Jorge Gerdau: a filosofia de liderança que moldou um império e um legado social

Empresário lança o livro A Busca, que reflete sobre valores, inovação e os desafios do Brasil.

jorge gerdauJorge Gerdau lança o livro A Busca, que reflete sobre valores, inovação e os desafios do Brasil. (Foto: Divulgação)

Jorge Gerdau Johannpeter, controlador da Gerdau, compartilhou sua trajetória à frente de uma das maiores siderúrgicas do mundo, além de seus pensamentos sobre liderança, educação e os entraves para a competitividade brasileira, em entrevista exclusiva ao Show Business, com apresentação de Bruno Meyer.

 Aos 87 anos, Gerdau apresenta reflexões de décadas de vivência empresarial, política e social, consolidadas em seu primeiro livro, A Busca. Confira a entrevista na íntegra.

O que o motivou a escrever o livro A Busca?

A motivação veio da vontade de construir um conceito filosófico sobre os valores que guiaram minha trajetória. O título reflete minha inquietação e curiosidade constantes, buscando sempre expandir conhecimento e explorar além do sucesso material.

Por que o título não foi “A Busca pela Excelência”?

Pensei nisso, mas “excelência” remete muito ao econômico. Minha busca é mais ampla, com foco em visão social e valores universais.

Como a Gerdau se tornou uma das maiores siderúrgicas do mundo?

Tudo começou como uma fábrica de pregos, mas minha família adotou uma filosofia de trabalho e poupança que permitiu avanços. A aquisição da Siderúrgica Rio Grandense foi um marco, promovendo autonomia de produção e possibilitando crescimento nacional e internacional.

Qual o segredo para uma empresa permanecer relevante por 120 anos?

É fruto de uma filosofia empresarial alinhada a valores familiares e à modernidade. Desde cedo, investimos em educação, inovação e abertura de capital, sempre conectados às demandas globais.

Quais são as maiores urgências do Brasil?

O Custo Brasil é uma barreira. Perde-se R$ 1,7 trilhão por ano devido a problemas tributários, logísticos e trabalhistas. Precisamos de mobilização entre empresários e Congresso para aprovar reformas estruturais, como a tributária, já adotada por outros países há décadas.

A indústria brasileira pode voltar a ser competitiva?

Sim, mas depende de modernização. Intramuros, nossas indústrias são eficientes, mas enfrentam um ambiente externo hostil, cheio de burocracia e custos elevados.

Qual o papel do esporte e da educação em sua vida e visão empresarial?

O esporte ensina liderança e resiliência. Introduzi o surf no sul do Brasil e pratiquei hipismo. Na educação, acredito na gestão moderna e na tecnologia para transformar o país, um esforço que começou com movimentos como o Todos pela Educação.

O que é ser um bom líder?

É mobilizar pessoas, ideias e recursos com paixão e propósito. Um CEO pode ser apenas gestor, mas o líder precisa inspirar.

Qual é o legado que deseja deixar?

Espero continuar a filosofia empresarial da família por gerações. Para o Brasil, minha maior luta é modernizar a estrutura política e econômica para promover justiça social e competitividade global.