo que cada funcionário saiba que impacta diretamente milhares de vidas.

Show Business: Allan, quais são suas maiores inspirações?

Allan: Inspiro-me nas pessoas, sejam líderes que me ensinaram ou familiares, como meus pais, que valorizaram a educação e a integridade, ou meus filhos, que me motivaram a aprender violão recentemente. Acredito que aprendemos tanto com exemplos positivos quanto com aqueles que nos desafiam.